TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE GUERRA
Episódio Nº 218
O coração palpitante, Tereza prende entre as suas as suas a mão esquerda do doutor; com o braço livre ele a circunda. Em determinado momento ficam parados no ponto mais alto, a cidade lá em baixo.
A multidão a divertir-se, confuso rumor de conversas e risos, luzes multicolores nas barracas, no carrossel, no contorno da praça. Pouco adiante as ruas vazias, mal iluminadas, a massa de árvores do Parque Triste, o vulto dos sobradões na sombra. Na distância, o murmúrio dos rios correndo sobre as pedras para se juntarem no porto velho, a caminho do mar.
Em cima, o céu imenso de estrelas e a lua de Estância, desmedida e louca. Tereza solta o balão azul, o vento o leva no rumo do porto – quem sabe para o mar distante?
- Ai, que maravilha! - murmura Tereza, comovida.
Na quermesse, obstinados, alguns basbaques, os olhos levantados, a espiá-los. Também umas quantas senhoras e comadres arriscam destroncar o pescoço para vê-los.
O doutor trás o corpo de Tereza para junto de si, ela descansa a cabeça no ombro dele. Emiliano acaricia-lhe os cabelos negros, toca-lhe a face e a beija na boca, beijo longo, profundo e público – um escândalo, um descaramento, uma delícia, um esplendor. Ah! os felizardos.
30
Nas sombras e no silêncio do quarto, Tereza escuta o ruído dos automóveis na rua. Quantos? Mais de um certamente. Eles estão chegando, Emiliano, os teus. Tua família, tua gente. Vão se apossar do teu corpo, vão levá-lo. Mas enquanto estiveres nesta casa, nela permanecerei. Não tenho nenhum motivo para me esconder seja de quem for, tu o disseste. Sei que não te importas que me vejam e sei que, se estivesses vivo e eles chegassem de repente, tu lhe dirias: eis Tereza, minha mulher.
31
Aquele Domingo de Maio transcorreu numa rotina de venturosa bonança. O banho de rio de manhãzinha, do qual voltaram na carreira, pois começara a chover, borrifos de água a lavar a cara do céu.
Permaneceram em casa o resto do dia até depois do jantar, o doutor numa preguiça de convalescente, da cama para o sofá, do sofá para a rede.
Durante a tarde o prefeito apareceu, veio solicitar o apoio de Emiliano para uma pretensão orçamentária da Municipalidade junto ao Executivo estadual: uma palavra do eminente cidadão de Estância – nós o consideramos um dos nossos! – ao governador será, sem sombra de dúvida, decisiva.
O doutor o recebeu no jardim onde descansava namorando Tereza. A amásia quis retirar-se para os deixar à vontade, mas Emiliano deu-lhe a mão, não lhe permitindo sair. Ele mesmo chamou lula e o enviou em busca de bebidas e de um cafezinho passado na hora.
Se não de todo refeito, pelo menos em plena convalescença, rindo, conversando, discutindo os projectos do prefeito, comandando, recuperado do cansaço e da amargura. Os poucos dias transcorridos em Estância, em companhia da amásia, parecem ter cicatrizado as feridas, aplaca as máguas. (clik na imagem e aumente)
O coração palpitante, Tereza prende entre as suas as suas a mão esquerda do doutor; com o braço livre ele a circunda. Em determinado momento ficam parados no ponto mais alto, a cidade lá em baixo.
A multidão a divertir-se, confuso rumor de conversas e risos, luzes multicolores nas barracas, no carrossel, no contorno da praça. Pouco adiante as ruas vazias, mal iluminadas, a massa de árvores do Parque Triste, o vulto dos sobradões na sombra. Na distância, o murmúrio dos rios correndo sobre as pedras para se juntarem no porto velho, a caminho do mar.
Em cima, o céu imenso de estrelas e a lua de Estância, desmedida e louca. Tereza solta o balão azul, o vento o leva no rumo do porto – quem sabe para o mar distante?
- Ai, que maravilha! - murmura Tereza, comovida.
Na quermesse, obstinados, alguns basbaques, os olhos levantados, a espiá-los. Também umas quantas senhoras e comadres arriscam destroncar o pescoço para vê-los.
O doutor trás o corpo de Tereza para junto de si, ela descansa a cabeça no ombro dele. Emiliano acaricia-lhe os cabelos negros, toca-lhe a face e a beija na boca, beijo longo, profundo e público – um escândalo, um descaramento, uma delícia, um esplendor. Ah! os felizardos.
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Nas sombras e no silêncio do quarto, Tereza escuta o ruído dos automóveis na rua. Quantos? Mais de um certamente. Eles estão chegando, Emiliano, os teus. Tua família, tua gente. Vão se apossar do teu corpo, vão levá-lo. Mas enquanto estiveres nesta casa, nela permanecerei. Não tenho nenhum motivo para me esconder seja de quem for, tu o disseste. Sei que não te importas que me vejam e sei que, se estivesses vivo e eles chegassem de repente, tu lhe dirias: eis Tereza, minha mulher.
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Aquele Domingo de Maio transcorreu numa rotina de venturosa bonança. O banho de rio de manhãzinha, do qual voltaram na carreira, pois começara a chover, borrifos de água a lavar a cara do céu.
Permaneceram em casa o resto do dia até depois do jantar, o doutor numa preguiça de convalescente, da cama para o sofá, do sofá para a rede.
Durante a tarde o prefeito apareceu, veio solicitar o apoio de Emiliano para uma pretensão orçamentária da Municipalidade junto ao Executivo estadual: uma palavra do eminente cidadão de Estância – nós o consideramos um dos nossos! – ao governador será, sem sombra de dúvida, decisiva.
O doutor o recebeu no jardim onde descansava namorando Tereza. A amásia quis retirar-se para os deixar à vontade, mas Emiliano deu-lhe a mão, não lhe permitindo sair. Ele mesmo chamou lula e o enviou em busca de bebidas e de um cafezinho passado na hora.
Se não de todo refeito, pelo menos em plena convalescença, rindo, conversando, discutindo os projectos do prefeito, comandando, recuperado do cansaço e da amargura. Os poucos dias transcorridos em Estância, em companhia da amásia, parecem ter cicatrizado as feridas, aplaca as máguas. (clik na imagem e aumente)
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