quinta-feira, dezembro 16, 2010

ENTREVISTAS FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO Nº 75 SOB O TEMA:
“UMA FÁBRICA DE SANTOS”


Raquel – Retomamos a nossa transmissão nos arredores do Templo de Santo… Não, é melhor reservarmos a identidade para evitar susceptibilidades. Jesus Cristo, a meu lado, parece ainda muito surpreendido pelo que vimos no interior desta igreja, não muito diferente de tantas outras, cheias de imagens e santos. Que lhe parece tudo isto, Jesus Cristo?

Jesus – Idolatria. Adorar imagens é idolatria.

Raquel – Bem, os católicos dizem que não adoram, apenas veneram….

Jesus – Veneram?... Não conheço essa palavra, mas será o mesmo. Em vez de falarem a Deus que habita em seus corações ajoelham-se perante pedaços de madeira.

Raquel – Uma chamada… Sim… alô?

Andrés – Sou Andrés Perez Baltodano e falo do Canadá.

Raquel - Quer dar a sua opinião, senhor Baltodano?

Andrés – Só para dizer a Jesus Cristo que o problema não é com o verbo, com o verbo venerar, mas sim com o substantivo.

Raquel – Qual substantivo?

Andrés – Com o substantivo ingresso, bilhete de entrada, que a igreja católica tem com o negócio dos santos.

Raquel – Don Andrés, poderia explicar-nos melhor?

Andrés – Por si não o sabe Jesus Cristo, mas a fábrica dos santos não se fechou.

Jesus – A fábrica dos santos?

Andrés – Nesse Templo onde entraram viram santos antigos, de outros séculos, mas somente no Pontificado de João Paulo II “fabricaram-se”, canonizaram-se… 464 novos santos e santas mais do que nos 5 séculos anteriores!

Raquel – E para quê tantos santos? Não temos já demasiados?

Andrés – É que os santos mantêm a gente ajoelhada e, para além disso, melhoram as finanças do Vaticano.

Jesus – Esse “para além disso” é que eu não entendo.

Andrés – Caríssimo, esse dinheiro vai para as arcas do Vaticano. Tenha em atenção este detalhe: em cada cem santos e santas canonizadas ao longo da história, apenas 5 foram gente pobre. A grande maioria foram príncipes, reis, rainhas, bispos, abadessas… Os seus parentes pagavam fortunas para que os fizessem santos. Agora, a “fábrica” dos santos está muito mais organizada: ninguém chega aos altares sem ter por detrás uma poderosa instituição.

Jesus – Posso fazer-lhe uma pergunta, dom Andrés?

Andrés – Com certeza, Jesus Cristo.

Jesus – Para que fazem tudo isso?

Andrés – O processo de canonização?

Jesus – Sim, esse caminho tão custoso.

Andrés – Para demonstrar que o santo está no céu, junto de Deus.

Jesus – Mas isso é procurar o tesouro onde ele não está… os santos não estão no céu mas sim na terra!

Raquel – Agora sou eu que não entendo.

Jesus – Os santos e as santas estão entre nós. São de carne e osso. As mulheres que passam a vida a cuidarem dos seus filhos são santas, os camponeses que trabalham a terra de sol a sol, são santos.

Raquel – Pois sempre nos disseram que santos são os que morreram e do céu fazem milagres.

Jesus – Não, os santos são os vivos e os milagres que fazem são o bom exemplo que dão. O meu pai José foi santo, não pelo boneco que puseram no altar desse Templo, mas porque foi justo até ao último dia da sua vida.

Raquel - Mas, se santos são os que estão neste mundo, como se chamam os outros, os que já estão com Deus?

Jesus – Isso pergunta-o a Deus.

Raquel – Obrigado amigo que nos contactou do Canadá e obrigado a tantos santos e santas que seguramente constituem a nossa audiência de Emissoras Latinas.

De Jerusalém, Raquel Perez.

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