À ENTREVISTA
Nº 54 SOBRE O TEMA:
“O ABORTO MASCULINO?” (1)
A escolha entre a Vida e a Vida
Confrontar as pessoas com o dilema do
aborto é dividi-las entre o Pro-Vida e o Pró-Aborto. O Pró-Vida diz que todo
aborto é um crime. E o aborto é matar. E eles querem acreditar que existem
grupos de mulheres, feministas, pertencentes à "cultura da morte" e,
assim, promover a participação em massa, e até mesmo festiva, do aborto. Ao
colocar o dilema entre a vida e a morte contribuem para culpar e intimidar as
mulheres. Mas, qualquer mulher, com uma gravidez indesejada, de risco ou de
resultado incerto, está sempre num dilema, que é entre a vida e a vida.
Que vida espera a quem está para nascer
se nasce com uma doença congénita? E se os pais já têm muitos filhos e não podem
dar-se ao luxo de lhe dar o básico? Que risco corre a vida de uma mulher
grávida por ter uma doença crónica, ou problemas de saúde? Que risco emocional
corre essa mulher com uma gravidez indesejada, não prevista indesejada, e o que
significa esse risco emocional para o resto da sua vida? Que oportunidades de
vida - estudo, trabalho, relacionamentos, se colocam a uma adolescente grávida?
Que origem violenta e abusiva começou no ventre daquela menina? O que
significará a origem violenta da gravidez forçada para o futuro dessa nova
vida?
Deve morrer para "não matar"
uma mulher com uma doença grave, que fica grávida e se vai curar com uma
operação em que o feto fica perdido deixando órfãos outras crianças? É matar, não
dar a vida a um feto que tem uma doença incurável, com o qual irá sobreviver
dolorosamente toda a sua vida? Deve vir à vida para sofrer e fazer sofrer
àqueles que cuidam dele? É matar, não dar a vida a um feto que tem uma
malformação cerebral grave numa família pobre que não tem posses para o tratar
ou numa família onde a criança é um fardo insuportável para os seus pais e
irmãos? É matar, não dar a vida a um feto com uma doença incurável, temendo seus
pais que essa doença condicione suas vidas para sempre?
É matar, não dar vida a quem foi fruto
da violência e estupro, e é rejeitada desde o ventre? É matar, não dar vida a
quem é o resultado do estupro de uma menina? Todas estas questões mostram que o
dilema é entre a vida e a vida. E cada caso é diferente e exige uma reflexão diferente.
E, em cada caso deve haver a liberdade para tomar decisões responsáveis sobre a vida.
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