sexta-feira, junho 25, 2010


ENTREVISTAS

FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO
Entrevista Nº 34


Tema – O Baptismo das Crianças




Raquel – A nossa Unidade Móvel mudou-se agora para o sul do país, até ás margens do rio Jordão onde, há 2.000 anos João baptizava multidões. Ouvem o rio?... A nosso lado, Jesus Cristo.

O senhor recordará aquele dia tão especial quando foi baptizado por João. Foi aqui, não é verdade?

Jesus – Sim, creio que sim… é que havia tanta gente… estou vendo João, vestido com pele de camelo, metido na água até à cintura… João Baptista, grande profeta aquele!

Raquel – No seu tempo as pessoas baptizavam-se em adultas. No nosso, pelo contrário, o baptismo é o mais cedo possível, quase em recém nascidos.

Jesus – Vocês baptizam as crianças?

Raquel – Sim, claro, é o costume.

Jesus – Mas para quê? Como é que um menino ou uma menina pequeninos se vão converter a uma nova vida se ainda não viveram nada?

Raquel – Não entendo por que nos dizes isso.

Jesus – O baptismo é para aprender a partilhar. João gritava: quem tenha duas túnicas dê uma a quem não tenha nenhuma. É para isso que serve o baptismo: para mudar de vida.

Raquel – Pois os seus seguidores dizem outra coisa. Dizem que o baptismo serve para apagar o pecado original.

Jesus – O pecado original?

Raquel – Sim, o que cometeram Adão e Eva no paraíso. A serpente tentou-os e… comeram a maçã.

Jesus – Essa história já a sei mas que tem ela a ver com o baptismo?

Raquel – Isso lhe perguntamos a si, que saberá melhor do que ninguém porque veio a este mundo para nos limpar desse pecado.

Jesus – Que vim para limpar o quê?

Raquel – O pecado original. O senhor não sabe que esse pecado se herda, passa de pais para filhos, de netos para bisnetos?... Assim nos ensinaram. Todos nascemos com essa culpa. Por isso temos que nos baptizar para a limpar e quanto mais cedo melhor.

Jesus – E explica-me por quê?

Raquel – Porque as crianças não podem entrar no céu sujas, com a mancha de Adão e Eva.

Jesus – Que voltas da vida. Repara, Raquel, também no meu tempo os sacerdotes diziam que a gente sofria por culpa dos pecados que haviam sido cometidos pela nossa família. Uma vez trouxeram-me um cego de nascença e me perguntaram quem tinha pecado: ele ou os pais?

Raquel – E o senhor que respondeu?

Jesus – Nem ele nem os pais, porque a doença não é filha do pecado. Eles vêm pecado nos doentes e vocês agora vêm pecado nos filhos. Que horror tão grande.

Raquel – Agora sou eu quem te pergunta, por quê?

Jesus – Porque nenhum pecado se herda. Nenhum. Se os pais comem uvas verdes não é aos filhos que lhes azeda a boca e isto já era dito pelo profeta Jeremias mais de seis séculos antes de eu nascer.

Raquel – Não podemos evitar a pergunta. Se as crianças, como o senhor diz, não nascem com pecado, para que os baptizam então?

Jesus – Não sei. O que te asseguro é que, com água ou sem água serão os primeiros a entrarem no reino de Deus.

Raquel – E os adultos?

Jesus – Aqueles que estão dispostos a mudar de vida, a lutar pela justiça, que se baptizam receberão o espírito de Deus como aquele que eu recebi aqui, das mãos do profeta João.

Raquel – Das margens do rio Jordão, testemunho, faz 2.000 anos, do baptismo de Jesus e testemunho hoje estas polémicas declarações.

Despedimo-nos, Emissoras Latinas, a repórter Raquel Lopez.



NOTA

O rio Jordão é praticamente o único rio que rega as terras de Israel. Nasce a norte, junto do monte Hermon e desagua nas águas salobras do Mar Morto, o lugar mais baixo do planeta, 400 metros abaixo do nível do mar.

O vale do Jordão é o prolongamento do vale do Rift, formado há 10 milhões de anos que fracturou o continente africano e, como evento geológico, foi decisivo para o aparecimento da espécie humana.

A capacidade de purificação da água em rituais religiosos é aceite praticamente em todos os cultos religiosos do mundo.
O ritual do baptismo que João popularizou e que Jesus recebeu significava um reconhecimento público de estar disposto a preparar o caminho a Messias. O baptismo de Jesus foi o ponto de partida para a sua vida pública, o momento em que ele sentiu que queria fazer algo para mudar a situação do país, para compartilhar com os seus conterrâneos a ideia que ele tinha de Deus, diferente da que prevalecia e que estaria na base de uma vida terrena justa e em liberdade.

O ritual de João Baptista era colectivo e simbólico. Depois de confessar as suas faltas, João juntava as pessoas nas águas do rio como sinal de limpeza e renascimento: “a água purifica, é das águas que nasce a vida.”

A palavra “baptismo” vem de uma outra palavra grega que significa “submergir”, “submergir na água”. Os primeiros cristãos submergiam nas águas do rio Jordão, mais tarde, com a sua disseminação para outros lugares da terra submergiam nos rios que aí houvessem ou em tanques. Hoje, restam umas gotas de água que o sacerdote derrama na cabeça do novo cristão.

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