ONDE ESTÁ O MEU OURO DE MINAS?
(continuação)
Hoje, fizemos um longo caminho, cá e lá. Um caminho feito muito pouco pelos políticos com as suas eternas juras de amor mútuo, mas sobretudo pelos intelectuais e pelas classes cultas – através da música, do cinema, da literatura. Já há alguns milhões de brasileiros que sabem que os portugueses não são todos merceeiros, que os homens não têm todos um metro e meio e as mulheres não têm todas bigode.
Pessoalmente, considero o Brasil a minha segunda pátria. Não porque tenha sido, em parte, um país inventado pelos portugueses ou porque lá se fale a minha língua mas porque acho o Brasil – feito por portugueses, índios, africanos, brasileiros e também italianos ou japoneses – um país único no mundo, absolutamente diferente de todos e extraordinário.
Está longe de ser um país perfeito e, muito pelo contrário, é um país excessivo em tudo, no mal e no bem, nas qualidades e defeitos, e talvez seja isso que o fez tão fascinante. Os países que amamos são um pouco como as pessoas que amamos e eu não acho interessantes os países perfeitos e desconfio sempre das pessoas perfeitas.
É a esta perspectiva que me irrita muitíssimo as críticas mútuas redutoras com que tantos portugueses e brasileiros se entretêm, como se com tanta mistura de sangue e de sémen, tanta aventura e tanta desgraça em que andámos misturados um com o outro, os vícios e fraquezas de cada um nunca tivessem passado ao outro.
Como português (ou como luso-brasileiro que fui até 1822), irrita-me aquilo que considero uma tentativa de falsificação histórica de muitos historiadores brasileiros: a ideia de que no Brasil, e durante 322 anos, tudo o que correu mal, todas as vilanias, toda a exploração, todas as injustiças e mal governo, foi obra dos portugueses; e tudo o que correu bem foi obra dos brasileiros. Como se os brasileiros não tivessem sido também portugueses e os portugueses não tivessem também sido brasileiros até 1822! (continua)
(continuação)
Hoje, fizemos um longo caminho, cá e lá. Um caminho feito muito pouco pelos políticos com as suas eternas juras de amor mútuo, mas sobretudo pelos intelectuais e pelas classes cultas – através da música, do cinema, da literatura. Já há alguns milhões de brasileiros que sabem que os portugueses não são todos merceeiros, que os homens não têm todos um metro e meio e as mulheres não têm todas bigode.
Pessoalmente, considero o Brasil a minha segunda pátria. Não porque tenha sido, em parte, um país inventado pelos portugueses ou porque lá se fale a minha língua mas porque acho o Brasil – feito por portugueses, índios, africanos, brasileiros e também italianos ou japoneses – um país único no mundo, absolutamente diferente de todos e extraordinário.
Está longe de ser um país perfeito e, muito pelo contrário, é um país excessivo em tudo, no mal e no bem, nas qualidades e defeitos, e talvez seja isso que o fez tão fascinante. Os países que amamos são um pouco como as pessoas que amamos e eu não acho interessantes os países perfeitos e desconfio sempre das pessoas perfeitas.
É a esta perspectiva que me irrita muitíssimo as críticas mútuas redutoras com que tantos portugueses e brasileiros se entretêm, como se com tanta mistura de sangue e de sémen, tanta aventura e tanta desgraça em que andámos misturados um com o outro, os vícios e fraquezas de cada um nunca tivessem passado ao outro.
Como português (ou como luso-brasileiro que fui até 1822), irrita-me aquilo que considero uma tentativa de falsificação histórica de muitos historiadores brasileiros: a ideia de que no Brasil, e durante 322 anos, tudo o que correu mal, todas as vilanias, toda a exploração, todas as injustiças e mal governo, foi obra dos portugueses; e tudo o que correu bem foi obra dos brasileiros. Como se os brasileiros não tivessem sido também portugueses e os portugueses não tivessem também sido brasileiros até 1822! (continua)
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