Uma pausa para recuperar |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 119
- Sim, moço. É coisa se pressa, muita pressa.
Dobraram uma rua, mais
outra, chegaram a um beco sem luz. O perneta ia um pouco à frente, parou a
esperá-la ante uma casa. Bateu na porta entreaberta, como a avisar, foi
entrando:
- Venha comigo…
- Surgiu uma rapariga em combinação,
despenteada:
- Quem é essa, Perna de Pau? Comida nova?
- Cadé Teodora?
- Tá no quarto, não quer ver ninguém.
- Diga a ela que preciso de falar.
A rapariga mediu Gabriela
de alto a baixo. Saiu dizendo:
- Já andaram por aqui .
- A polícia?
- Uns jagunços. Procurando tu sabe quem.
Daí a uns minutos, depois
de cochichar na porta encostada de um quarto, voltou com outra mulher, de
cabelos pintados.
- Que é que tu quer? – perguntou a oxigenada.
A primeira olhava
Gabriela, parada a escutar. Mas o perneta aproximou-se de Teodora, encostou-a à
parede, segredou-lhe ao ouvido, olhavam os dois para Gabriela.
Não sei onde está. Passou
aqui , pediu dinheiro, saíu
disparado. Saiu na horinha. Logo depois, nem queira saber,
Entraram uns jagunços
caçando ele. Se tivessem encontrado, matavam ele…
- Pra onde foi, tu não sabe?
- Por Deus que não sei.
Voltaram para a rua. O
perneta disse-lhe na porta:
- Não tando aqui ,
ninguém sabe onde está. Mais certo é que tenha ganhado o mato. Saído em canoa
ou a cavalo.
- Não tem jeito de saber? É de precisão.
- Não vejo não.
- Onde mora o coronel Amâncio?
- Amâncio Leal?
- Esse mesmo.
- Perto do Grupo Escolar. Sabe onde é?
- Pró lado da praia, no fim. Sei. Muito
obrigado.
- Vou lhe levar um pedaço.
- Precisa não…
- Pra sair destes becos. Senão pode nem chegar
lá.
Acompanhou-a até à Praça
Seabra. Alguns curiosos espiavam da esqui na
do Clube Progresso a casa do coronel Ramiro, ainda iluminada. O Perneta
fazia-lhe muitas perguntas. Respondera ao acaso, nada
dissera.
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