segunda-feira, outubro 15, 2012



GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 118


Um tipo vestido de marinheiro, de um Baiano talvez, passou o braço em torno à sua cintura, murmurou-lhe:

 - Tá livre, meu bem? Vou contigo…

 - Tou livre não…

Sorriu para ele, era um moço simpático, com cheiro de mar. Ele disse «que pena», apertou-a um pouco contra o peito e foi para dentro, em busca de outra. O perneta parava em frente de Gabriela:

 - Onde eu vi tua cara? Já vi com certeza. Donde?

Ficou pensando, ela perguntava:

 - Está aí um moço de nome Loirinho? Quero falar com ele. Coisa de pressa.

Uma das mulheres ouvira a pergunta, gritara para outra:

 - Edite! A madame está querendo Loirinho!

Risos na sala, a menina de uns quinze anos saltou:

 - Que é que essa vaca está querendo com o meu Loirinho? - Veio andando para a porta, as mãos nas ancas, num desafio.

 - Hoje não vai encontrar ele –  riu um homem - Capou o gato.

A meninota, o vestido acima do joelho, postava-se diante de Gabriela:

 - Que é que você quer com o meu homem, pedaço de bosta?

 - É só para falar…

 - Pra falar… cuspiu – Te conheço, bunda suja. Tu tá é com rabicho por ele. Tudo umas vacas.

Não tinha mais de quinze anos. Gabriela lembrou-se do tio, sem saber porquê. Outra mulher, idosa, intervinha:

 - Larga isso Edite, ele nem te liga.

 - Me deixa, vou ensinar essa vaca…

Avançou suas mãos pequenas, de menina, para o rosto de Gabriela, que atenta, segurou-lhe os pulsos magros, baixando-lhe os braços. «Vaca!» gritou Edite e atirou-se para a frente. A sala em peso levantou-se para ver, de nada gostavam tanto como de briga de mulheres. mas o perneta se meteu, separando. Empurrou a meninota para um lado:

 - Sai daqui senão te parto as fuças! – Tomou Gabriela por um braço, levou-a para fora da porta. – Me diga uma coisa. Tu não é a mulher de seu Nacib do bar?

Concordou com a cabeça.

 - E que diabo tá fazendo aqui? Rabicho com Loirinho?

 - Não conheço. Mas preciso falar com ele. Coisa de muita precisão.

O perneta pensava, olhava-a nos olhos:

 - Algum recado? Do negócio de hoje?

 - Sim, senhor.

 - Venha comigo. Mas não fale nada, deixe eu falar.

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