BERTRAND RUSSEL FALA SOBRE DEUS
A crença instalou-se no cérebro humano, tem aí o seu espaço porque em tempos remotos, acreditar e obedecer revelaram-se importantes para a sobrevivência da espécie. Os que não acreditaram nos conselhos e avisos dos pais e dos mais velhos corriam maiores riscos, tinham a vida mais curta, menores probabilidades em chegar à idade de procriação e isto correspondeu, na realidade, a um longo processo de selecção em que, por fim, só nasciam crentes.
Continuar a acreditar nos pais e nos mais velhos nos dias de hoje é importante mas já não estará ligado à sobrevivência da espécie e daí que o homem não tem mais vantagem nessa tendência natural para a crença que, de certa forma, opôe-se ao espírito crítico e racional, esses, sim, cada vez mais decisivos para a nossa sobrevivência. Os cientistas e pensadores, mais dotados intelectualmente, estão na vanguarda na expressão de um pensamento livre de crenças mas não é fácil quando a uma propensão natural para acreditar se junta o peso da herança de uma cultura histórica e de interesses poderosíssimos que ao longo de séculos se instalaram transformando as questões da fé num grande e enorme negócio.
Pior que tudo, foram as roturas, as paredes, os muros que as religiões levantaram entre os homens e os dividiram irremediavelmente transformando em ódio o que bem poderia ser amor e entendimento porque, para "zaragatas", bem chegariam só as questões materiais...
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