terça-feira, outubro 16, 2012

Uma pausa para recuperar

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 119


 - Sim, moço. É coisa se pressa, muita pressa.

Dobraram uma rua, mais outra, chegaram a um beco sem luz. O perneta ia um pouco à frente, parou a esperá-la ante uma casa. Bateu na porta entreaberta, como a avisar, foi entrando:

 - Venha comigo…

 - Surgiu uma rapariga em combinação, despenteada:

 - Quem é essa, Perna de Pau? Comida nova?

 - Cadé Teodora?

 - Tá no quarto, não quer ver ninguém.

 - Diga a ela que preciso de falar.

A rapariga mediu Gabriela de alto a baixo. Saiu dizendo:

 - Já andaram por aqui.

 - A polícia?

 - Uns jagunços. Procurando tu sabe quem.

Daí a uns minutos, depois de cochichar na porta encostada de um quarto, voltou com outra mulher, de cabelos pintados.

 - Que é que tu quer? – perguntou a oxigenada.

A primeira olhava Gabriela, parada a escutar. Mas o perneta aproximou-se de Teodora, encostou-a à parede, segredou-lhe ao ouvido, olhavam os dois para Gabriela.

Não sei onde está. Passou aqui, pediu dinheiro, saíu disparado. Saiu na horinha. Logo depois, nem queira saber,
Entraram uns jagunços caçando ele. Se tivessem encontrado, matavam ele…

 - Pra onde foi, tu não sabe?

 - Por Deus que não sei.

Voltaram para a rua. O perneta disse-lhe na porta:

 - Não tando aqui, ninguém sabe onde está. Mais certo é que tenha ganhado o mato. Saído em canoa ou a cavalo.

 - Não tem jeito de saber? É de precisão.

 - Não vejo não.

 - Onde mora o coronel Amâncio?

 - Amâncio Leal?

 - Esse mesmo.

 - Perto do Grupo Escolar. Sabe onde é?

 - Pró lado da praia, no fim. Sei. Muito obrigado.

 - Vou lhe levar um pedaço.

 - Precisa não…

 - Pra sair destes becos. Senão pode nem chegar lá.

Acompanhou-a até à Praça Seabra. Alguns curiosos espiavam da esquina do Clube Progresso a casa do coronel Ramiro, ainda iluminada. O Perneta fazia-lhe muitas perguntas. Respondera ao acaso, nada dissera.

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