segunda-feira, outubro 17, 2011

A FESTA




DO



CASAMENTO

DE TEREZA


BATISTA





OU

A GREVE DO BALAIO FECHADO NA BAHIA

OU

TEREZA BATISTA
DESCARREGA A MORTE NO MAR

Episódio Nº 232


1





Seja bem-vindo, tome assento, esteja em casa neste terreiro de Xangô, enquanto preparo a mesa e os búzios para olhar. Quer apenas esclarecer pequena dúvida? Uma informação somente?

Aqui chega recomendado por amigo de tanta estimação, me ponho às suas ordens, pode perguntar, pois neste axé, afora os orixás, quem manda e desmanda é a amizade, não conheço outro senhor.

Deseja saber a verdade sobre o santo de Tereza, quem lhe determina a vida e a protege contra o mal, o anjo da guarda, o dono da cabeça? Tem ouvido por aí, nas encruzilhadas da Bahia, muito disparate, contínuo desacordo, está confuso?

É natural esse desacordo nas notícias, acontece com frequência, pois nos tempos de agora todo o mundo sabe tudo, ninguém confessa ignorância, inventar não custa.

Em troca, a guarda dos Orixás custa a vida inteira e ai da escolhida mãe de santo que, não podendo dar conta do recado, queira enganar o raio e o trovão, as folhas do mato e as ondas do mar, o arco-íris e a flor disparada.

Ninguém consegue iludir os encantados e quem não tiver competência para tomar a navalha na hora certa do efun, quem não recebeu o deká com a chave do segredo, a resposta da advinha, é melhor não se meter a sebo, essas coisas não são de brincadeiras, o perigo é mortal.

Muitos casos, posso lhe contar noutra ocasião, quando lhe sobre tempo e paciência para ouvir.

Para atirar búzios sobre a mesa basta ter mão e atrevimento. Mas para ler a resposta escrita nesses búzios pelos encantados é preciso saber do claro e do escuro, do dia e da noite, do nascente e do poente, do ódio e do amor.

Recebi meu nome antes de nascer, comecei a aprender desde menina. Quando fui levantada e confirmada, chorei de medo, mas os orixás me deram forças e iluminaram meu pensar.







Aprendi com minha avó, as velhas tias, com os babalaôs e mãe Aninha. Hoje sou de maior e neste axé ninguém levanta a voz além de mim.

Só respeito na Bahia a yalorixá do candomblé do Gantois, Menininha, minha irmã-de-santo, minha igual no saber e no poder. Porque cuido dos encantados no rigor dos preceitos e das quizilas, atravesso o fogo e não me queimo.

Mas se tratando de Tereza deixe que lhe diga haver motivo de sobra para confusão; até quem muito sabe, nesse caso se atrapalha na leitura dos búzios sobre a mesa. Muita gente andou vendo por aí e não houve acordo. Os mais antigos falaram em Iansã, os mais recentes em Iemanjá.





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