DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS
E SEUS
DOIS
MARIDOS
Episódio Nº 288
Assim fora da primeira vez, não abrira mão de nada, nada lhe acontecera – para dona Flor as sobras do tempo do deboche.
“Me espere, vou ali já volto”, nunca mais voltava. Belzebu de trampas e de lábia.
Marilda, aos pés de dona Flor, ajoelhada:
- Florzinha, me diga o que é que eu vou fazer? O canto é a minha vida, mas minha mãe diz que minha vida é o casamento, é ter um lar, marido e filhos, que o resto é capricho de menina. Tu, que me diz?
Que pode dona Flor dizer? “Vai-te embora maldito, deixa-me honrada e feliz com meu esposo bom” ou bem “toma meus braços, penetra minha última fortaleza, teu beijo vale o preço de qualquer felicidade” que lhe dizer? Por que cada criatura se divide em duas, por que é necessário sempre se dilacerar entre dois amores, por que o coração tem de uma só vez dois sentimentos controversos e opostos?
- Tens que decidir entre uma coisa e outra: carreira ou casamento.
- E por que tenho de decidir, por que não posso me casar e continuar cantando, se gosto dele e gosto de cantar? Por que tenho de optar se gosto das duas coisas? Por que, me diga.
Por que, dona Flor? Pela janela aberta, chega a voz do namorado em busca de Marilda, e a moça suspende o rosto, mostra a formosura de medalha, parte correndo. Dona Flor a acompanha com o olhar. Vadinho é o vento que espalha sua cabeleira e lhe rodeia as pernas.
- Vadinho! Com Marilda, não. Não admito!
Rindo, ele se acocora aos pés de dona Flor, onde Marilda estava, e lhe abraça as pernas, deita cabeça em seu joelho.
- Me deixa em paz… - diz dona Flor, a voz de queixa.
- Por que você é assim comigo, meu bem? Sempre zangada?
O cínico ainda pergunta por que, como senão lhe houvesse dito: “eu venho já, sem falta me espere”. Noites de insónia, dias de amargura, aflita espera.
A única notícia do coisa-à-toa dona Flor a teve escrita a beliscões ma bunda de Zulmira. Sim, senhor, e ainda pergunta.
- Mas, se tu disse que não mais me queria ver, que eu me fosse embora, não foi mesmo? Então eu fui me divertir um pouco com Pelancchi, é um pagode, só falto morrer de tanto rir…
- Com Pelancchi ou com a secretária dele?
- Tá com ciúme, minha negra? Eu bem que pensei: sumo por uns dias e ela vai ficar pedindo a Deus que eu volte, ela está doidinha pra me dar, não aguenta mais…
- Quem te disse? Pois é mentira. Sou mulher honrada, tira a mão daí.
Mão e lábio lhe queimaram a pele, lábio sobre a sua boca, mão no escondido do seu ventre, em último reduto. Cresce na chuva a moleza do corpo, rompem-se as derradeiras resistências. Ao mesmo tempo em que se diz honrada e irredutível, ela lhe entrega a boca sem sequer lhe cobrar a ausência e os suspiros de Zulmira.
“Me espere, vou ali já volto”, nunca mais voltava. Belzebu de trampas e de lábia.
Marilda, aos pés de dona Flor, ajoelhada:
- Florzinha, me diga o que é que eu vou fazer? O canto é a minha vida, mas minha mãe diz que minha vida é o casamento, é ter um lar, marido e filhos, que o resto é capricho de menina. Tu, que me diz?
Que pode dona Flor dizer? “Vai-te embora maldito, deixa-me honrada e feliz com meu esposo bom” ou bem “toma meus braços, penetra minha última fortaleza, teu beijo vale o preço de qualquer felicidade” que lhe dizer? Por que cada criatura se divide em duas, por que é necessário sempre se dilacerar entre dois amores, por que o coração tem de uma só vez dois sentimentos controversos e opostos?
- Tens que decidir entre uma coisa e outra: carreira ou casamento.
- E por que tenho de decidir, por que não posso me casar e continuar cantando, se gosto dele e gosto de cantar? Por que tenho de optar se gosto das duas coisas? Por que, me diga.
Por que, dona Flor? Pela janela aberta, chega a voz do namorado em busca de Marilda, e a moça suspende o rosto, mostra a formosura de medalha, parte correndo. Dona Flor a acompanha com o olhar. Vadinho é o vento que espalha sua cabeleira e lhe rodeia as pernas.
- Vadinho! Com Marilda, não. Não admito!
Rindo, ele se acocora aos pés de dona Flor, onde Marilda estava, e lhe abraça as pernas, deita cabeça em seu joelho.
- Me deixa em paz… - diz dona Flor, a voz de queixa.
- Por que você é assim comigo, meu bem? Sempre zangada?
O cínico ainda pergunta por que, como senão lhe houvesse dito: “eu venho já, sem falta me espere”. Noites de insónia, dias de amargura, aflita espera.
A única notícia do coisa-à-toa dona Flor a teve escrita a beliscões ma bunda de Zulmira. Sim, senhor, e ainda pergunta.
- Mas, se tu disse que não mais me queria ver, que eu me fosse embora, não foi mesmo? Então eu fui me divertir um pouco com Pelancchi, é um pagode, só falto morrer de tanto rir…
- Com Pelancchi ou com a secretária dele?
- Tá com ciúme, minha negra? Eu bem que pensei: sumo por uns dias e ela vai ficar pedindo a Deus que eu volte, ela está doidinha pra me dar, não aguenta mais…
- Quem te disse? Pois é mentira. Sou mulher honrada, tira a mão daí.
Mão e lábio lhe queimaram a pele, lábio sobre a sua boca, mão no escondido do seu ventre, em último reduto. Cresce na chuva a moleza do corpo, rompem-se as derradeiras resistências. Ao mesmo tempo em que se diz honrada e irredutível, ela lhe entrega a boca sem sequer lhe cobrar a ausência e os suspiros de Zulmira.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home