quinta-feira, novembro 13, 2008


JULGAMENTO DE JOHN TOMHAS SCOPES






Em 1925, John T. Scopes, que era professor em Dayton, no Tennessee, foi julgado por ter infringido a Butler Act que proibia o ensino da Teoria da Evolução naquele Estado.

Acima de tudo, o julgamento de Scoppes, que ficaria conhecido por “Scopes Monkey Tryal”, foi um duelo entre o velho mundo e o novo mundo, entre duas formas de pensar: uma preocupada com a preservação de certos valores e outra que se questionava sobre esses mesmos valores e tentava encontrar outros.

Quem iria dominar a cultura na América, os tradicionalistas ou os modernistas?

No meio estava o desgraçado professor que numa aula cometeu o grave erro de falar nas teorias de Charles Darwin…

John T. Scopes viria a ser condenado tendo recorrido da sentença em 1927 para o Tribunal Supremo de Tennessee que revogou a sentença a Scopes mas considerou Constitucional a Butler Act a qual, só viria a ser retirada da Lei do Estado do Tennessee, em 1967.

Quase um século depois deste julgamento, e apesar de todos os avanços registados na ciência, a cadeira da Sala Oval da Casa Branca é ainda, felizmente com data marcada para a deixar, ocupada por um homem que não acredita na Teoria da Evolução…

Os defensores do Criacionismo florescem na América conservadora ganhando terreno e um exemplo vem do Estado do Kansas, fortemente Republicano, onde os democratas só ganharam uma vez, em 1964, com Lyndon Johnson.

Neste Estado, como o Supremo Tribunal proibira o Criacionismo de entrar para os “curriculus” académicos como ciência, em 1999, um Conselho de Educação, conservador, elaborou uma nova estratégia: já que o Criacionismo não conseguia bases científicas para se afirmar como matéria curricular, surgiram com a Teoria do “desígnio inteligente” que se baseava na concepção de que “um mundo tão complexo e bem ordenado só poderia ser o resultado de uma causa inteligente…”

Este Conselho de Educação pediu a uma comissão de educadores recomendações para a actualização dos parâmetros científicos do ensino e para separarem definitivamente ciência de religião, que dessem uma definição de ciência.

Foram então apresentadas duas propostas antagónicas:

- Uma, apoiada pela maioria, propõe a manutenção dos actuais padrões que abraçam a Teoria da Evolução e que define ciência como “uma actividade humana de pesquisa sistemática de explicações naturais para o que se observa no mundo à nossa volta”;

- Para a outra, dos defensores do “desígnio inteligente”, a ciência “é um método sistemático de investigação contínua que usa a observação, experimentação, mensuração, construção de teorias, testes de ideias e argumentos lógicos que levem a melhores explicações dos fenómenos naturais”;

O Conselho aceitou as duas propostas…

Actualmente, a Teoria da Evolução não é, naquele Estado, disciplina obrigatória mas apenas de opção e para fazerem desaparecer a Teoria da Evolução, as escolas vão ser desencorajadas a ensinar botânica, anatomia e fisiologia.

Segundo os parâmetros vigentes, os alunos do 8º ao 12º Anos devem aprender seis pontos sobre os organismos vivos incluindo a biologia básica de animais e plantas.

As novas propostas reduzem para dois pontos: o conhecimento geral de como os organismos são classificados e as principais diferenças estruturais entre eles.

Em Portugal, que nestas coisas da estupidez tem sempre uns elementos que não gostam de ficar atrás, o Criacionismo dá também os primeiros passos com um Museu que contesta a Teoria da Evolução e que vai nascer em Mafra…a data da informação é Março do ano passado, portanto, talvez até já tenha nascido.

E assim vai o mundo, às arrecuas… afinal o julgamento de Galileu com sentença em 22 de Junho de 1633 ainda não terminou e, pelos vistos, jamais terminará.

Agora, porém, ficará adiado ou pelo menos não terá a impulsioná-lo um Presidente dos EUA adepto do Criacionismo.

Barack Obama fez, em tempo de campanha, um discurso notável sobre qual deveria ser a atitude certa de um Presidente sobre religião.

O vídeo desse discurso passámo-lo aqui legendado em 16 de Outubro… podem recordá-lo.

Ficamos sob a ameaça da Srª Pallin, adepta e militante do Criacionismo que não terá dúvidas, se depender só dela, em envolver o mundo numa guerra porque… Deus quis.

…. Como dizia a minha avozinha: “Cruzes canhoto eu te esconjuro”.




P.S. –
Na imagem que encima este texto temos uma foto desse julgamento, do The New York Times na qual, ao centro, está o Sr. William Jennings Bryan, um presbiteriano devoto que era a voz da acusação.

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