segunda-feira, setembro 10, 2012


ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS CRISTO Nº 64
 SOBRE O TEMA: 
“O CORPO E O SANGUE DE CRISTO”




RAQUEL -  Os microfones de Emissoras Latinas regressam a Jerusalém e estão instalados hoje no Cenáculo, cenário dos feitos maravilhosos daquela quinta-feira Santa. Connosco, Jesus Cristo, protagonista daquela noite memorável. Neste lugar, o senhor celebrou a Última Ceia e a Primeira Missa.

JESUS  - Bom, aqui comemos a ceia da Páscoa. Todos os anos, com a lua da primavera, fazíamos o mesmo. É a grande festa do meu povo, em memória do êxodo, quando Moisés libertou os escravos do faraó.

RAQUEL - Sim, mas aquela Páscoa foi especial. Reconstruamos os factos. Estavam todos reunidos, ceando. O senhor tomou o pão e disse: “tomai e comei, este é o meu corpo”. Depois, a taça de vinho: “tomai e bebei, este é o meu sangue”. Talvez as palavras mais sagradas da história da humanidade. Foi assim?

JESUS - Eu disse uma benção sobre o pão e o vinho. Não lembro as palavras exactas, mas... não sei aonde queres chegar.

RAQUEL - À transubstanciação. Quando o senhor pronunciou essas palavras mágicas, quero dizer misteriosas, naquele pão estava a presença de Deus, sim ou não?

JESUS - Sim, Deus estava naquele pão.

RAQUEL -  Alegra-me escutá-lo. Cheguei a pensar que o senhor deitaria abaixo outro dogma.

JESUS - O que te assombra, Raquel? Em Deus vivemos, nos movemos e somos. Não sabias ainda? Levante uma pedra, aí está Deus. Parta um pedaço de madeira, aí o encontrarás.

RAQUEL -  Um momento. Vamos por partes. Os ouvintes sabem que naquela noite o senhor consagrou o pão e o vinho.

JESUS - O pão e o vinho e o óleo são sagrados. A comida com que nos alimentamos é um dom de Deus e por isso é sagrada. É a isso que te referes?

RAQUEL -  Não. Eu refiro-me à transubstanciação. Que por aquelas palavras suas, o pão deixou de ser pão e o vinho deixou de ser vinho.

JESUS - Como o pão vai deixar de ser pão e o vinho de ser vinho?

RAQUEL - As aparências ficaram, mas mudou a substância. Naquele pão estava o seu corpo, naquele vinho o seu sangue, o senhor mesmo, Jesus Cristo, transubstanciado.

JESUS - Que loucura estás dizendo, Raquel!... Se eu estava sentado no meio de todos... como ia estar ao mesmo tempo num pedaço de pão ou numa taça de vinho? Que truque seria esse? Nem que eu fosse mago!

RAQUEL -  O que tinha naquela taça que o senhor deu a beber a seus discípulos? Não era seu sangue?

JESUS - No meu povo não se toma o sangue de nenhum animal, muito menos de uma pessoa. Estás falando de uma coisa... horrenda.

RAQUEL -  Mas, então, o que o senhor fez naquela Quinta-Feira Santa?

JESUS - Eu falei de união, de comunidade. Em seguida, compartilhamos o pão. Eu brindei com a taça e, segundo o costume, todos bebemos dela.

RAQUEL -  O senhor disse que fizessem isso em sua memória.

JESUS - Sim, tinha medo que me prendessem. Então, disse-lhes: façamos uma aliança. Aconteça o que acontecer, continuamos unidos, como os grãos de trigo na espiga, como as uvas no cacho. Se eu faltar, reúnam-se para recordar o compromisso do Reino de Deus.

RAQUEL -  Vamos ver se nos entendemos. O senhor não instituiu naquela noite o sacramento da eucaristia?

JESUS - Não.

RAQUEL -  E quando um sacerdote repete as palavras que dizem que o senhor disse naquela noite, o que acontece com o pão e com o vinho?

JESUS - Nada. Porque… já aconteceu.

RAQUEL - Como já aconteceu? Não ocorre nenhum milagre?

JESUS - O milagre não está no pão nem no vinho, Raquel. O milagre está na comunidade. Quando um grupo de homens e mulheres que se gostam, que lutam pela justiça, se reúnem e dão graças a Deus e recordam minhas palavras... aí está Deus no meio deles.

RAQUEL -  E aqui estamos nós, no meio de nossa audiência e com muitas perguntas pendentes. Uma pausa e já voltamos. Raquel Pérez, Emissoras Latinas, Jerusalém.

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