GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 67
Mundinho Falcão, tendo marcado encontro com Clóvis Costa no bar Vesúvio, viu-se envolvido pelos comentários. Sorria indiferente preocupado com seus projectos políticos aos quais se entregava de corpo e alma.
Ele era assim: quando decidia fazer uma coisa não descansava enquanto não visse realizada. Mas tanto o Doutor quanto o Capitão pareciam distantes de qualquer outro assunto além do crime, como se a conversa da manhã não houvesse sequer existido.
Mundinho apenas lastimara a morte do dentista, seu vizinho na praia e um dos seus raros companheiros no banho do mar, considerado então quase um escândalo em Ilhéus. O Doutor, cujo temperamento arrebatado sentia-se bem naquele clima de tragédia, a pretexto de Sinhàzinha revivia Ofenísia, a do Imperador:
- Dª Sinhàzinha era ainda aparentada dos Ávilas. Família de mulheres românticas. Ela deve ter herdado o destino da prima, sua vocação para a desgraça.
- Que Ofenísia? Quem é essa? – quis saber um comerciante do Rio do Braço, vindo a Ilhéus para a feira e desejoso de levar ao seu povoado o maior e mais completo sortimento de detalhes do crime.
- Uma antepassada minha, beleza fatal que inspirou o poeta Teodoro de Castro e apaixonou D. Pedro II. Morreu de desgosto por não ter ido com ele.
- Pra onde?
- Ora, pra onde… - gracejou João Fulgêncio. – Para a cama, para onde havia de ser…
O Doutor explicava:
- Para o Corte. Não lhe importava ser amante dele, o irmão teve que trancá-la a sete chaves. O irmão, o coronel Luís António d’ Ávila, da guerra do Paraguai. Ela morreu de desgosto. Em Dª Sinhàzinha havia sangue de Ofenísia, esse sangue dos Ávilas marcado pela tragédia!
Nhô-Galo surgia afobado, soltava a notícia no meio da mesa:
- Foi carta anónima, Jesuíno encontrou na fazenda.
- Quem teria escrito?
Perdiam –se num silêncio de cogitações. Mundinho aproveitou-se para perguntar ao Capitão em voz baixa:
- E Clóvis Costa? Falou com ele?
- Estava escrevendo a notícia do crime. Até atrasou o jornal. Combinei pra de noite, em sua casa.
- Então vou embora…
- Embora com uma história dessas?
- Não sou daqui, meu caro… - riu o exportador.
Era geral o assombro perante tanta indiferença por um prato daqueles, suculento, de raro sabor.
Mundinho atravessava a praça, encontrava-se com o grupo de moças do Colégio de Freiras comboiadas pelo professor Josué. À aproximação do exportador, os olhos de Malvina resplandeceram, sua boca sorriu, ajeitou o vestido. Josué, feliz por estar em companhia de Malvina, felicitou mais uma vez Mundinho, pela equiparação do Colégio:
- Ilhéus lhe deve mais esse benefício…
Mundinho Falcão, tendo marcado encontro com Clóvis Costa no bar Vesúvio, viu-se envolvido pelos comentários. Sorria indiferente preocupado com seus projectos políticos aos quais se entregava de corpo e alma.
Ele era assim: quando decidia fazer uma coisa não descansava enquanto não visse realizada. Mas tanto o Doutor quanto o Capitão pareciam distantes de qualquer outro assunto além do crime, como se a conversa da manhã não houvesse sequer existido.
Mundinho apenas lastimara a morte do dentista, seu vizinho na praia e um dos seus raros companheiros no banho do mar, considerado então quase um escândalo em Ilhéus. O Doutor, cujo temperamento arrebatado sentia-se bem naquele clima de tragédia, a pretexto de Sinhàzinha revivia Ofenísia, a do Imperador:
- Dª Sinhàzinha era ainda aparentada dos Ávilas. Família de mulheres românticas. Ela deve ter herdado o destino da prima, sua vocação para a desgraça.
- Que Ofenísia? Quem é essa? – quis saber um comerciante do Rio do Braço, vindo a Ilhéus para a feira e desejoso de levar ao seu povoado o maior e mais completo sortimento de detalhes do crime.
- Uma antepassada minha, beleza fatal que inspirou o poeta Teodoro de Castro e apaixonou D. Pedro II. Morreu de desgosto por não ter ido com ele.
- Pra onde?
- Ora, pra onde… - gracejou João Fulgêncio. – Para a cama, para onde havia de ser…
O Doutor explicava:
- Para o Corte. Não lhe importava ser amante dele, o irmão teve que trancá-la a sete chaves. O irmão, o coronel Luís António d’ Ávila, da guerra do Paraguai. Ela morreu de desgosto. Em Dª Sinhàzinha havia sangue de Ofenísia, esse sangue dos Ávilas marcado pela tragédia!
Nhô-Galo surgia afobado, soltava a notícia no meio da mesa:
- Foi carta anónima, Jesuíno encontrou na fazenda.
- Quem teria escrito?
Perdiam –se num silêncio de cogitações. Mundinho aproveitou-se para perguntar ao Capitão em voz baixa:
- E Clóvis Costa? Falou com ele?
- Estava escrevendo a notícia do crime. Até atrasou o jornal. Combinei pra de noite, em sua casa.
- Então vou embora…
- Embora com uma história dessas?
- Não sou daqui, meu caro… - riu o exportador.
Era geral o assombro perante tanta indiferença por um prato daqueles, suculento, de raro sabor.
Mundinho atravessava a praça, encontrava-se com o grupo de moças do Colégio de Freiras comboiadas pelo professor Josué. À aproximação do exportador, os olhos de Malvina resplandeceram, sua boca sorriu, ajeitou o vestido. Josué, feliz por estar em companhia de Malvina, felicitou mais uma vez Mundinho, pela equiparação do Colégio:
- Ilhéus lhe deve mais esse benefício…
(Click na imagem da Gabriela prestes a entrar na vida de Nacib e aqui rodeada de flores)
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