sexta-feira, outubro 19, 2012


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 122



 - É bom que fiquem sabendo… - disse para os filhos, a nora e a neta – Se Dª Gabriela algum dia recorrer a nós, ela não pede, manda, Venha, compadre.

Levantava-se, saía com Amâncio para outra sala. O homem do revólver passava por eles, dava boa noite, ia embora. Gabriela ficou sem saber o que fazer, que dizer, onde botar as mãos. Jerusa então lhe sorriu e falou.

 - Uma vez conversei com a senhora, se lembra? Por causa da festa de aniversário do avô… começou Jerusa, mas logo silenciou, não estaria sendo indelicada ao recordar o tempo quando ela ainda era cozinheira do árabe?

 - Tou lembrada, sim. Cozinhei um horror de doces. Tava bom?

Tonico se animou.

 - Gabriela é nossa velha amiga. Afilhada minha e de Olga. Fomos padrinhos de seu casamento.

A esposa do Dr. Alfredo dignou-se sorrir. Jerusa perguntou:

 - Não quer se servir de um doce? Tomar um licor?

Obrigado, não se incomode.

Aceitou uma xícara de café. A voz de Amâncio veio da sala chamando Dr. Alfredo. O deputado não demorou a voltar, convidava:

 - Quer vir comigo, por favor?

 - Quando Gabriela entrou na outra sala, Ramiro lhe disse:

 - Minha filha, foi um grande favor o que nos fez. Só que ainda lhe queria dever mais, pode ser?

 - Se tiver em minhas mãos…

 - É preciso tirar o negro de sua casa. Sem ninguém saber. E isso só pode ser pela madrugada. Ele precisa ficar lá escondido, ninguém deve saber. Desculpe lhe dizer, nem Nacib pode se inteirar.

Ele vai chegar depois de fechar o bar.

 - Não diga nada a ele. Deixe ele dormir. Lá prás três horas, às três em ponto, se levante, chegue na janela. Repare na rua se tem uns homens. Compadre Amâncio estará com eles. Se estiverem, abra a porta, deixe Fagundes sair a gente cuida dele.

 - Não vão prender ele? Fazer nenhum mal?

 - Pode ficar descansada. Vamos evitar que o matem.

 - Pois não. Agora vou embora, me dê licença. Já é tarde.

 - Não irá sozinha. Vou mandar lhe acompanhar. Alfredo leve Dª Gabriela até em casa.

Gabriela sorriu.

 - Não sei, não senhor… De noite sozinha na rua com Dr. Alfredo… Tenho de passar pela praia pra não ser notada pelo pessoal do bar… Se alguém ver, que é que vai pensar? Pensar e dizer? Amanhã seu Nacib já será sabedor.

 - Tem razão, minha filha. Desculpe, não pensei. 

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