HOJE È
DOMINGO
(Da minha Cidade de Santarém)
(Da minha Cidade de Santarém)
Do meu Café, na minha cidade de Santarém, em mais esta manhã de Domingo, sinto que pairam sobre o mundo ameaças sinistras que vêm aumentando de há meses para cá embora nada de verdadeiramente novo tenha acontecido para além do deslizar incessante das dívidas e o aproveitamento que daí fazem os especuladores escondidos atrás dos muito respeitosos mercados.
Não consigo entender onde é que essa gente tenciona viver num mundo virado do avesso… E.U.A. e Europa navegam em barcos que estão em risco de soçobrar sem que apareça o bom senso e a coragem política capazes de segurar o leme e dar-lhes um novo rumo senão mesmo salvá-los do naufrágio. A isto, chama-se viver no fio da navalha!
Ainda não há muitos anos vimos soçobrar os países do mundo comunista… um dia acordaram com uma mão cheia de nada, o regime implodiu, morreu pobre e triste, sem esperança ou vontade de continuar a viver.
Marx tinha afirmado que o capitalismo continha em si o “gérmen da sua própria destruição” e ao dizê-lo pensava, naturalmente, na voracidade dos patrões incapazes de controlarem a sua fome de lucros à custa de tudo e de todos e por isso lançou as bases do comunismo: fim da livre iniciativa, apropriação pelos estados dos factores de produção, economias planeadas, fim das liberdades… deu no que deu!
O capitalismo saiu vitorioso e durante décadas fez a felicidade dos países que o adoptaram potenciando a criação da riqueza num quadro de liberdade.
Mas Marx tinha razão: o capitalismo encerra em si o gérmen da sua própria destruição tal como o comunismo também o encerrou. Estou a referir-me ao homem. O “Homem Lobo do Homem” de que falou o filósofo inglês Thomas Hobbes e nenhum regime pode esquecer-se disso.
A natureza auto regula-se senão interferirem mas o homem desregula-se se os regimes não se precaverem, depois … depois, restam como saída, as guerras e as revoluções como sempre se viu.
Estamos a assistir a essa desregulação e a ser vítimas dela: a corrupção, os paraísos fiscais, a especulação dos preços, principalmente em bens alimentares por fundos de investimento de risco sem alma nem rosto, a evasão fiscal, tudo isto conduzindo a uma flagrante violação dos direitos humanos.
Os chamados “motins da fome” em 2007/8 no Haiti, Egipto e mais 30 países foram o resultado de especulação financeira.
Um por cento da população mundial detém 57% da propriedade do globo e 50% do comércio mundial passa pelos paraísos fiscais responsáveis pela perda de 1 bilião de dólares ( cem mil milhões vezes dez) da receita fiscal.
85% dos bens consumidos mundialmente são-no pelos 20% da população mais rica. Os fluxos financeiros ilícitos são calculados entre 1 e 1,6 biliões de dólares por ano, estimativa que é aceite pelo Banco Mundial e na sua maior parte “voam” dos países em desenvolvimento para o chamado “primeiro mundo”. Nas ilhas Caimão, Gibraltar e Seychelles quase não se pagam impostos.
Se os paraísos fiscais não existissem haveria verbas mais que suficientes para atingir os objectivos do milénio da ONU em 2015: erradicação da pobreza extrema e da fome, redução da taxa de mortalidade infantil e a educação primária universal.
Alguma coisa se está a fazer ao nível da luta contra a corrupção que para além de ser conhecida, detectada e denunciada, tem que ser combatida de forma decisiva e à escala mundial.
Os países têm que prosseguir, dentro de si e nas suas relações uns com os outros, preceitos de ética e de moral. O homem não pode ser deixado livre sem uma eficaz regulação porque é ele que é o gérmen da sua própria destruição.
Bom Domingo a todos.
(Em cima e à direita a velha Ponte D. Luís que liga Santarém à margem sul do rio Tejo em momento de cheia. Inaugurada em 1881, considerada então a maior da península, a 3ª da europa e a 6ª do mundo, ficando como um dos grandes exemplares da arquitectura do ferro. Hoje, um pouco mais a baixo, temos também a nova ponte Salgueiro Maia.)
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