sexta-feira, agosto 31, 2012


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 181


Das Dragas com Noiva


Foi o casamento mais animado de Ilhéus. O Juiz (de rapariga nova, para quem alugara a casa no Beco das Quatro Mariposas quando se desiludira de esperar por Gabriela) pronunciou umas palavras para desejar para desejar felicidades àquele novo casal que um amor verdadeiro unira acima das convenções sociais, das diferenças de posição e classe.

Gabriela de azul-celeste, de olhos baixos, sapatos a apertá-la, tímido riso nos lábios, era uma sedução. Entrara na sala pelo braço de Tonico, o tabelião, numa elegância de grandes dias.

A casa da Ladeira de São Sebastião, estava repleta. Viera todo o mundo, convidados ou não, ninguém queria perder o espectáculo. Desde que lhe falara em casamento, Nacib mandara Gabriela para casa de dona Arminda. Não ficava bem ela dormindo no mesmo teto que o noivo.

 - Porquê – perguntou Gabriela – Importa não…

Importava, sim. Agora era sua noiva, seria sua esposa, todo o respeito era pouco. Quando lhe dera a notícia, quando pedira sua mão, ela ficara a pensar:

 - Porquê, seu Nacib? Precisa não…

 - Não aceita?

 - Aceitar, eu aceito. Mas precisava não. Gosto sem isso.

Contratara empregadas, por ora duas: uma para arrumar, outra, meninota, para aprender a cozinhar. Depois pensaria nas outras, no restaurante. Mandou pintar a casa, comprou novos móveis. Enxoval para ela, a tia ajudou a escolher.

Vestidos, anáguas, sapatos e meias. Os tios, passada a surpresa, foram gentis. Até a casa ofereceram para hospedá-la. Não aceitou, como iria ficar aqueles dias sem ela? O muro era baixo a separar o seu quintal do de d. Arminda. Como um cabrito montês Gabriela saltava, as pernas à mostra. Vinha de noite dormir com ele.

A irmã e o cunhado não quiseram saber, ficaram de mal. Os Aschear de Itabuna, mandaram presentes: um abat-jour, todo feito de conchas, coisa de ver-se.

Viera todo o mundo, para espiar Nacib de azul-marinho, os bigodões florescentes, cravo na lapela, sapatos de verniz.

Gabriela a sorrir de olhos no chão. O Juiz os declarou casados: Nacib Aschear Saad, de trinta e três anos, comerciante, nascido em Ferradas, registado em Itabuna ; Gabriela da Silva, de vinte e um anos, de prendas domésticas, nascida em Ilhéus, ali registada.

A casa entupida de gente, muitos homens, poucas mulheres: a mulher de Tonico, que foi testemunha, a loira Jerusa, sua sobrinha, a senhora do Capitão, tão boa e tão simples, as irmãs Dos Reis, com muitos sorrisos, a esposa de João Fulgêncio, alegre mãe de seis filhos. Outras não quiseram vir, que casamento era aquele tão diferente?

As mesas servidas, bebidas à vontade. Não cabiam na casa, tantos que eram, enchiam o passeio. Foi o casamento mais animado de Ilhéus.
(Click na imagem. Foi o casamento de Nacib com Gabriela. Ele ia de azul marinho e ela de azul celeste.Foi o casamento mais animado de Ilhéus... e foi por amor. O fotógrafo não estava lá para registar mas garanto que iam ambos felicíssimos)

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