segunda-feira, janeiro 10, 2011

TEREZA BATISTA


Quando souberam que eu ia voltar àquelas bandas, então me pediram para eu trazer notícias de Tereza Batista e tirar a limpo uns tantos acontecidos – o que não falta no mundo é gente curiosa, pois não.

Assim foi que andei assuntando, por aqui e por ali, nas feiras do sertão e na beira do cais e, com o tempo e a confiança, pouco a pouco puseram-me a par de enredos e tramas, uns engraçados outros tristes, cada qual à sua maneira e conforme sua compreensão. Juntei quanto pude ouvir e entender, pedaços de histórias, sons de harmónicas, passos de dança, gritos de desespero, ais de amor, tudo de mistura e atropelo, para os desejosos de informações sobre a moça de cobre, seus afazeres e correrias.

Grande coisa não tenho para narrar, o povo de lá não é de muita conversa e quem mais sabe menos diz para não tirar diploma de mentiroso.

Essas andanças de Tereza Batista se passaram naquele país situado nas margens do rio Real, nos limites da Bahia e do Sergipe adentro um bom pedaço; ali e também na capital. Território habitado por uma nação de caboclos e pardos, cafuzos, gente de pouca pabulagem e de muito agir, menos os da capital, sestrosos mulatos de canto e batuque. Quando me refiro à capital geral desses povos do Norte, todos entendem que falo da cidade da Bahia, por alguns dita Salvador ninguém sabe porquê. Também não importa discutir nem contrariar quando o nome da Bahia já se estende até à corte de França e aos gelos da Alemanha, sem falar na costa de África.

Me desculpem se eu não contar tudo, tintim por tintim, não faço por não saber – e será que existe no mundo quem saiba toda a verdade de Tereza Batista, sua labuta, seu lazer?

Não creio nem muito menos.

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