CIDADES SUBTERRÂNEAS DA CAPADÓCIA
Havia dois locais da Europa que eu desejava profundamente visitar:
- As ruínas de Pompeia e as Cidades Subterrâneas da Capadócia.
È verdade que hoje, pela Internet, podemos facilmente conhecer e obter informações dos mais variados, distantes e exóticos locais do mundo mas nada substitui o que apreendemos e sentimos através dos nossos próprios sentidos, com a nossa presença, ouvindo pessoas habilitadas desses lugares.
Tinha-me acontecido na visita a Pompeia e voltou a acontecer agora na Capadócia. Estes lugares assistiram ao surgimento da nossa cultura, pessoas que conhecemos da história e da religião pisaram aquelas pedras e quase que é possível, fechando os olhos, num esforço de imaginação, vê-los passeando nas suas vestes de então, acompanhados dos seus familiares e escravos (ruinas da cidade Efeso) quais fantasmas trazidos até nós numa cápsula do tempo.
São locais que nos “esmagam”, berços da cultura, terras das nossas raízes. A nossa vida não começou quando nascemos, a herança que recebemos foi aquela que eles criaram, eles são os nossos verdadeiros avós. Nós, apenas mais um elo da corrente de gerações que foram acrescentando mais"coisas" e nos trouxe até aos dias de hoje.
A geologia marca a história da vida dos povos. No caso concreto das Cidades Subterrâneas da Capadócia, foram os vulcões que terminaram a sua actividade há cinco milhões de anos que despejaram naquela zona central da Anatólia mais de cem metros de altura de cinzas seguidas de lava, o basalto.
Este, pressionando com o seu peso as cinzas que ficaram por baixo, tufo, neste caso vulcânico, transformou-as em rochas facilmente perfuráveis que, naturalmente, foram desde sempre aproveitadas pelos homens que viveram naquelas paragens para escavarem nelas cavernas, abrigos, primeiro para se defenderem dos animais selvagens e em simultâneo de vizinhos hostis.
O surpreendente é que esses abrigos se tenham transformado em autênticas cidades onde viviam milhares de pessoas - a que me foi mostrada albergaria três mil pessoas - e onde nada faltava, com um grau de segurança total pois as pedras em forma de mó que fechavam as entradas eram inexpugnáveis e a agua era obtida através de poços que chegavam aos lençóis freáticos subjacentes.
Deslocarmo-nos através daqueles corredores baixos e estreitos (alguns turistas, principalmente oriundos da europa central, com os seus enormes corpanzis não conseguem passar) e ir descendo aos vários pisos até trinta metros de profundidade (outras cidades maiores vão até oitenta metros), passando por compartimentos, menores ou maiores (para mim seriam todos muito pequeninos) onde toda a vida se processava: vi as pedras de moer cereal, prensas onde esmagavam as uvas para vinho, lojas de alimentos, cozinhas com sistemas de dispersão de fumos para que não fossem notadas do exterior, estábulos, igrejas, poços de ventilação que permitiam que todos os níveis da cidade fossem igualmente arejados e dotados com uma temperatura a rondar os 13 graus, independentemente da que faria no exterior, numa obra de engenharia que deixa de boca aberta os nossos técnicos de hoje.
A maior destas cidades albergaria 100.000 habitantes e estava ligada por um túnel com oito quilómetros a outra cidade.
Atendendo à dimensão, profundidade e complexidade destas cidades os especialistas consideram que a sua construção terá demorado milénios e o início reportar-se-ia a povos primitivos – há cerca de 9.000 anos e abandonadas no séc. VIII - que as foram deixando (é uma forma dizer) para que as gerações seguintes as aumentassem em dimensão e complexidade.
As portas de entrada eram várias – foram descobertas mais de seiscentas - e esculpidas numa roda em pedra mais dura o que faz pressupor que havia uma preocupação defensiva nessas cidades.
Declarada como Património Mundial da Humanidade, as Cidades Subterrâneas da Capadócia constituem a mais engenhosa obra de engenharia dos povos antigos atingindo completamente, durante milénios, os seus objectivos de servirem para a defesa contra o frio, animais selvagens ou povos inimigos.
Ter tido a oportunidade de visitá-los constituiu para mim um grande privilégio.
- As ruínas de Pompeia e as Cidades Subterrâneas da Capadócia.
È verdade que hoje, pela Internet, podemos facilmente conhecer e obter informações dos mais variados, distantes e exóticos locais do mundo mas nada substitui o que apreendemos e sentimos através dos nossos próprios sentidos, com a nossa presença, ouvindo pessoas habilitadas desses lugares.
Tinha-me acontecido na visita a Pompeia e voltou a acontecer agora na Capadócia. Estes lugares assistiram ao surgimento da nossa cultura, pessoas que conhecemos da história e da religião pisaram aquelas pedras e quase que é possível, fechando os olhos, num esforço de imaginação, vê-los passeando nas suas vestes de então, acompanhados dos seus familiares e escravos (ruinas da cidade Efeso) quais fantasmas trazidos até nós numa cápsula do tempo.
São locais que nos “esmagam”, berços da cultura, terras das nossas raízes. A nossa vida não começou quando nascemos, a herança que recebemos foi aquela que eles criaram, eles são os nossos verdadeiros avós. Nós, apenas mais um elo da corrente de gerações que foram acrescentando mais"coisas" e nos trouxe até aos dias de hoje.
A geologia marca a história da vida dos povos. No caso concreto das Cidades Subterrâneas da Capadócia, foram os vulcões que terminaram a sua actividade há cinco milhões de anos que despejaram naquela zona central da Anatólia mais de cem metros de altura de cinzas seguidas de lava, o basalto.
Este, pressionando com o seu peso as cinzas que ficaram por baixo, tufo, neste caso vulcânico, transformou-as em rochas facilmente perfuráveis que, naturalmente, foram desde sempre aproveitadas pelos homens que viveram naquelas paragens para escavarem nelas cavernas, abrigos, primeiro para se defenderem dos animais selvagens e em simultâneo de vizinhos hostis.
O surpreendente é que esses abrigos se tenham transformado em autênticas cidades onde viviam milhares de pessoas - a que me foi mostrada albergaria três mil pessoas - e onde nada faltava, com um grau de segurança total pois as pedras em forma de mó que fechavam as entradas eram inexpugnáveis e a agua era obtida através de poços que chegavam aos lençóis freáticos subjacentes.
Deslocarmo-nos através daqueles corredores baixos e estreitos (alguns turistas, principalmente oriundos da europa central, com os seus enormes corpanzis não conseguem passar) e ir descendo aos vários pisos até trinta metros de profundidade (outras cidades maiores vão até oitenta metros), passando por compartimentos, menores ou maiores (para mim seriam todos muito pequeninos) onde toda a vida se processava: vi as pedras de moer cereal, prensas onde esmagavam as uvas para vinho, lojas de alimentos, cozinhas com sistemas de dispersão de fumos para que não fossem notadas do exterior, estábulos, igrejas, poços de ventilação que permitiam que todos os níveis da cidade fossem igualmente arejados e dotados com uma temperatura a rondar os 13 graus, independentemente da que faria no exterior, numa obra de engenharia que deixa de boca aberta os nossos técnicos de hoje.
A maior destas cidades albergaria 100.000 habitantes e estava ligada por um túnel com oito quilómetros a outra cidade.
Atendendo à dimensão, profundidade e complexidade destas cidades os especialistas consideram que a sua construção terá demorado milénios e o início reportar-se-ia a povos primitivos – há cerca de 9.000 anos e abandonadas no séc. VIII - que as foram deixando (é uma forma dizer) para que as gerações seguintes as aumentassem em dimensão e complexidade.
As portas de entrada eram várias – foram descobertas mais de seiscentas - e esculpidas numa roda em pedra mais dura o que faz pressupor que havia uma preocupação defensiva nessas cidades.
Declarada como Património Mundial da Humanidade, as Cidades Subterrâneas da Capadócia constituem a mais engenhosa obra de engenharia dos povos antigos atingindo completamente, durante milénios, os seus objectivos de servirem para a defesa contra o frio, animais selvagens ou povos inimigos.
Ter tido a oportunidade de visitá-los constituiu para mim um grande privilégio.
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