terça-feira, janeiro 26, 2010


AS ORIGENS


DA POPULAÇÃO


BRASILEIRA




(“O Património Genético Português” – A história humana preservada nos genes – de Luísa Pereira, bióloga doutorada em genética populacional e Filipa Ribeiro licenciada em jornalismo)



O Brasil tem uma das populações mais heterogéneas do mundo por ter recebido contribuições dos grandes grupos populacionais: ameríndios nativos, colonizadores europeus (principalmente portugueses) e escravos africanos.

Na altura em que os portugueses chegaram ao Brasil, os ameríndios totalizavam 2,5 milhões de indivíduos, enquanto os portugueses eram apenas 1.500. O cruzamento entre o homem português e mulher ameríndia começou imediatamente, sendo frequente, e mesmo encorajado, após o terramoto de 1755, como medida para o crescimento populacional e a ocupação do país.

Se, por um lado, ocorreu esta diluição de linhagens ameríndias, maioritariamente femininas, na recém miscigenada população brasileira, por outro, as tribos ameríndias sofreram drásticos declínios devido a conflitos e doenças.

Recorde-se, por exemplo, que a epidemia de disenteria combinada com a gripe, em 1560, foi tão destrutiva como a varicela, em 1520 no México e no Caribe. Actualmente essas tribos reduzem-se a 326.000 indivíduos.

Os judeus perseguidos em Portugal também começaram a procurar refúgio no Brasil e, na impossibilidade de levarem as suas mulheres, cruzavam-se com as mulheres nativas, originando uma geração híbrida, os mamelucos, que ajudaram a alargar a influência portuguesa. De realçar que a palavra “mameluco” vem do árabe e designava os escravos que serviam como pajens, criados e soldados dos califas muçulmanos do Império Otomano; o termo pegou na América do Sul nos séculos XVII e XVIII, referindo-se a grupos de portugueses miscigenados ou não, que eram caçadores de escravos.

Normalmente, quando se fala nas origens da população brasileira, só nos lembramos de recuar até ao séc. XVI mas estudos recentes revelam a existência nas regiões do norte e centro, Amazónia, restos de complexos habitacionais semelhantes, em dimensão, às “polis” da Antiga Grécia.

Estas cidades, datadas de cerca de 1500, foram depois cobertas pela vegetação mas eram mais complexas em termos de planeamento do que as cidades europeias da mesma altura. A maior cidade deste complexo tecido urbano data de 1250 a 1650. O colapso surgiu por força das doenças resultantes dos contactos com os europeus que terá sido a causa provável da morte da maioria dos habitantes.

Os escravos africanos começaram a ser transportados para o Brasil a partir da segunda metade do século XVI para trabalharem nas plantações da cana do açúcar e, mais tarde, nas minas de ouro e diamantes e nas plantações de café.

Alguns dados históricos apontam para que, entre 1551 e 1850 teriam entrado no Brasil 8,5 milhões de subsarianos.

Quanto à emigração europeia para o Brasil, estima-se que entre 1508 e 1808 chegaram 500.000 portugueses. A partir desta data os portos brasileiros foram legalmente abertos e começaram a chegar emigrantes de outras paragens, tais como Itália, Espanha e Alemanha, embora os portugueses continuassem a ser maioritários.

Já no século XX, começou a emigração asiática, especialmente do Japão mas também da Líbia e da Síria.

Resumindo:

- Entre 1500 e 1972, 58% dos emigrantes chegados ao Brasil eram europeus, 40% subsarianos e 2% asiáticos.


(continua)

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