terça-feira, março 01, 2011

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 83 SOB O TEMA:
"OS JUDEUS MATARAM CRISTO? (7)




Os "judeus pérfidos"


É longa a história do anti-semitismo na Igreja Católica. Em 1555, Paulo IV, promulgou a sua Bula "Cum nimis absurdum", que afirma que os judeus que, por sua própria culpa foram condenados por Deus à escravidão eterna... se atrevam, não só a viver entre nós, mas nas proximidades das igrejas e sem nada na sua roupa para os distinguir...
Vendo neste comportamento uma "insolência", o Papa ordenou uma série de regras contra os judeus: confinando-os a guetos, forçados a vender as suas propriedade para os cristãos a preços irrisórios, proibindo-lhes quase todos as actividades e profissões, começando pela medicina, brincar, comer e conversar com os cristãos e forçá-los a usar distintivos em suas roupas.

Durante séculos, antes e depois desta Bula, e Bula após Bula, a igreja católica instalou na consciência colectiva dos cristãos, a discriminação, rejeição e ódio aos judeus.

Até 1962, na liturgia católica da Sexta-Feira rezava-se "para os judeus pérfidos", oração que só foi suprimida pelo Papa João XXIII. Em 1965, uma das frases-chave do Concílio Vaticano II “Nostra Aetate” teve grande dificuldade em avançar por causa do secular anti-semitismo eclesiástico.
Esse documento afirma, por fim, que o que aconteceu na paixão de Cristo não pode ser assacado a todos os judeus que viveram nesses tempos nem a todos os que vivem hoje.

Embora a Igreja seja o novo povo de Deus, os judeus não devem ser apresentados como rejeitados ou amaldiçoados por Deus, como se isso ressaltasse das Sagradas Escrituras...
Consciente do património histórico que partilha com os judeus, por razões políticas e também pelo amor espiritual ao Evangelho, a Igreja Católica lamenta os ódios, perseguições e manifestações de anti-semitismo dirigidos contra os judeus em qualquer momento e por qualquer pessoa. Muitos bispos lutaram encarniçadamente contra este documento e rejeitaram estas alegações.

Altos e baixos e vais-vens depois do Concílio Vaticano II caracterizaram as relações entre Roma e o povo judeu. O pontificado de João Paulo II esteve repleto de ambiguidades. Elas são relatadas com a aguda visão crítica do pesquisador britânico David Yallop no seu livro "O Poder e a Glória" (Editorial Planeta, 2007).

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