TIETA DO AGRESTE
EPISÓDIO Nº 188
ONDE, NESTA ALTURA DA NARRATIVA, APRESENTA – SE PERSONAGEM NOVA, MAIS UMA PUTA, POR SINAL, NUM LIVRO EM QUE JÁ EXISTEM TANTAS
Na mesma hora em que Tieta estende-se nua na cama para esperá-lo a dormir, Ricardo por entre a fumaça do incenso, vê pela primeira vez Maria Imaculada e leva um susto, Muito moça, ainda menina, não deve passar dos quinze anos. Vestido de organdi azul-celeste, branca flor nos cabelos crespos, jasmim-do-cabo, cheia de corpo, os olhos duas brasas, a boca a sorrir. A sorrir para ele.
Durante a cerimónia festiva do Te Deum, muito do agrado do seminarista devido à pompa e ao júbilo das vestes e dos cânticos. Ricardo sentira-se cercado pela admiração e pela cobiça de pelo menos três mulheres, todas lhe parecendo de interesse. Próximas do altar, uma na primeira fila da direita, outra na primeira fila da esquerda, Cinira e dona Edna.
Na primeira fila da direita e nos limites do barricão das vitalinas, sentada no banco, Cinira revira os olhos, abre a boca súplice e ameaça desmaiar ante a visão divina, quando ele se adianta portando o incensório. Na primeira fila da esquerda, ajoelhada no pequeno e baixo genuflexório, ao pé de Terto que não parece ser mas é seu marido de papel passado, dona Edna, magra e nervosa mas não a desprezível bruaca das injúrias de Tieta, os olhos de verruma, morde os lábios, arrisca acenos. Ah!, se pudesse pegá-lo num canto da sacristia e cobri-lo de beijos! Ricardo atravessa em frente do altar, detém-se à direita e à esquerda, ante a semivirgem e a adúltera, na direcção e na intenção de uma e de outra e lhes envia o aroma do incenso, quase uma mensagem.
Gostava de poder atravessar a nave e chegar aos últimos bancos, num dos quais, contrita e recatada, Carol, os olhos postos no altar, segue cada passo, cada gesto do altivo coroinha.
Tendo Modesto Pires voltado para Mangue Seco, para o seio da família, ela necessita ser duplamente discreta, vigiada que é pela população, amásia do ricalhaço. Não podendo ir até onde Carol se encontra, Ricardo ergue bem ao alto o incensório e o agita no ar a fitá-la sorrindo, oferecendo-lhe olorosa nuvem de fumaça branca. Percebe ela a significação do gesto? Provavelmente, pois baixa os olhos e coloca a mão aberta sobre o coração, comprimindo o seio arfante.
Ricardo percorre com os olhos a nave da Matriz completamente cheia. Quantidade de mulheres sentadas ou ajoelhadas. Ao fundo, de pé, os homens exibindo roupas domingueiras, à excepção de uns poucos maridos mais ciosos e devotos, postados próximo das esposas; Terto, por exemplo, que assim prova aos incrédulos ser o feliz consorte da apetitosa dona Edna. Em face do altar, Perpétua e Peto ajoelhados lado a lado em vistosos genuflexórios que exibem placa de metal com o nome dos proprietários: dona Perpétua Esteves Batista e Major Cupertino Batista, para que neles não se dobrem joelhos estranhos e indignos. Nem a honra de substituir o pai comove Peto, fazendo-o contrito e satisfeito. Queria estar entre os homens, ao fundo ou, melhor ainda, no átrio animado de comentários, Aminthas destilando veneno. Osnar alardeando patifarias.
Na mesma hora em que Tieta estende-se nua na cama para esperá-lo a dormir, Ricardo por entre a fumaça do incenso, vê pela primeira vez Maria Imaculada e leva um susto, Muito moça, ainda menina, não deve passar dos quinze anos. Vestido de organdi azul-celeste, branca flor nos cabelos crespos, jasmim-do-cabo, cheia de corpo, os olhos duas brasas, a boca a sorrir. A sorrir para ele.
Durante a cerimónia festiva do Te Deum, muito do agrado do seminarista devido à pompa e ao júbilo das vestes e dos cânticos. Ricardo sentira-se cercado pela admiração e pela cobiça de pelo menos três mulheres, todas lhe parecendo de interesse. Próximas do altar, uma na primeira fila da direita, outra na primeira fila da esquerda, Cinira e dona Edna.
Na primeira fila da direita e nos limites do barricão das vitalinas, sentada no banco, Cinira revira os olhos, abre a boca súplice e ameaça desmaiar ante a visão divina, quando ele se adianta portando o incensório. Na primeira fila da esquerda, ajoelhada no pequeno e baixo genuflexório, ao pé de Terto que não parece ser mas é seu marido de papel passado, dona Edna, magra e nervosa mas não a desprezível bruaca das injúrias de Tieta, os olhos de verruma, morde os lábios, arrisca acenos. Ah!, se pudesse pegá-lo num canto da sacristia e cobri-lo de beijos! Ricardo atravessa em frente do altar, detém-se à direita e à esquerda, ante a semivirgem e a adúltera, na direcção e na intenção de uma e de outra e lhes envia o aroma do incenso, quase uma mensagem.
Gostava de poder atravessar a nave e chegar aos últimos bancos, num dos quais, contrita e recatada, Carol, os olhos postos no altar, segue cada passo, cada gesto do altivo coroinha.
Tendo Modesto Pires voltado para Mangue Seco, para o seio da família, ela necessita ser duplamente discreta, vigiada que é pela população, amásia do ricalhaço. Não podendo ir até onde Carol se encontra, Ricardo ergue bem ao alto o incensório e o agita no ar a fitá-la sorrindo, oferecendo-lhe olorosa nuvem de fumaça branca. Percebe ela a significação do gesto? Provavelmente, pois baixa os olhos e coloca a mão aberta sobre o coração, comprimindo o seio arfante.
Ricardo percorre com os olhos a nave da Matriz completamente cheia. Quantidade de mulheres sentadas ou ajoelhadas. Ao fundo, de pé, os homens exibindo roupas domingueiras, à excepção de uns poucos maridos mais ciosos e devotos, postados próximo das esposas; Terto, por exemplo, que assim prova aos incrédulos ser o feliz consorte da apetitosa dona Edna. Em face do altar, Perpétua e Peto ajoelhados lado a lado em vistosos genuflexórios que exibem placa de metal com o nome dos proprietários: dona Perpétua Esteves Batista e Major Cupertino Batista, para que neles não se dobrem joelhos estranhos e indignos. Nem a honra de substituir o pai comove Peto, fazendo-o contrito e satisfeito. Queria estar entre os homens, ao fundo ou, melhor ainda, no átrio animado de comentários, Aminthas destilando veneno. Osnar alardeando patifarias.
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