Até já ... amigo!

Salvador Sobral

Ferreira Fernandes, meu companheiro na manhã de todos os dias, ao pequeno-almoço, no Diário de Notícias, ele escreve e eu leio, chamou-te de um rapaz especial e esta é, realmente, a palavra mais indicada para te designar: "especial".

Ganhaste o Concurso da Canção da Eurovisão e, com essa vitória, meteste em trabalhos e despesas a nossa RTP ao ter que organizar, agora ela, no próximo o ano, o referido Concurso.

Uma vitória improvável, quase "impossível" de acontecer mas tu, nessa tua maneira descontraída e desalinhada que esconde o drama da tua vida servida por um coração que não presta, presenteaste-nos, naquela tua voz afinadíssima, melodiosa e discreta, como a de todos os cantores que são pessoas especiais, com essa canção tão linda, obra também da tua irmã, constituindo um momento feliz das vossas e nossas vidas de que eu, na minha qualidade de português, me orgulho porque nos estavas a representar a todos. Da minha parte, obrigado.

- "Toma lá, Europa, sem macacadas, assoem-se a este guardanapo"... e ela assoou-se, aplaudi-a, deu-lhe a vitória!

Apareceste agora na televisão para te despedires de nós, dizer-nos "até já" pois vais emprestar o teu corpo aos médicos para ver se eles são capazes de o te devolverem em melhor estado.

Salvador, que terríveis os momentos que eu iria viver agora se fosse teu avô... mas nem é preciso sê-lo... Sou, por natureza, um optimista e por isso, também eu te digo "até já" mas, seja qual for o desfecho, a tua passagem por este mundo deixa-nos em dívida para contigo, pela tua personalidade, pela tua voz, pelas tuas canções.

Obrigado, Salvador!