quarta-feira, novembro 14, 2012

Estão na moda as mulheres gurreiras...

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 139


Da Nobre Ofenísia à plebeia Gabriela, com variados acontecimentos e falcatruas.

Sucederam-se, naquele começo do ano, realizações e empreendimentos, conheceu Ilhéus novidades e escândalos. Os estudantes consideraram um dever transformar a singela inauguração da biblioteca da Associação Comercial numa época de marcar época.

 - O que esses meninos querem é dançar… - reclamou o presidente Ataulfo. O Capitão, porém, organizador da biblioteca com a inestimável ajuda de João Fulgêncio, viu na ideia dos estudantes excelente oportunidade para a propaganda de sua candidatura a Intendente.

Além do mais, tinha razão ao dizer, argumentando com Ataulfo, que os moços não queriam apenas divertir-se. Aquela biblioteca era a primeira de Ilhéus (a do Grémio Rui Barbosa reduzia-se a pequena estante de livros, quase todos de poesia), possuía uma significação especial.

Como, aliás, acentuou o jovem Sílvio Ribeiro, filho de Ribeirinho, segundanista de Medicina em seu caprichado discurso. Foi um tipo de festa antes desconhecido em Ilhéus.

Os estudantes organizaram um sarau literário, do qual participaram vários deles, além de personalidades como o Doutor Ari Santos, Josué. Falaram também o Capitão e o Dr. Maurício, o primeiro como bibliotecário da Associação, o segundo como orador oficial, ambos porque eram candidatos a Intendente.

A novidade maior constituíram-na moças do Colégio das Freiras e da sociedade Ilheense a declamar poemas em público. Algumas tímidas e encabuladas, outras despachadas e senhoras de si.

Diva, que possuía um fio de voz claro e agradável, cantou uma romança. Jerusa executou Chopin ao piano. Rolaram na sala versos de Bilac, de Raimundo Correia, de Castro Alves e do poeta Teodoro de Castro, os destes últimos em louvor de Ofenísia. Além dos poemas de Ari e Josué, ditos pelos próprios autores.

Para o fiscal do Colégio do Colégio que se demorara a visitar Itabuna, os povoados e fazendas, arranjando matéria paga para o jornal do Rio, tudo aquilo parecia uma caricatura risível. Mas para a gente de Ilhéus era uma festa encantadora.

 - Uma beleza! – comentou Quinquina.

 - Dá gosto assistir – concordou Florzinha.

Seguiram-se danças, é claro A associação fez vir de Belmonte, para dirigir a biblioteca, o poeta Sosígenes costa, que iria exercer notável influência no desenvolvimento da vida cultural da cidade.

E ao falar de cultura e de livros, ao recordar versos de Teodoro para Ofenísia, como passar em silêncio a publicação em pequeno volume, composto e impresso ali mesmo, em Ihéus, na tipografia de João Fulgêncio por mestre Joaquim, de alguns capítulos do memorável livro do Doutor: «A História da Família Ávila e da Cidade de Ilhéus?».

Não com esse título, pois, publicando apenas os capítulos referentes a Ofenísia e seu controvertido caso com o Imperador Pedro II, pôs-lhe modestamente o Doutor: Uma Paixão Histórica e, como subtítulo, entre parêntesis: «Ecos de uma Velha Polémica».

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