sexta-feira, outubro 05, 2012


ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS Nº 76 SOBRE O TEMA:
“UMA FÁBRICA DE SANTOS? ”



RAQUEL - Retomamos a nossa transmissão próximo ao templo de Santa… Não, melhor, preservarmos a identidade do lugar para evitar susceptibilidades. Jesus Cristo, ao meu lado, parece ainda muito surpreso pelo que vimos no interior desta igreja, não muito diferente de tantas outras, cheias de imagens de santos. O que acha de tudo isto, Jesus Cristo?

JESUS - Idolatria. Adorar imagens é idolatria.

RAQUEL -  Bom, os católicos dizem que não adoram, mas que veneram.

JESUS - Veneram?… Não conheço essa palavra, mas é a mesma coisa. Em vez de falar com Deus, que habita em seus corações, ajoelham - se diante de um pedaço de madeira.

RAQUEL - Uma ligação… Sim, alô?

ANDRÉS - Sou Andrés Pérez Baltodano, estou a ligar do Canadá.

RAQUEL - Quer opinar, senhor Baltodano?

ANDRÉS - Só para dizer a Jesus Cristo que o problema não é com o verbo, com o verbo venerar, mas sim com o substantivo.

RAQUEL -  Qual substantivo?

ANDRÉS -   Com o substantivo lucro que a Igreja Católica tem com o negócio dos santos.

RAQUEL - Senhor Andrés, poderia explicar -nos melhor?

ANDRÉS - Pois se Jesus Cristo não sabe, a fábrica de santos não fechou.

JESUS - A fábrica de santos?

ANDRÉS - Nesse templo onde vocês entraram viram santos antigos, santos de outros séculos. Mas somente no pontificado de João Paulo Segundo fabricaram-se, quero dizer, canonizaram-se… 464 novos santos e santas, mais que nos cinco séculos anteriores!

RAQUEL - E para que precisam de tantos? Já não temos o bastante?

ANDRÉS - É que os santos mantêm as pessoas ajoelhadas e, além disso, melhoram as finanças vaticanas.

JESUS - Esse “além disso” é o que não entendo.

ANDRÉS - Fazer um santo é um processo complicado, Jesus Cristo. Testemunhas, tribunais, peritos, milagres demonstrados, exame do cadáver para ver se ficou incorrupto ou saponificado… A causa dura anos e anos.

RAQUEL -  E isso custa caro, não?

ANDRÉS -Caríssimo. Esse dinheiro vai para as arcas do vaticano. Prestem atenção neste detalhe. De cada cem santos e santas canonizados ao longo da história, só cinco foram gente pobre. A imensa maioria foram príncipes, reis, rainhas, bispos, abadessas. Seus parentes pagavam uma fortuna para que os fizessem santos. Agora, a fábrica de santos está muito mais organizada: ninguém chega aos altares sem ter uma instituição poderosa por trás.

JESUS -  Posso fazer-lhe uma pergunta, senhor Andrés?

ANDRÉS - Claro, Jesus Cristo.

JESUS -  Para que fazem tudo isso?

ANDRÉS - O processo de canonização?

JESUS -   Sim, esse caminho tão custoso.

ANDRÉS - Para demonstrar que o santo está no céu, junto a Deus.

JESUS - Mas isso é buscar o tesouro onde não está. Os santos não estão nos céus, mas na terra!

RAQUEL - Agora sou eu que não entendo.

JESUS - Os santos e as santas estão entre nós. São de carne e osso. As mulheres que passam a vida criando seus filhos, essas são santas. Os camponeses que trabalham na lavoura desde que sai o sol são santos. A gente boa, que luta pela justiça, que põe sempre Deus e seus irmãos acima do dinheiro, esses são os santos.

RAQUEL - Pois sempre nos disseram que santos são os que morreram e do céu fazem milagres.

JESUS - Não, os santos são os vivos. E o milagre que fazem é o bom exemplo que dão. Meu pai José foi santo, mas não pela coroazinha que puseram no boneco que tem nesse templo, mas porque foi justo até o último dia de sua vida.

RAQUEL - Mas… E se são santos os que estão neste mundo, como se chamam os outros, os que já estão com Deus?

JESUS - Pergunte isso a Deus.

RAQUEL - Obrigada ao amigo que nos ligou do Canadá. E obrigada a tantos santos e santas que seguramente formam parte da grande audiência de Emissoras Latinas. De Jerusalém, transmitiu Raquel Pérez.

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