quarta-feira, julho 21, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONADAS
COM JESUS CRISTO


Entrevista Nº 44


TEMA – O Diabo Existe?


Raquel – Amigos e amigas das Emissoras Latinas, na nossa anterior entrevista, Jesus Cristo afirmou que o inferno não existe nem nunca existiu. Recebemos centenas de chamadas, mails e a nossa Web regista milhares de visitas. Muita gente está atónita com estas declarações. Por exemplo, tenho aqui uma amiga rádio-escuta que pergunta: se não existe o inferno onde vive, então, o diabo?
- Senhor Jesus Cristo o que responde?

Jesus – Eu penso que a resposta cai pelo seu peso, como os figos maduros. Em parte nenhuma.

Raquel – Como que em parte nenhuma?

Jesus – O inferno não existe e o diabo tão pouco.

Raquel – Um momento, um momento… Imagino que está deixando os nossos ouvintes ainda mais estupefactos… vou desligar os meus auscultadores. Vejamos… o senhor disse que o diabo tão pouco existe… mas o senhor falou muitas vezes nele.

Jesus – Sim, é verdade.

Raquel – Então o senhor acredita no diabo?

Jesus – Acreditava.

Raquel – Como que acreditava. Pode explicar melhor?

Jesus – Como todos os meus conterrâneos, eu acreditava no diabo. Foi isso que nos ensinaram. Também acreditávamos que a Terra era plana e que o Sol dava voltas em seu redor. E repara como estávamos todos enganados.

Raquel – Mas o senhor mesmo foi tentado pelo diabo no deserto… até falou com ele… ou já não se recorda?

“Se és Filho de Deus ordena a estas pedras que se convertam em pão” e o senhor respondeu: “não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Então o Diabo conduziu-o à Cidade Santa e colocando-o sobre o pináculo do Templo disse-lhe: “Se tu és Filho de Deus lança-te daqui a baixo que os anjos te salvarão…

Jesus – O pináculo é aquele que ali se vê… fixaste-o?

Raquel – Aquele?

Jesus – Sim, vês?

Raquel – A nossa unidade móvel continua no Vale de Gehenna e realmente, daqui, podemos ver o pináculo, o ponto mais alto das muralhas de Jerusalém, onde o Diabo terá levado Jesus Cristo para ele se atirar dali a baixo…

Jesus – Na realidade eu nunca subi ali, Raquel. Isso não terá sido inventado por algum evangelista? Não será essa outra das comparações?

Raquel – O senhor nunca subiu ao pináculo do Templo?

Jesus – Não. Para além do mais tenho vertigens, corria o risco de cair.

Raquel – Voltemos ao Diabo. O senhor disse que ele não existe mas na Bíblia aparece em todo o lado referências a ele. Chamam-lhe Satanás, Lucífer, Belzebu, Anjo Caído, Adversário, A Serpente Antiga, o Maligno, O Príncipe das Trevas…

Jesus – Na Bíblia e, seguramente, em outros livros antigos… penso que quase todos os povos acreditaram num espírito do mal, um tentador… e sabes por quê?

Raquel – Porque, de alguma forma, sentiram a sua presença…

Jesus – Não. Porque assim podemos-lhe atribuir as culpas que nos cabem a nós. Dizemos: “… o diabo tentou-me e eu não pude resistir…” “… o diabo meteu-se no meu corpo…”. Ora o diabo eras tu próprio quando fazias as diabruras. Eu penso que cada um de nós tem de assumir aquilo que faz e não invocar o diabo.

Raquel – Temos uma chamada… Alô?

Homem – Esse tipo que está falando na sua emissora é um charlatão, um impostor… um possesso, está possuído pelo demónio!

Raquel – Alguma reacção a esta chamada, Jesus Cristo?

Jesus – Não, nenhuma. Isso já me diziam no meu tempo… que estava endemoniado. Deixá-lo…

Raquel – As chamadas continuam… Podemos continuar a conversar sobre este tema tão polémico?

Jesus – Claro que sim, mas noutro local, Raquel. Neste vale faz tanto calor…uff… que vou de novo acreditar no inferno…

Raquel – Pois procuremos uma sombra perto daqui. Deixando atrás de nós o Vale de Gehenna em Jerusalém… Raquel Perez, Emissoras Latinas.


NOTA


O Diabo Existe – A Bíblia está cheia de alusões ao Diabo e da variedade de nomes com que ele é designado. Como todos os seus conterrâneos, Jesus falou sobre o diabo e acreditou na sua existência mas essa crença não foi, nem de perto nem de longe, o centro da sua mensagem resultando, antes, num “elemento de contraste” para a boa notícia que pregava e que essa, sim, era o essencial da sua mensagem: a existência de um Deus bom no qual se pode ter uma confiança ilimitada e na superação do medo como caminho de “salvação”.

Todos os povos acreditaram e continuam acreditar na existência do Diabo. No cristianismo o diabo foi imposto no Concílio de Letrão em 1215. É uma crença que a igreja católica e as protestantes mantêm até aos dias de hoje.

Em 1974 o Papa Paulo VI afirmou: “ O demónio existe não só como símbolo do mal mas como realidade física”. No ano seguinte, e perante correntes teológicas que punham esta crença no domínio do simbólico, o Papa Paulo VI afirmava: “quem se negar a reconhecer a sua existência e quem o explica como uma pseudo-realidade, uma personificação conceptual e fantástica das causas desconhecidas das nossas desgraças, coloca-se fora do quadro do ensino bíblico e eclesiástico”.


Outra Teologia: O Diabo é um Mito – São mesmo os Teólogos católicos que questionam com uma sólida argumentação a existência do Diabo. Entre eles, destaca-se o sacerdote católico e professor universitário alemão, Herbert Hagg, especialista no Antigo Testamento e que procura “construir pontes entre a mensagem bíblica e a gente de hoje”. Ele é autor de um livro fundamental sobre este tema “O Diabo, Sua Existência como Problema” (editorial Herder, 1978) no qual reduziu a mito o relato do “Anjo Caído” e promove uma visão teológica numa outra perspectiva mais construtiva e transformadora.


Herbert Hagg documenta no seu livro os terríveis resultados históricos que a “fé no diabo” provocou ao longo da história da humanidade e em
especial ao longo da história do cristianismo.

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