sexta-feira, junho 03, 2011

TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA





Episódio Nº 117



Tereza começou sendo uma, terminou sendo outra naquela rápida noite de minutos corridos na ânsia e no desmaio, noite longa de cem anos de revelações e alvíssaras.

Ao recobrar-se da posse da qual despertou num suspiro, gemendo no primeiro gozo, gozo prolongado, violento, de coração e entranhas, gozo da ponta dos pés às pontas dos cabelos, Tereza sentiu Daniel a seu lado, tomando-a pela cintura, trazendo-lhe o corpo agradecido para junto do seu:

- Você é minha mulherzinha querida, uma tolinha que ainda não sabe nada, mas vai aprender como é gostoso, vou lhe ensinar coisa por coisa, você vai ver como é bom – e a beijou de leve.

Tereza nada respondeu, sorriu ainda desfalecente. Se tivesse ânimo lhe diria para principiar de imediato, com urgência, pois restavam-lhe apenas algumas horas, depois nunca mais.

Compromisso irrevogável na agenda dos pagodes do capitão, apenas o do fandango na noite de São João, em casa de Raimundo Alicate. Na noite de São Pedro tanto podia volver ao arrasta-pé em busca de novidade como ficar na pensão de Gabi, bebendo cerveja com as raparigas, sem hora certa de regresso; cedo ou tarde, imprevisível. Depressa, meu anjo, depressa, não há um minuto a perder, diria se não lhe faltassem voz e ânimo.

Apenas nele de novo se encostara, peito contra peito, perna contra perna, coxa contra coxa, e o desejo recém desperto, jovem e exigente, voltou a se acender. Nada disse, mas veio descendo a mão pelo corpo de Daniel, tocando cada polegada; estendeu o braço para alcançar os pés e os acariciou. Dava preferência aos cabelos do peito, neles enfiando as mãos de dedos abertos: pente que te penteia também os caracóis da cabeça. Assim foi aprendendo. Com a boca aflorou os lábios de Daniel. Minha querida ainda não sabe beijar, deixa lhe ensinar. Gigolô de vocação, quase de ofício, Daniel encontrava real prazer no prazer da companheira de cama, rapariga nova e ansiosa ou velha rica e snobe. Vou te fazer gozar, como nunca mulher nenhuma gozou; e cumpria o esforço prometido, por dinheiro ou de graça, por xodó desvairado.

Lábios, dentes e língua, Tereza aprendendo a beijar. As mãos de Daniel multiplicando sensações, nos redutos mais secretos, no poço húmido do ventre e na cacimba oculta dos abismos das ancas. As mãos de Tereza descobrindo outras preferências: os pêlos de baixo, fofo novelo de lã, o pássaro dormindo despertando a seu toque. As bocas de cobiça, a dele sabendo onde buscar a ânsia escondida, a dela, embora estreante no trato do beijo, revelando-se sôfrega e audaz.

Logo o pássaro, nos dedos de Tereza, se alçou impetuoso para a vertigem do voo enquanto os dedos de Daniel revelavam mel e orvalho na madrugada do poço onde a rosa de ouro desabrocha impaciente. Não podendo mais suportar tamanha preparação, a caprichosa aprendiz – esta menina aprende depressa, tem capricho, basta lhe explicar uma vez, dizia a professora Mercedes Lima no tempo morto de antigamente – desprendendo-se do abraço, pôs-se em posição de espera, deitada de barriga para cima, as pernas abertas, exposto ao voo do pássaro o ninho de carvão e ouro.

Caiu na risada Daniel e disse não: para que repetir, minha querida, se variadas e múltiplas são as posições, cada qual com seu nome, cada qual mais supimpa, em todas te educarei.

Voltou a colocá-la de banda, contra seu peito, e suspendendo-lhe a coxa, de lado a teve, os dois enredados um no outro e, sem que ninguém lhe ensinasse, nas pernas de torquês Tereza o prendeu pela cintura e no colchão rolaram. (clik na imagem e aumente)

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