sexta-feira, outubro 20, 2017

Finalmente ... a chuva.





















Parece que nunca mais vinha... um verão que teimava em jamais acabar, os lamentos pela falta de água, as imagens das barragens quase secas quando, finalmente, a chuva chegou, não em quantidades desmesuradas mas, pelo menos, já dá para a concentrar junto às valetas a reclamarem limpeza. 

A terra e a chuva parecem, às vezes,  amantes desavindos com dificuldades em se entenderem mas, no fundo, não passam um sem o outro e, não fossem esses atrasos, mais frequentes agora pela irregularidade do clima, dir-se-ia que eram os amantes perfeitos abençoados pelos homens e pela natureza, sequiosa quando ela já tarda.

A vida nas aldeias reproduz melhor essa relação que ali é mais íntima e condicionante. O bater dos pingos nas telhas de barro em formato de canudo, era a música que acompanhava a sopa ao jantar selando do ponto de vista musical os momentos sagrados da refeição.

Os donos das terras, cá em baixo, aguardam e suspiram aliviados quando, finalmente, ela chega para dar início ao ciclo da vida que será acompanhado com curiosidade interesseira pelos homens que lançaram à terra as sementes.

A chuva, agora, só interessa aos aldeões, os poucos que ainda vão à horta buscar as batatas e as couves, para os outros é-lhes indiferente. O mercado dá-lhes tudo, assim haja dinheiro.

Será que as nossa crianças conhecem a forma como se semeiam as batatas de que eles tanto gostam, fritinhas e ainda quentinhas?

Falem-lhes nos "olhinhos" das batatas e elas perguntarão, espantadas: - "mas ó pai, as batatas também têm olhos?"

Coisas destes tempos em que a maioria das crianças não tiveram a sorte que me coube a mim que reparti a minha infância pela cidade de Lisboa onde nasci, vivi, e estudei, e a aldeia dos meus avós paternos na qual passava as minhas férias e aprendia outras coisas vendo e conversando com os homens do campo com quem me entendia muito bem.

Não fosse isso e nunca me teria apercebido tão bem da importância da chuva..





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