quinta-feira, março 18, 2010

GERIR A RAIVA...



Por vezes, quando se tem um mau dia e precisamos de o descarregar em alguém, não o faça em alguém seu conhecido.

Descarregue em alguém que NÃO conheça.

Estava sentado à minha secretária, quando me lembrei de um telefonema que tinha de fazer.

Encontrei o número e marquei-o.

Respondeu um homem que disse: -"Está?"

Educadamente respondi-lhe: -"Estou! Sou o Luís Alves. Posso falar com a Sra. Ana Marques, por favor?"

Ficou com uma voz transtornada e gritou-me aos ouvidos: - Vê lá se arranjas a merda do número certo, ó filho da puta!" e desligou o telefone.

Nem queria acreditar que alguém pudesse ser tão mal educado por causa de uma coisa destas. Quando consegui ligar à Ana, reparei que tinha acidentalmente transposto os dois últimos dígitos.

Decidi voltar a ligar para o número "errado" e, quando o mesmo tipo atendeu, gritei-lhe: "És um grande paneleiro!" e desliguei. Escrevi o número dele juntamente com a palavra "paneleiro" e guardei-o.

De vez em quando, sempre que tinha umas contas chatas para pagar ou um dia mesmo mau, telefonava-lhe e gritava-lhe: - és um grande paneleiro!" - Isso animava-me!

Quando surgiu a identificação de chamadas, pensei que o meu
terapêutico telefonema do "paneleiro" iria acabar. Por isso,
liguei-lhe e disse: - "Boa tarde. Daqui fala da PT.

Estamos a ligar-lhe para saber se conhece o nosso serviço de
identificação de chamadas.

Ele disse -"NÃO" -e bateu o telefone.

De seguida liguei-lhe, e disse: "Não sabes, porque és um grande paneleiro!"

Uma vez, estava no parque do Centro Comercial e, quando me preparava para estacionar num lugar livre, um tipo num BMW cortou-me o caminho e estacionou no lugar que eu tinha estado à espera que vagasse.

Buzinei-lhe e disse-lhe que estava ali primeiro à espera daquele lugar, mas ele ignorou-me.

Reparei que tinha um letreiro "Vende-se" no vidro de trás do carro, e tomei nota do número de telefone que lá estava.

Uns dias mais tarde, depois de ligar ao primeiro paneleiro, pensei que era melhor telefonar também para o paneleiro do BMW.

Perguntei-lhe: "É o senhor que tem um BMW preto à venda?"

"Sim", disse ele.

"E onde é que o posso ver?", perguntei.

"Pode vir vê-lo a minha casa, aqui na Rua da Descobertas, 36. É uma casa amarela e o carro está estacionado mesmo à frente."

"E o senhor chama-se?." perguntei.

"O meu nome é Alberto Palma", disse ele.

"E a que horas está disponível para mostrar o carro?"

"Estou em casa todos os dias depois das cinco."

"Ouça, Alberto, posso dizer-lhe uma coisa?"

"Diga!"

"És um grande paneleiro!", e desliguei o telefone. Agora, sempre que tinha um problema, tinha dois "paneleiros" a quem telefonar.

Tive, então, uma ideia. Telefonei ao paneleiro Nº 1.

"Está?"

"És um paneleiro!" (mas não desliguei)

"Ainda estás aí?" ele perguntou.

"Sim", disse-lhe.

"Deixa de me telefonar!" gritou.

"Impede-me", disse eu.

"Quem és tu?" perguntou.

"Chamo-me Alberto Palma", respondi.

"Ah sim? E onde é que moras?"

"Moro na Rua da Descobertas, 36, tenho o meu BM preto mesmo em frente, ó paneleiro. Porquê?

"Vou já aí, Alberto. É melhor começares a rezar", disse ele.

"Estou mesmo cheio de medo de ti, ó paneleiro!" e desliguei.

A seguir, liguei ao paneleiro Nº 2.

"Está?"

"Olá, paneleiro!", disse eu.

Ele gritou-me: "Se descubro quem tu és..."

"Fazes o quê?" perguntei-lhe.

"Parto-te a tromba!" disse ele.

E eu disse-lhe: "Olha, paneleiro, vais ter essa oportunidade. Vou agora aí a tua casa, e já vais ver."

Desliguei e telefonei à Polícia, dizendo que morava na Rua da
Descobertas, Nº 36 e que ia agora para casa matar o meu namorado gay.

Depois liguei para as cadeias de TV e falei-lhes sobre a guerra de gangs que se estava a desenrolar nesse momento na Rua da Descobertas.

Peguei no meu carro e fui para a Rua da Descobertas. Cheguei a tempo de ver os dois parvalhões a matarem-se à pancada em frente de seis viaturas de polícia e uma série de repórteres de TV.

Já me sinto muito melhor.

Gerir a raiva sempre funciona!!




Um abraço e... prometo que não telefono!...

Site Meter