quinta-feira, outubro 18, 2012

Com  os cabelos espalhados pelo rosto

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 121


- Pode chamar o coronel Amâncio. Diga que é Altamiro.

O coronel surgiu na porta apressado:

 - Alguma coisa?

Os soldados estavam chegando na porta da casa. O homem os olhou, ficou calado, um dos soldados perguntou, vendo Amâncio:

 - Alguma novidade, coronel?

 - Nada, obrigado. Vão ficar onde estavam.

Depois que eles andaram, o homem do revólver contou:

 - Essa aí… Quer falar com o senhor. Da parte de Fagundes.

Só então Amâncio reparou em Gabriela. Logo a reconheceu:

 - Não é Gabriela? Quer me falar? Entre, faça o favor.

O homem também entrou. Do corredor Gabriela enxergou a sala de jantar, viu Tonico e Dr. Alfredo, a fumar, havia mais gente. Amâncio esperava, ela apontou o homem:

 - O recado é só para o senhor.

 - Vá lá para dentro, Altamiro. Fale, minha filha – sua voz macia.

 - Fagundes está lá em casa. Mandou lhe prevenir. Quer saber o que deve fazer. E tem de ser logo, daqui a pouco seu Nacib está de volta.

 - Em sua casa? Como foi parar lá?

 - Fugindo do morro. O quintal lá de casa começa no morro.

 - É verdade, nem tinha pensado. E porque você escondeu ele?

 - Conheço Fagundes faz tempo. Do sertão…

Amâncio sorriu. Tonico apareceu no corredor, curioso.

 - Muito obrigado, nunca hei-de esquecer. Entre comigo.

Tonico recuou para a sala. Ela entrou com Amâncio. E viu toda a família reunida: o velho Ramiro, numa cadeira de balanço, pálido como se já houvesse morrido mas de olhos brilhantes, iguais aos de um jovem.

Na mesa ainda havia pratos servidos, xícaras de café e garrafas de cerveja. Nas cadeiras, num canto da sala, Dr. Alfredo, a esposa e Jerusa. Tonico de pé, bestificado, a mirá-la de soslaio. Dr. Demóstenes, Dr. Maurício, uns três coronéis, sentados. A cozinha e o pátio ao fundo, cheios de homens armados. Para mais de quinze jagunços. As empregadas serviam de comer em pratos de flandres. Amâncio disse:

 - Todos conhecem, não é? Ga… D. Gabriela, senhora de Nacib, do bar. Veio aqui nos fazer um favor – E como se fosse o dono da casa, a ela se dirigiu – Sente, por obséquio.

Então todos lhe deram boa-noite. Tonico aproximou uma cadeira. Amâncio dirigia-se para o velho coronel, falava-lhe em voz baixa. O rosto de Ramiro animou-se, sorriu para Gabriela:

 - Bravos, menina. De hoje em diante, sou seu devedor.

Se precisar de mim alguma vez, é só vir aqui. De mim ou dos meus… - apontava a família no canto da sala, três sentados, um de pé; parecia um retrato, só faltavam D. Olga e a neta mais moça.

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