CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 181
Das Dragas com Noiva
Foi o casamento mais animado de Ilhéus. O
Juiz (de rapariga nova, para quem alugara a casa no Beco das Quatro Mariposas
quando se desiludira de esperar por Gabriela) pronunciou umas palavras para
desejar para desejar felicidades àquele novo casal que um amor verdadeiro unira
acima das convenções sociais, das diferenças de posição e classe.
Gabriela de azul-celeste, de olhos
baixos, sapatos a apertá-la, tímido riso nos lábios, era uma sedução. Entrara
na sala pelo braço de Tonico, o tabelião, numa elegância de grandes dias.
A casa da Ladeira de São Sebastião,
estava repleta. Viera todo o mundo, convidados ou não, ninguém queria perder o
espectáculo. Desde que lhe falara em casamento, Nacib mandara Gabriela para
casa de dona Arminda. Não ficava bem ela dormindo no mesmo teto que o noivo.
-
Porquê – perguntou Gabriela – Importa não…
Importava, sim. Agora era sua noiva,
seria sua esposa, todo o respeito era pouco. Quando lhe dera a notícia, quando
pedira sua mão, ela ficara a pensar:
-
Porquê, seu Nacib? Precisa não…
-
Não aceita?
-
Aceitar, eu aceito. Mas precisava não. Gosto sem isso.
Contratara empregadas, por ora duas: uma
para arrumar, outra, meninota, para aprender a cozinhar. Depois pensaria nas
outras, no restaurante. Mandou pintar a casa, comprou novos móveis. Enxoval
para ela, a tia ajudou a escolher.
Vestidos, anáguas, sapatos e meias. Os
tios, passada a surpresa, foram gentis. Até a casa ofereceram para hospedá-la.
Não aceitou, como iria ficar aqueles dias sem ela? O muro era baixo a separar o
seu qui ntal do de d. Arminda. Como
um cabrito montês Gabriela saltava, as pernas à mostra. Vinha de noite dormir
com ele.
A irmã e o cunhado não qui seram saber, ficaram de mal. Os Aschear de
Itabuna, mandaram presentes: um abat-jour, todo feito de conchas, coisa de
ver-se.
Viera todo o mundo, para espiar Nacib de
azul-marinho, os bigodões florescentes, cravo na lapela, sapatos de verniz.
Gabriela a sorrir de olhos no chão. O
Juiz os declarou casados: Nacib Aschear Saad, de trinta e três anos,
comerciante, nascido em Ferradas, registado em Itabuna ; Gabriela da Silva, de
vinte e um anos, de prendas domésticas, nascida em Ilhéus, ali registada.
A casa entupida de gente, muitos homens,
poucas mulheres: a mulher de Tonico, que foi testemunha, a loira Jerusa, sua
sobrinha, a senhora do Capitão, tão boa e tão simples, as irmãs Dos Reis, com
muitos sorrisos, a esposa de João Fulgêncio, alegre mãe de seis filhos. Outras
não qui seram vir, que casamento era
aquele tão diferente?
As mesas servidas, bebidas à vontade.
Não cabiam na casa, tantos que eram, enchiam o passeio. Foi o casamento mais
animado de Ilhéus.
(Click na imagem. Foi o casamento de Nacib com Gabriela. Ele ia de azul marinho e ela de azul celeste.Foi o casamento mais animado de Ilhéus... e foi por amor. O fotógrafo não estava lá para registar mas garanto que iam ambos felicíssimos)
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