Com os cabelos espalhados pelo rosto |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 121
- Pode chamar o coronel Amâncio. Diga que é Altamiro.
O coronel surgiu na porta apressado:
- Alguma coisa?
Os soldados estavam chegando na porta da casa. O homem
os olhou, ficou calado, um dos soldados perguntou, vendo Amâncio:
- Alguma
novidade, coronel?
- Nada,
obrigado. Vão ficar onde estavam.
Depois que eles andaram, o homem do revólver contou:
- Essa aí… Quer
falar com o senhor. Da parte de Fagundes.
Só então Amâncio reparou em Gabriela. Logo a
reconheceu:
- Não é
Gabriela? Quer me falar? Entre, faça o favor.
O homem também entrou. Do corredor Gabriela enxergou a
sala de jantar, viu Tonico e Dr. Alfredo, a fumar, havia mais gente. Amâncio
esperava, ela apontou o homem:
- O recado é só
para o senhor.
- Vá lá para
dentro, Altamiro. Fale, minha filha – sua voz macia.
- Fagundes está
lá em casa. Mandou
lhe prevenir. Quer saber o que deve fazer. E tem de ser logo, daqui a pouco seu Nacib está de volta.
- Em sua casa?
Como foi parar lá?
- Fugindo do
morro. O qui ntal lá de casa começa
no morro.
- É verdade,
nem tinha pensado. E porque você escondeu ele?
- Conheço
Fagundes faz tempo. Do sertão…
Amâncio sorriu. Tonico apareceu no corredor, curioso.
- Muito
obrigado, nunca hei-de esquecer. Entre comigo.
Tonico recuou para a sala. Ela entrou com Amâncio. E
viu toda a família reunida: o velho Ramiro, numa cadeira de balanço, pálido
como se já houvesse morrido mas de olhos brilhantes, iguais aos de um jovem.
Na mesa ainda havia pratos servidos, xícaras de café e
garrafas de cerveja. Nas cadeiras, num canto da sala, Dr. Alfredo, a esposa e
Jerusa. Tonico de pé, bestificado, a mirá-la de soslaio. Dr. Demóstenes, Dr.
Maurício, uns três coronéis, sentados. A cozinha e o pátio ao fundo, cheios de homens
armados. Para mais de qui nze
jagunços. As empregadas serviam de comer em pratos de flandres. Amâncio disse:
- Todos
conhecem, não é? Ga… D. Gabriela, senhora de Nacib, do bar. Veio aqui nos fazer um favor – E como se fosse o dono da
casa, a ela se dirigiu – Sente, por obséqui o.
Então todos lhe deram boa-noite. Tonico aproximou uma
cadeira. Amâncio dirigia-se para o velho coronel, falava-lhe em voz baixa. O
rosto de Ramiro animou-se, sorriu para Gabriela:
- Bravos,
menina. De hoje em diante, sou seu devedor.
Se precisar de mim alguma vez, é só vir aqui . De mim ou dos meus… - apontava a família no
canto da sala, três sentados, um de pé; parecia um retrato, só faltavam D. Olga
e a neta mais moça.
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