GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 118
Um tipo vestido de
marinheiro, de um Baiano talvez, passou o braço em torno à sua cintura,
murmurou-lhe:
- Tá livre, meu bem? Vou contigo…
- Tou livre não…
Sorriu para ele, era um moço
simpático, com cheiro de mar. Ele disse «que pena», apertou-a um pouco contra o
peito e foi para dentro, em busca de outra. O perneta parava em frente de
Gabriela:
- Onde eu vi tua cara? Já vi com certeza.
Donde?
Ficou pensando, ela
perguntava:
- Está aí um moço de nome Loirinho? Quero
falar com ele. Coisa de pressa.
Uma das mulheres ouvira a
pergunta, gritara para outra:
- Edite! A madame está querendo Loirinho!
Risos na sala, a menina de
uns qui nze anos saltou:
- Que é que essa vaca está querendo com o meu
Loirinho? - Veio andando para a porta, as mãos nas ancas, num desafio.
- Hoje não vai encontrar ele – riu um homem - Capou o gato.
A meninota, o vestido acima
do joelho, postava-se diante de Gabriela:
- Que é que você quer com o meu homem, pedaço
de bosta?
- É só para falar…
- Pra falar… cuspiu – Te conheço, bunda suja.
Tu tá é com rabicho por ele. Tudo umas vacas.
Não tinha mais de qui nze anos. Gabriela lembrou-se do tio, sem saber
porquê. Outra mulher, idosa, intervinha:
- Larga isso Edite, ele nem te liga.
- Me deixa, vou ensinar essa vaca…
Avançou suas mãos pequenas,
de menina, para o rosto de Gabriela, que atenta, segurou-lhe os pulsos magros,
baixando-lhe os braços. «Vaca!» gritou Edite e atirou-se para a frente. A sala
em peso levantou-se para ver, de nada gostavam tanto como de briga de mulheres.
mas o perneta se meteu, separando. Empurrou a meninota para um lado:
- Sai daqui
senão te parto as fuças! – Tomou Gabriela por um braço, levou-a para fora da
porta. – Me diga uma coisa. Tu não é a mulher de seu Nacib do bar?
Concordou com a cabeça.
- E que diabo tá fazendo aqui ? Rabicho com Loirinho?
- Não conheço. Mas preciso falar com ele.
Coisa de muita precisão.
O perneta pensava, olhava-a
nos olhos:
- Algum recado? Do negócio de hoje?
- Sim, senhor.
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