À ENTREVISTA Nº 53 SOBRE O
TEMA:
“ABORTO?” (8)
Por que tanta severidade?
Não é fácil de
entender em profundidade a insistente e severa intolerância de alguns clérigos
quando se opõem a todos os abortos em todas as circunstâncias. Além das razões derivadas da misoginia
tradicional eclesiástica, o desejo de controlar a sexualidade das mulheres ou
de restringir a sua liberdade de
consciência, o teólogo alemão Eugen Drewermann, psicanalista de profissão, diz
que uma das razões mais íntimas e escondidas que podem explicar esta
posição é:
- Numa perspectiva psicanalítica está bem
motivado o rigor com a estrita proibição de "matar
a criança no ventre de sua mãe" até à
comparação incrível e
teoricamente incompreensível do Cardeal
Joseph Hoffner (1986), que coloca no mesmo plano o aborto e o extermínio em
massa de tantos "vidas inúteis" nas câmaras de gás do regime nazi.
Para entender esta motivação, é
preciso pensar no que foi a vida dessa pessoas com uma experiência da primeira infância
muito curta que, quando chegada a maturidade, se torna numa evidência contundente
de que se realmente existem deve-se somente à vontade heróica do sacrifício da
própria mãe.
Consequentemente, o que há a esperar de alguém que chega a essa evidência
é que, como um outro Abel, assuma a sua disponibilidade pessoal para o
sacrifício. Então, quando se
tornam num sacerdote de um Deus exigente, ele pode exigir a todos,
especialmente às mulheres e mães, que actuem da mesma forma e ofereçam,
livremente, o seu sacrifício pessoal.
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