CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 99
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E o marido?
-
Inteiramente do coronel. Já sabe tudo sobre Ribeirinho. E comigo não quer nada.
Que a mulher ria para Ribeirinho, saia dançando com apertadinha, que segure a
testa para ele vomitar, o crápula acha uma beleza. Mas basta eu me aproximar e
ele se mete no meio. Aqui lo não
passa de um cafetão emérito.
- Tem medo que você estrague o negócio
dele.
-
Eu? Só quero as sobras. Que Ribeirinho pague e eu me contento contento com os
dias feriados… Quanto ao marido, não se preocupe. A essas horas ele já deve
saber que sou filho do chefe político da terra. Que tem de se comportar direito
comigo.
Chico Moleza chegava com o almoço. Nacib
abandonou o balcão, instalou-se numa das mesas, amarrando um guardanapo no pescoço:
-
Vamos ver que tal a cozinheira…
-
A nova? – Tonico aproximou-se curioso.
-
Nunca vi morena tão bonita! Chico Moleza deixava as palavras rolar
preguiçosamente.
-
E você me disse que era uma bruxa, seu árabe sem vergonha. Escondendo a verdade
de seu amigo. Hem?
Nacib destapava a marmita, separava os
pratos.
-
Oh! – exclamava ante o arma a exalar-se da galinha de cabidela, da carne de sol
assada, do arroz, do feijão, do doce de banana em rodinhas.
Tonico interrogava Chico Moleza:
-
Bonita de verdade?
-
Se é…
Curvava-se sobre os pratos.
-
E não sabe cozinhar, não é? Seu turco mentiroso… Até dá água na boca…
Nacib convidava.
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Dá para dois. Faça uma boqui nha.
Bico Fino abria uma garrafa de cerveja,
colocava na mesa.
-
Que é que ela está fazendo? – perguntou Nacib a Chico.
-
Tá numa prosa comprida com a velha. Tão falando de espiritismo. Quer dizer:
Mamãe está falando, ela só faz escutar e rir. Quando ela ri, seu Tonico, até
tonteia a gente.
-
Oh! – voltava a exclamar Nacib após a primeira garfada. – Maná dos céus. Desta
vez, valha Deus, estou bem servido.
-
Prá mesa e prá a cama seu turco…
Nacib empanturrou-se e, após a saída de
Tonico, estendeu-se, como fazia diariamente, na espreguiçadeira, à sombra de
umas árvores no fundo do bar. Tomou de um jornal da Bahia, atrasado de quase
uma semana, acendeu o charuto.
Passava a mão nos bigodes, contente da
vida, dissipara-se a tristeza da manhã de enterros. Mais tarde iria à loja do
tio, traria um vestido barato, um par de chinelos. E acertaria com a cozinheira
os salgados e doces para o bar.
Não pensara, que aquela retirante,
coberta de poeira, vestida de trapos, soubesse cozinhar… E que a poeira
escondesse tanto encanto, tanta sedução… Adormeceu na paz de Deus. A brisa do
mar acariciou-lhe os bigodes.
(Click e aumente a imagem da que poderia ser a vaporosa Anabela a mostrar-se ao coronel Ribeirinho)
(Click e aumente a imagem da que poderia ser a vaporosa Anabela a mostrar-se ao coronel Ribeirinho)
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