TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 269
O alemão Hansen levanta-se, beija a face de Nília Cabaré. Nas mesas, meia dúzia de mulheres à espera de freguesia. Declararam-se todas solidárias. Saem à rua anunciando a decisão de porta em porta. Nília Cabaré arranjou um cadeado com o patrão do bar e o prendeu na saia, na altura exacta.
Com elas vão o gringo, alguns poetas, uns quantos vagabundos, o desenhista Kalil, xodó de Anália, os últimos boémios de um mundo que se acaba na pressa e no consumo.
Feche o balaio agora mesmo, começou um calendário novo, o tempo da paixão das putas, a penitência só terminará quando as raparigas retornarem às casas da Barroquinha e romperem o aleluia destrancando as fechaduras dos balaios. Sendo espontânea foi inabalável a resolução.
Saltam mulheres do leito de trabalho, deixam os fregueses em meio do folguedo, trancam os xibius.
28
Na padaria, Tereza explica a Almério os precedentes da invasão da Barroquinha pelas forças da delegacia de Jogos e Costumes. O comerciante lera algo nos jornais, protestos contra a localização do meretrício. Em sua opinião, Tereza não deve voltar ao Flor de Lotus naquela noite. Está avisada pela polícia, não reparou na raiva de Peixe Cação, aquele pinóia? O melhor seria dormir ali no quarto de Zeques, nem em casa de dona Fina estará livre de um abuso dos tiras, gente capaz de tudo. Mas Tereza recusou a oferta. Após espiar o menino deitado em cama nova se despede.
- Deixe pelo menos que eu a acompanhe até casa.
Nem isso, pois ela ainda não se vai recolher. Antes deve receber resposta de Vavá. Está na hora, meia-noite e um quarto. Se ninguém se mudar, Almério, a polícia ficará de braços amarrados. Já pensou na cara desses tiras habituados a mandar e a desmandar? Almério não participa do entusiasmo de Tereza.
Por que se mete nisso, não é assunto seu, já tem tanto motivo de aperreio, ainda quer mais? Quem sabe, na briga esquece outras tristezas, o navio Balboa, cigano do mar Pacífico e Janu de bem-querer, perdido marinheiro?
- Então vou deixá-la na porta de Vavá
Quando Almério, diante do bordel oferece a mão a Tereza para ajudá-la a descer do táxi, um grupo de mulheres acorre, em incompreensível gritaria.
- Fecha o balaio! Fecha o balaio!
Tereza sobe as escadas.
- Muito obrigado Almério, até amanhã.
Almério, porém, não vai embora, manda o táxi esperar. As mulheres se aproximam, uma delas tem um cadeado preso no vestido, parece doida. O chofer deseja saber o significado de tudo aquilo. As mulheres da zona decidiram fechar o balaio, apenas isso.
Balança a cabeça o motorista: se escuta nesse mundo cada extravagância, onde se viu comemorar Semana Santa no fim do ano? Cambada de bêbadas.
(click na imagem)
Com elas vão o gringo, alguns poetas, uns quantos vagabundos, o desenhista Kalil, xodó de Anália, os últimos boémios de um mundo que se acaba na pressa e no consumo.
Feche o balaio agora mesmo, começou um calendário novo, o tempo da paixão das putas, a penitência só terminará quando as raparigas retornarem às casas da Barroquinha e romperem o aleluia destrancando as fechaduras dos balaios. Sendo espontânea foi inabalável a resolução.
Saltam mulheres do leito de trabalho, deixam os fregueses em meio do folguedo, trancam os xibius.
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Na padaria, Tereza explica a Almério os precedentes da invasão da Barroquinha pelas forças da delegacia de Jogos e Costumes. O comerciante lera algo nos jornais, protestos contra a localização do meretrício. Em sua opinião, Tereza não deve voltar ao Flor de Lotus naquela noite. Está avisada pela polícia, não reparou na raiva de Peixe Cação, aquele pinóia? O melhor seria dormir ali no quarto de Zeques, nem em casa de dona Fina estará livre de um abuso dos tiras, gente capaz de tudo. Mas Tereza recusou a oferta. Após espiar o menino deitado em cama nova se despede.
- Deixe pelo menos que eu a acompanhe até casa.
Nem isso, pois ela ainda não se vai recolher. Antes deve receber resposta de Vavá. Está na hora, meia-noite e um quarto. Se ninguém se mudar, Almério, a polícia ficará de braços amarrados. Já pensou na cara desses tiras habituados a mandar e a desmandar? Almério não participa do entusiasmo de Tereza.
Por que se mete nisso, não é assunto seu, já tem tanto motivo de aperreio, ainda quer mais? Quem sabe, na briga esquece outras tristezas, o navio Balboa, cigano do mar Pacífico e Janu de bem-querer, perdido marinheiro?
- Então vou deixá-la na porta de Vavá
Quando Almério, diante do bordel oferece a mão a Tereza para ajudá-la a descer do táxi, um grupo de mulheres acorre, em incompreensível gritaria.
- Fecha o balaio! Fecha o balaio!
Tereza sobe as escadas.
- Muito obrigado Almério, até amanhã.
Almério, porém, não vai embora, manda o táxi esperar. As mulheres se aproximam, uma delas tem um cadeado preso no vestido, parece doida. O chofer deseja saber o significado de tudo aquilo. As mulheres da zona decidiram fechar o balaio, apenas isso.
Balança a cabeça o motorista: se escuta nesse mundo cada extravagância, onde se viu comemorar Semana Santa no fim do ano? Cambada de bêbadas.
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