DONA FLOR
E SEUS DOIS
MARIDOS
Episódio Nº 253
- Eu? Quando fiz mau juízo de você?
- Fui tua mulher sete anos, você andava solto pela rua e não era só no jogo, vivia na cama de tudo quanto era mulher perdida da Bahia, e, não se contentando, se meteu com moça e mulher casada, uma sujeitas ainda piores do que as raparigas… E, por falar nessas sonsas só agora descobri que você andou de rabicho com uma tal de Inês, uma tísica que foi da escola há muito tempo…
- Inês? Magricela? – buscou nome e figura na memória óptima, de facadista e lá encontrou a esbelta Inês Vasques dos Santos com seu voraz focinho e apetite – aquilo? Puro osso e pele… Nenhuma importância, não liga para isso, meu bem. Xixica somente e das piores. Ademais, faz tanto tempo que se deu, por que tu puxa logo isso, tropeço tão antigo, coisa passada?
- Tropeço antigo, coisa passada mas eu só soube outro dia… Tu imaginas a vergonha, Vadinho? Tu morto e enterrado, eu casada de novo e tuas sem vergonhices ainda me perseguindo… Por essas e outras é que eu te chamei, porque ainda tinha contas a ajustar. Não foi para isso que tu pensa…
Mas, meu bem, fosse para o que fosse, já que estou aqui, que mal faz a gente vadiar um minutinho? Vamos aproveitar e tirar barriga da miséria. Tu anda um pouco precisada, eu, nem se fala…
- Tu devia me conhecer, saber que eu não sou mulher de enganar marido. Sete anos tu pintou o diabo comigo, me judiou de todo o jeito. Todo mundo sabe e fala pela rua…
- E tu ligas para essa cambada de bruacas?
- Tu judiou de mim e não foi pouco, foi de verdade. Se fosse outra tinha te largado ou enchido de chifres e de vergonha. Fiz eu isso? Não, eu aguentei firme porque sou mulher direita, Vadinho, graças a Deus. Nunca olhei para nenhum homem enquanto tu foi vivo…
- Sei disso, meu bem…
- Sabendo isso, como quer que eu engane Teodoro, meu marido tanto quanto tu e homem direito e bom. Me trata na palma das mãos, é homem sério, nunca me traiu com outra. Nunca, Vadinho, nunca. Uma vez, até… - suspendeu a frase pelo meio.
- Até o quê, meu bem – pediu ele com voz muito macia – Conte o resto…
- Pois houve muita mulher atrás dele e ele, nem te ligo…
- Mulher tanta assim? Não exagere, meu bem, foi uma só e era Magnólia, a maior vaca da Bahia, e ele fez um papelão. Onde já se viu um homem de maior, doutor e tudo, ficar que nem donzelo, com medo de mulher, só faltou pedir socorro. Uma vergonha… Você sabe o nome que puseram nele depois desse fiasco? Doutor Cristel, meu bem…
- Vadinho, pára com isso. Se quiser conversar direito, muito bem, mas vir para aqui mangar de meu marido, isso não… Fique sabendo que eu gosto muito dele, aprecio demais a maneira como ele me trata, e nunca irei desonrar seu nome…
Quem puxou a conversa foi você, meu passarinho. Mas, fala verdade de quem é que você gosta mais? Não minta… é de mim ou dele?...
Deitara a cabeça no colo de dona Flor e ela mexia em seus cabelos. Cismarenta, não respondeu à pergunta comprometedora.
- Fui tua mulher sete anos, você andava solto pela rua e não era só no jogo, vivia na cama de tudo quanto era mulher perdida da Bahia, e, não se contentando, se meteu com moça e mulher casada, uma sujeitas ainda piores do que as raparigas… E, por falar nessas sonsas só agora descobri que você andou de rabicho com uma tal de Inês, uma tísica que foi da escola há muito tempo…
- Inês? Magricela? – buscou nome e figura na memória óptima, de facadista e lá encontrou a esbelta Inês Vasques dos Santos com seu voraz focinho e apetite – aquilo? Puro osso e pele… Nenhuma importância, não liga para isso, meu bem. Xixica somente e das piores. Ademais, faz tanto tempo que se deu, por que tu puxa logo isso, tropeço tão antigo, coisa passada?
- Tropeço antigo, coisa passada mas eu só soube outro dia… Tu imaginas a vergonha, Vadinho? Tu morto e enterrado, eu casada de novo e tuas sem vergonhices ainda me perseguindo… Por essas e outras é que eu te chamei, porque ainda tinha contas a ajustar. Não foi para isso que tu pensa…
Mas, meu bem, fosse para o que fosse, já que estou aqui, que mal faz a gente vadiar um minutinho? Vamos aproveitar e tirar barriga da miséria. Tu anda um pouco precisada, eu, nem se fala…
- Tu devia me conhecer, saber que eu não sou mulher de enganar marido. Sete anos tu pintou o diabo comigo, me judiou de todo o jeito. Todo mundo sabe e fala pela rua…
- E tu ligas para essa cambada de bruacas?
- Tu judiou de mim e não foi pouco, foi de verdade. Se fosse outra tinha te largado ou enchido de chifres e de vergonha. Fiz eu isso? Não, eu aguentei firme porque sou mulher direita, Vadinho, graças a Deus. Nunca olhei para nenhum homem enquanto tu foi vivo…
- Sei disso, meu bem…
- Sabendo isso, como quer que eu engane Teodoro, meu marido tanto quanto tu e homem direito e bom. Me trata na palma das mãos, é homem sério, nunca me traiu com outra. Nunca, Vadinho, nunca. Uma vez, até… - suspendeu a frase pelo meio.
- Até o quê, meu bem – pediu ele com voz muito macia – Conte o resto…
- Pois houve muita mulher atrás dele e ele, nem te ligo…
- Mulher tanta assim? Não exagere, meu bem, foi uma só e era Magnólia, a maior vaca da Bahia, e ele fez um papelão. Onde já se viu um homem de maior, doutor e tudo, ficar que nem donzelo, com medo de mulher, só faltou pedir socorro. Uma vergonha… Você sabe o nome que puseram nele depois desse fiasco? Doutor Cristel, meu bem…
- Vadinho, pára com isso. Se quiser conversar direito, muito bem, mas vir para aqui mangar de meu marido, isso não… Fique sabendo que eu gosto muito dele, aprecio demais a maneira como ele me trata, e nunca irei desonrar seu nome…
Quem puxou a conversa foi você, meu passarinho. Mas, fala verdade de quem é que você gosta mais? Não minta… é de mim ou dele?...
Deitara a cabeça no colo de dona Flor e ela mexia em seus cabelos. Cismarenta, não respondeu à pergunta comprometedora.
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