CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 135
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E você não tem vontade de ser uma senhora, mandar numa casa, sair de braço com
o seu marido, vestir do bom e do melhor, ter representação?
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Era capaz de ter de calçar sapato todo o dia… gosto não… De calçar sapato. De
casar com seu Nacib, era até capaz de gostar. Ficar a vida toda cozinhando para
ele, ajudando ele… – Sorria, ronronava para o gato, tocava-lhe o nariz molhado
e frio. – Mas qual, seu Nacib tem mais que fazer. Não vai querer casar com uma
qualquer como eu, que ele já encontrou perdida… quero pensar nisso não, Dª
Arminda. Nem que ele fosse maluco.
Pois eu lhe digo minha filha. É só você
querer, saber levar as coisas com jeito, dando e negando, deixando ele com água
na boca. Ele já anda assustado. Meu Chico me contou que o juiz fala em botar
casa para você.
Ele ouviu seu Nhô-Galo dizer, seu Nacib
anda com o coração na mão.
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Quero não… – Morria o sorriso em seus lábios.
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Gosto dele não. Velho sem graça esse tal de juiz.
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Lá está outro… – sussurrou Dª Arminda.
O coronel Manuel das Onças, com seu
andar de roceiro, subia a rua. Parava ante as mulheres, tirava o chapéu-panamá,
com um lenço de cor limpava o suor.
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Boas tardes.
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Boa tarde, coronel – respondia a viúva.
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Essa é a casa de Nacib, não é? Conheci pela moça.
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Apontava Gabriela. Ando procurando empregada, vou trazer a família para Ilhéus…
Não sabem de nenhuma?
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Empregada pra quê, coronel?
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Hum… pra cozinhar…
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É difícil por aqui .
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Quanto Nacib lhe paga?
Gabriela levantava os olhos cândidos.
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Sessenta mil réis, sim senhor…
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Paga bem, não há dúvida.
Fez-se um silêncio prolongado, o
fazendeiro olhava o corredor, Dª Arminda recolheu seus remendos, cumprimentou,
ficou ouvindo por detrás da porta de sua casa.
O coronel abriu-se num sorriso
satisfeito:
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Pra lhe falar verdade, de cozinheira não preciso. Quando a família vier trago
uma da roça. Mas é pena um morenão como você metida na cozinha.
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Porquê, seu coronel?
(Click na imagem. De uma beleza diferente da Gabriel mas não inferior)
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