GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 45
- Ninguém pensa isso, coronel – disse Nacib.
Ramiro Bastos mudava de assunto, perguntava a Josué:
- Como vai o colégio do Enoch? Josué era professor e subdirector do colégio.
Vai bem, muito bem. Foi equiparado, Ilhéus já tem seu ginásio. Uma grande notícia.
- Já foi equiparado? Não sabia… O Governador mandou-me dizer que só podia ser no princípio do ano. Que o Ministério não podia fazer antes, era proibido. Eu me interessei muito pelo caso.
- Realmente, coronel, as equiparações, em princípio, são feitas sempre no começo do ano, antes do início das aulas. Mas Enoch pediu a Mundinho Falcão quando ele foi para o Rio…
- Ah!
- … e ele obteve do Ministro uma excepção. Já para os exames deste ano o colégio terá fiscal federal. É uma grande notícia para Ilhéus…
- Não há dúvida… Não há dúvida…
O jovem professor continuava a falar. Nacib aproveitava para despedir-se, o coronel nem os ouvia. Seu pensamento estava longe. Que diabo fazia seu filho Alfredo na Baía? Deputado estadual, entrando em Palácio e falando com governador a qualquer hora, que diabo fazia? Não havia ele mandado pedir a equiparação do colégio? A ele e mais ninguém, deveriam Enoch e a cidade a equiparação do colégio se o governador, pressionado por Alfredo, houvesse realmente se interessado.
Ele, Ramiro, quase não ia ultimamente à Baía, às sessões do Senado, a viagem era um sacrifício. E o resultado aí estava. Seus pedidos ao Governo dormiam nos Ministérios, arrastavam-se nos caminhos normais da burocracia, enquanto que… o colégio seria equiparado sem falta no começo do ano, mandara dizer-lhe o Governador como se estivesse atendendo pressurosamente seu pedido.
E ele ficara contente, dera a notícia a Enoch, sublinhando a presteza com que o governo respondera à sua solicitação.
- Para o ano seu colégio terá fiscalização federal. Enoch agradecera mas lastimara:
- Pena não ter obtido agora mesmo, coronel. Vamos perder um ano, muitos meninos irão para a Baía.
- Fora do prazo, meu caro. No meio do ano a equiparação é impossível. Mas é só esperar um pouco.
E agora, de repente, essa notícia. O colégio equiparado fora do prazo por obra e graça de Mundinho Falcão.
Iria à Baía, o Governador ouviria poucas e boas… Não era homem com quem se brincasse, com cujo prestígio se pudesse jogar. Também que diabo fazia seu filho na Câmara Estadual?
O rapaz não tinha mesmo jeito para político, era bom médico, bom administrador, mas era mole, não saíra a ele, não sabia impor. O outro, Tonico, só pensava em mulheres, não queria saber de mais nada… Josué despedia-se.
- Até logo, meu filho. Diga a Enoch que eu mando meus parabéns. Eu estava esperando a notícia a qualquer momento…
Ramiro Bastos mudava de assunto, perguntava a Josué:
- Como vai o colégio do Enoch? Josué era professor e subdirector do colégio.
Vai bem, muito bem. Foi equiparado, Ilhéus já tem seu ginásio. Uma grande notícia.
- Já foi equiparado? Não sabia… O Governador mandou-me dizer que só podia ser no princípio do ano. Que o Ministério não podia fazer antes, era proibido. Eu me interessei muito pelo caso.
- Realmente, coronel, as equiparações, em princípio, são feitas sempre no começo do ano, antes do início das aulas. Mas Enoch pediu a Mundinho Falcão quando ele foi para o Rio…
- Ah!
- … e ele obteve do Ministro uma excepção. Já para os exames deste ano o colégio terá fiscal federal. É uma grande notícia para Ilhéus…
- Não há dúvida… Não há dúvida…
O jovem professor continuava a falar. Nacib aproveitava para despedir-se, o coronel nem os ouvia. Seu pensamento estava longe. Que diabo fazia seu filho Alfredo na Baía? Deputado estadual, entrando em Palácio e falando com governador a qualquer hora, que diabo fazia? Não havia ele mandado pedir a equiparação do colégio? A ele e mais ninguém, deveriam Enoch e a cidade a equiparação do colégio se o governador, pressionado por Alfredo, houvesse realmente se interessado.
Ele, Ramiro, quase não ia ultimamente à Baía, às sessões do Senado, a viagem era um sacrifício. E o resultado aí estava. Seus pedidos ao Governo dormiam nos Ministérios, arrastavam-se nos caminhos normais da burocracia, enquanto que… o colégio seria equiparado sem falta no começo do ano, mandara dizer-lhe o Governador como se estivesse atendendo pressurosamente seu pedido.
E ele ficara contente, dera a notícia a Enoch, sublinhando a presteza com que o governo respondera à sua solicitação.
- Para o ano seu colégio terá fiscalização federal. Enoch agradecera mas lastimara:
- Pena não ter obtido agora mesmo, coronel. Vamos perder um ano, muitos meninos irão para a Baía.
- Fora do prazo, meu caro. No meio do ano a equiparação é impossível. Mas é só esperar um pouco.
E agora, de repente, essa notícia. O colégio equiparado fora do prazo por obra e graça de Mundinho Falcão.
Iria à Baía, o Governador ouviria poucas e boas… Não era homem com quem se brincasse, com cujo prestígio se pudesse jogar. Também que diabo fazia seu filho na Câmara Estadual?
O rapaz não tinha mesmo jeito para político, era bom médico, bom administrador, mas era mole, não saíra a ele, não sabia impor. O outro, Tonico, só pensava em mulheres, não queria saber de mais nada… Josué despedia-se.
- Até logo, meu filho. Diga a Enoch que eu mando meus parabéns. Eu estava esperando a notícia a qualquer momento…
(Click na imagem dos três coroneis: Ramiro Bastos, Amâncio e Mamuel das Onças)
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