Finalmente… Barack Obama
Não mais voltei ao tema Barack Obama porque, no fundo, estava convencido que a força do Partido Democrático no qual os Clinton são peças importantes, acabariam por se impor afastando do poder um político, que por mais brilhante que se apresentasse, era um desconhecido para a maioria do povo americano e ainda por cima mestiço numa sociedade com antecedentes raciais tão acentuados quanto recentes.
Por isso, quando naquela noite, já adiantada, das minhas férias em Fuengirola, frente à TV fiquei a saber pela Sky News que, finalmente, Hillary Clinton tinha saído da corrida e Obama iria ser nomeado candidato do Partido Democrático às eleições americanas, senti uma profunda e sincera alegria, desproporcionada até, se considerarmos que como cidadão de um pequeno país europeu aquela eleição nem sequer me dizia directamente respeito.
Mas a verdade é que em determinados momentos da vida dos países nós sentimo-nos seus cidadãos e eu nessa qualidade de americano do mundo, desejava uma vitória dos Democratas mas desejava ainda mais a de Obama porque a sua capacidade de sedução ultrapassou com facilidade o Atlântico e tanto quanto me apercebi muitos foram aqueles que deste lado se deixaram conquistar por ele.
A política também é paixão e quem não gosta de se deixar apaixonar? …é uma outra dimensão da nossa existência que implica riscos acrescidos, é verdade, mas que nos transporta a estados de alma que fora dela não existem.
No amor, na política, no desporto, na arte, na própria ciência, todos os seus grandes intérpretes e personagens podem ter essa capacidade para nos seduzirem e encantarem.
Hillary não defrontou outro candidato, ela confrontou-se, no dizer dos seus próprios assessores, com um fenómeno. A qualquer outro teria ganho com facilidade e, no entanto, os 20 pontos de vantagem iniciais não lhe foram suficientes para derrotar Obama.
Na boca de outro qualquer que não fosse a do falecido Luther King, a expressão “Ies We Can” teria soado a falso, a demagogia barata, simples fórmula publicitária para tentar vender qualquer coisa.
Contudo, no encadeado do discurso de Obama, na sua voz de barítono, na sequência cadenciada das suas palavras ditas sem recurso a textos escritos, essa expressão ganhou a força e a capacidade mobilizadora, especialmente da juventude, que o levaram à vitória.
Os seus dons de oratória, a sua capacidade de persuasão através da palavra só vieram demonstrar a importância da retórica no espaço público comprovando a razão que assistia a Platão e a Aristóteles quando, sobre essa importância, escreveram pilhas de livros como muito bem salientou João Miguel Tavares na sua crónica do Diário de Notícias.
Obama não é sedutor, nasceu sedutor e por isso a sua genuinidade servida por uma formação académica perfeitamente adequada à sua missão (2 Graduações, uma em Ciências Políticas e outra em Direito nas Universidades de Colúmbia e Harvard) e um passado exemplar de preocupação sincera com os problemas sociais.
O seu primeiro emprego, por opção sua, foi em Chicago, em 1985, como organizador de comunidade. O ordenado era de 13.000 dólares anuais incluindo as despesas para o automóvel o que o colocava no limiar da pobreza mas foi esse o trabalho que ele quis por se sentir especialmente motivado para o fazer.
Na entrevista para a sua admissão perguntaram-lhe qual era para ele o maior problema da sociedade ao que ele respondeu de imediato, a injustiça e, de imediato, também foi admitido.
Trabalhando para o Projecto de Comunidades em Desenvolvimento numa zona de Chicago muito difícil, atingida pelo desemprego ele mobilizou os residentes para promoverem mudanças nas suas vidas, fazendo loby para a criação de centros de emprego, para a construção de mais parques, para a retirada de amianto da casa das pessoas e era muito bom na resolução dos conflitos.
Loretta Augustine-Herron uma das fundadoras do projecto comunitário “mulheres com idade para ser mãe” com quem Obama trabalhou dizia a seu respeito que ele era “suave e directo e explicava as coisas de forma a não deixar ninguém ofendido”.
Yvone Loyde, mãe de 11 filhos disse que Obama os preparou para lidarem com os burocratas dizendo-lhes a quem se deviam dirigir e o que deviam dizer e estava lá tentando ajudar. “Quando se é dona de casa a vida toda e tudo o que se fez foi criar 11 filhos não se sabe muito do mundo exterior e ele ensinou-nos. E se algo ele não sabia ele descobria. «Deixe-me pesquisar a esse respeito» eram as suas palavras preferidas.”
Não sei o que mais me seduz em Obama se as suas qualidades oratórias se o profundo humanismo destes procedimentos.
Perguntaram a ambos os candidatos se aceitavam reunir-se sem condições prévias com os líderes do Irão, Síria, Venezuela, Cuba e Coreia do Norte.
Hillry deu a resposta convencional: “Primeiro enviaria representantes de alto nível para apalpar o terreno.”
Obama respondeu directamente que “sim, que o faria.”
Não quis mostrar-se como “um duro”e à primeira vista esta resposta parecia ter sido um enorme erro mas dias depois as sondagens demonstravam que a maioria dos votantes concordava com ele. Estava feita a ruptura com a ortodoxia e marcado um inovador programa de política externa.
Há políticos que ocultam as suas debilidades e pretendem parecer mais fortes do que são o que não acontece com Obama que aceita as suas vulnerabilidades qualidade esta que lhe permite contactar com toda a gente, especialmente os mais jovens.
Quando questionado dá sempre a impressão que, antes de falar, pensa um fracção de segundo mais do que o resto dos políticos e esse lapso de tempo poderá representar a diferença entre quem procura respostas dentro de si e quem as papagueia na ponta da língua.
Todas as dúvidas que me assaltavam quanto à nomeação de Obama como candidato pelo partido Democrata às eleições presidenciais desapareceram agora quanto à sua vitória final sobre o candidato Republicano porque o seu trajecto me parece, a partir daqui, perfeitamente imparável de acordo com os 6 pontos de vantagem que hoje mesmo foram divulgados.
Esta confiança na eleição de Obama para Presidente do E.U.A. abre-me uma esperança para o futuro porque vejo nele um homem providencial, não propriamente por ser um grande orador, que é mais importante para as vitórias eleitorais, ou pelas suas qualidades de inteligência, ou conhecimentos académicos.
È evidente que sem estas qualidades o seu percurso teria sido impossível mas o que mais me entusiasma em Obama é o seu carácter e a sua determinação a favor dos outros, especialmente daqueles que resolveu ajudar nos bairros problemáticos da cidade de Chicago e que estou certo, amanhã, serão os dos bairros problemáticos de todo o mundo.
Homens destes não costumam chegar às cúpulas do Poder e se isso vier a acontecer, como espero no dia 4 de Novembro próximo, não só me reconciliarei interiormente com a América, como lhe ficarei grato pelo exemplo de democracia do seu povo e especialmente da sua juventude.
E estou longe de estar sozinho neste sentir: logo depois da sua candidatura à Casa Branca está a gerar-se uma onda de optimismo e a imagem dos E.U. no estrangeiro está a melhorar de acordo com uma sondagem do Instituto Pew em 25 países e se os europeus votassem Obama receberia 52% e Mc Cain 15%.
Num mundo global tão complexo e problemático como aquele em que vivemos um homem pouco ou nada pode fazer mas…se esse homem for Obama e acumular com a Presidência dos E.U., talvez possa ajudar a melhorar as coisas, porque é no homem que é preciso ter fé!
Não mais voltei ao tema Barack Obama porque, no fundo, estava convencido que a força do Partido Democrático no qual os Clinton são peças importantes, acabariam por se impor afastando do poder um político, que por mais brilhante que se apresentasse, era um desconhecido para a maioria do povo americano e ainda por cima mestiço numa sociedade com antecedentes raciais tão acentuados quanto recentes.
Por isso, quando naquela noite, já adiantada, das minhas férias em Fuengirola, frente à TV fiquei a saber pela Sky News que, finalmente, Hillary Clinton tinha saído da corrida e Obama iria ser nomeado candidato do Partido Democrático às eleições americanas, senti uma profunda e sincera alegria, desproporcionada até, se considerarmos que como cidadão de um pequeno país europeu aquela eleição nem sequer me dizia directamente respeito.
Mas a verdade é que em determinados momentos da vida dos países nós sentimo-nos seus cidadãos e eu nessa qualidade de americano do mundo, desejava uma vitória dos Democratas mas desejava ainda mais a de Obama porque a sua capacidade de sedução ultrapassou com facilidade o Atlântico e tanto quanto me apercebi muitos foram aqueles que deste lado se deixaram conquistar por ele.
A política também é paixão e quem não gosta de se deixar apaixonar? …é uma outra dimensão da nossa existência que implica riscos acrescidos, é verdade, mas que nos transporta a estados de alma que fora dela não existem.
No amor, na política, no desporto, na arte, na própria ciência, todos os seus grandes intérpretes e personagens podem ter essa capacidade para nos seduzirem e encantarem.
Hillary não defrontou outro candidato, ela confrontou-se, no dizer dos seus próprios assessores, com um fenómeno. A qualquer outro teria ganho com facilidade e, no entanto, os 20 pontos de vantagem iniciais não lhe foram suficientes para derrotar Obama.
Na boca de outro qualquer que não fosse a do falecido Luther King, a expressão “Ies We Can” teria soado a falso, a demagogia barata, simples fórmula publicitária para tentar vender qualquer coisa.
Contudo, no encadeado do discurso de Obama, na sua voz de barítono, na sequência cadenciada das suas palavras ditas sem recurso a textos escritos, essa expressão ganhou a força e a capacidade mobilizadora, especialmente da juventude, que o levaram à vitória.
Os seus dons de oratória, a sua capacidade de persuasão através da palavra só vieram demonstrar a importância da retórica no espaço público comprovando a razão que assistia a Platão e a Aristóteles quando, sobre essa importância, escreveram pilhas de livros como muito bem salientou João Miguel Tavares na sua crónica do Diário de Notícias.
Obama não é sedutor, nasceu sedutor e por isso a sua genuinidade servida por uma formação académica perfeitamente adequada à sua missão (2 Graduações, uma em Ciências Políticas e outra em Direito nas Universidades de Colúmbia e Harvard) e um passado exemplar de preocupação sincera com os problemas sociais.
O seu primeiro emprego, por opção sua, foi em Chicago, em 1985, como organizador de comunidade. O ordenado era de 13.000 dólares anuais incluindo as despesas para o automóvel o que o colocava no limiar da pobreza mas foi esse o trabalho que ele quis por se sentir especialmente motivado para o fazer.
Na entrevista para a sua admissão perguntaram-lhe qual era para ele o maior problema da sociedade ao que ele respondeu de imediato, a injustiça e, de imediato, também foi admitido.
Trabalhando para o Projecto de Comunidades em Desenvolvimento numa zona de Chicago muito difícil, atingida pelo desemprego ele mobilizou os residentes para promoverem mudanças nas suas vidas, fazendo loby para a criação de centros de emprego, para a construção de mais parques, para a retirada de amianto da casa das pessoas e era muito bom na resolução dos conflitos.
Loretta Augustine-Herron uma das fundadoras do projecto comunitário “mulheres com idade para ser mãe” com quem Obama trabalhou dizia a seu respeito que ele era “suave e directo e explicava as coisas de forma a não deixar ninguém ofendido”.
Yvone Loyde, mãe de 11 filhos disse que Obama os preparou para lidarem com os burocratas dizendo-lhes a quem se deviam dirigir e o que deviam dizer e estava lá tentando ajudar. “Quando se é dona de casa a vida toda e tudo o que se fez foi criar 11 filhos não se sabe muito do mundo exterior e ele ensinou-nos. E se algo ele não sabia ele descobria. «Deixe-me pesquisar a esse respeito» eram as suas palavras preferidas.”
Não sei o que mais me seduz em Obama se as suas qualidades oratórias se o profundo humanismo destes procedimentos.
Perguntaram a ambos os candidatos se aceitavam reunir-se sem condições prévias com os líderes do Irão, Síria, Venezuela, Cuba e Coreia do Norte.
Hillry deu a resposta convencional: “Primeiro enviaria representantes de alto nível para apalpar o terreno.”
Obama respondeu directamente que “sim, que o faria.”
Não quis mostrar-se como “um duro”e à primeira vista esta resposta parecia ter sido um enorme erro mas dias depois as sondagens demonstravam que a maioria dos votantes concordava com ele. Estava feita a ruptura com a ortodoxia e marcado um inovador programa de política externa.
Há políticos que ocultam as suas debilidades e pretendem parecer mais fortes do que são o que não acontece com Obama que aceita as suas vulnerabilidades qualidade esta que lhe permite contactar com toda a gente, especialmente os mais jovens.
Quando questionado dá sempre a impressão que, antes de falar, pensa um fracção de segundo mais do que o resto dos políticos e esse lapso de tempo poderá representar a diferença entre quem procura respostas dentro de si e quem as papagueia na ponta da língua.
Todas as dúvidas que me assaltavam quanto à nomeação de Obama como candidato pelo partido Democrata às eleições presidenciais desapareceram agora quanto à sua vitória final sobre o candidato Republicano porque o seu trajecto me parece, a partir daqui, perfeitamente imparável de acordo com os 6 pontos de vantagem que hoje mesmo foram divulgados.
Esta confiança na eleição de Obama para Presidente do E.U.A. abre-me uma esperança para o futuro porque vejo nele um homem providencial, não propriamente por ser um grande orador, que é mais importante para as vitórias eleitorais, ou pelas suas qualidades de inteligência, ou conhecimentos académicos.
È evidente que sem estas qualidades o seu percurso teria sido impossível mas o que mais me entusiasma em Obama é o seu carácter e a sua determinação a favor dos outros, especialmente daqueles que resolveu ajudar nos bairros problemáticos da cidade de Chicago e que estou certo, amanhã, serão os dos bairros problemáticos de todo o mundo.
Homens destes não costumam chegar às cúpulas do Poder e se isso vier a acontecer, como espero no dia 4 de Novembro próximo, não só me reconciliarei interiormente com a América, como lhe ficarei grato pelo exemplo de democracia do seu povo e especialmente da sua juventude.
E estou longe de estar sozinho neste sentir: logo depois da sua candidatura à Casa Branca está a gerar-se uma onda de optimismo e a imagem dos E.U. no estrangeiro está a melhorar de acordo com uma sondagem do Instituto Pew em 25 países e se os europeus votassem Obama receberia 52% e Mc Cain 15%.
Num mundo global tão complexo e problemático como aquele em que vivemos um homem pouco ou nada pode fazer mas…se esse homem for Obama e acumular com a Presidência dos E.U., talvez possa ajudar a melhorar as coisas, porque é no homem que é preciso ter fé!
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