Texto de José
Mário Silva
JORGE
LUÍS BORGES (1899 – 1986)
Tal
como Joyce, foi esquecido pela Academia Sueca, tão lesta a entregar o Nobel a
escritores menores. A bem dizer,nunca necessitou desse tipo de caução. A sua
fama, ganhou-a com textos buriladíssimos – ficções labirínticas, poemas de uma
elegância clássica, ensaios desvairadamente enciclopédicos – e com a pose
de sábio cego, feliz no recato de uma biblioteca sem limites, alimentando-se apenas
da música das palavras. Erudito, bibliómano, Borges é o escritor por antonomásia, (figuras de retórica, ex: "Camões: O príncipe dos poetas") o homem que tinha na cabeça a Literatura toda (das 1001 Noites às sagas
islandesas, de Cervantes a Chesterton) e a soube reinventar em livros que são como
jogos de espelhos em que se aprisiona o infinito. A sua escrita, cerebral e de uma
lógica avassaladora, prestou-se a todo o tipo de pastiches (plágios). Poucos autores do
século XX terão influenciado tantos bons escritores e tantos maus epígonos, (aquele pensador ou artista que foi discípulo numa geração anterior de um grande mestre) iludindo-se estes com a aparente facilidade de imitar o que afinal era
inimitável.
O que nos ensinou:
uma biblioteca pode ser
um lugar
mais aventuroso do que a selva amazónica.
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