domingo, janeiro 01, 2017

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Sem fogo de artifício não há Ano Novo...

                      

Começou

2017














Na minha terra, a cidade de Santarém onde vivo à quase meio século e à qual estou pessoalmente ligado por uma iniciativa começada em 1977, no auge da crise da habitação, com a vinda das colónias de muito mais de meio milhão de colonos, num processo idêntico ao que tinha acontecido em França, no tempo de De Gaulle, com os retornados da Argélia.

Nessa iniciativa, beneficiei ainda dos “vapores” da Revolução de 1974, a dos Cravos, como ficou conhecida, e que abriu a sociedade portuguesa ao contributo dos cidadãos em movimentos associativos, muitos inconsequentes, ou de consequências frustradas, mas que em Santarém correu bem e é com um certo orgulho, escondido, que hoje desço a Avenida do Hospital e do lado direito observo uma bela urbanização, ao todo mais de 400 fogos, que nasceram dessa minha iniciativa.

Pois, como é costume, antes da meia-noite, vim para a rua com a minha mulher assistir aos festejos da passagem do ano no Largo da Liberdade, espaço em frente do Tribunal, de onde foi a varrida a antiga avenida e os respectivos automóveis, para ficar, e muito bem, reservada aos cidadãos apeados, espaço de confraternização em dias e noites de festa como foi ontem.

Concordemos ou não mas a tradição das Festas da Passagem do Ano, por todo o lado, para além dos beijos e abraços, champanhe, passas e passinhas, votos e desejos, música e dança... é o Fogo de Artifício, aquele que no dia primeiro do Ano aparece como reportagem do que foram os festejos, de tal forma que sem fogo de artifício o Ano Velho recusar-se-ia a dar lugar ao Ano Novo...

Até a Coreia do Norte, aquele país governado por pessoas paranóicas, celebrou a passagem do Ano com fogo de artifício, é certo que o mais pirosozinho de quantos foram atirados para o ar nos restantes países do mundo, mas o neto do Grande Líder tem desculpa porque está a poupar para as bombas atómicas com que vai destruir todos os seus “inimigos”, mas a minha cidade de Santarém, que eu conheço bem e não lhe vejo semelhanças com a Coreia do Norte, presenteou os Escalabitanos com 5 (cinco) minutos de fogo de artifício do mais simples (zinho) que lá havia, tendo mesmo levado uma criança que estava ao meu lado, embevecida, como eu a olhar para o ar, a perguntar se desta vez havia direito a intervalo...

Não houve, tinha mesmo acabado... A minha neta que tinha ido com os pais para o Algarve protestou logo via telemóvel: - “Ó avô, o ano passado foram 10 minutos...”

Vou lembrar-me desta decepção nas próximas eleições autárquicas que são agora para breve: - o meu voto já leva, de certeza...!

Não se brinca com as tradições que devem, “religiosamente”, ser respeitadas em quantidade e, se for possível, também na qualidade.

“Roubar” metade do fogo de artifício que tradicionalmente é servido aos munícipes desta cidade, que é a “minha”, pela comemoração da Passagem do Ano, para além de uma decepção que ontem pude presenciar no rosto de todos aqueles que arriscaram sair de casa e vir à rua numa noite muito fria, para além de uma decepção, foi um atentado às nossas expectativas para o fim de ano e naquele que vai entrar... “não se faz! ...”

Salvou-se a barraca das “farturas” quentinhas e polvilhadas de açúcar e canela, de que eu, como guloso assumido, sou adepto.


Votos de Bom Ano para 2017 embora não tenha começado bem neste mundo meio louco por causa dessa nova “coqueluxe” que dá pelo nome de “actos de terrorismo” e mata pessoas inutilmente, desta vez em Istambul, parece, no pensamento dos seus mentores, para tentar mudar o mundo, ou melhor, a nossa forma de viver no mundo em liberdade e democracia.

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