sexta-feira, janeiro 25, 2013



Quanto Tempo Vai Durar 

a Crise?

Esta é uma das perguntas cuja resposta valeria, nos dias de hoje, muito dinheiro.

Pedro Arroja, economista, professor universitário e consultor financeiro, afirma que, perante o caos que se vive, não serão menos de cinco anos: é uma estimativa, provavelmente outras haverá e muitos nem sequer adiantam palpites sobre o assunto com receio de dizerem disparates.

Tratando-se de uma situação completamente nova, não vale a pena procurá-la nos livros e qualquer pessoa está livre de pensar e dar a sua opinião sem correr o risco de ser corrigido.

Ninguém tem a garantia de como é que vai ser, estão todos um bocadinho à descoberta, do tipo: adopta-se a medida que se tem como boa e acende-se a velinha para que resulte rapidamente.

Parece comum a ideia de que esta crise tem uma enorme componente de pessimismo, de desconfiança nas estruturas dos estados, das entidades financeiras, reguladoras, de inspecção, enfim, tudo aquilo que nos deveria deixar dormir descansados e que, afinal, falhou rotundamente.

Outro estado de espírito, também, não era de esperar: gente respeitável e importante que durante uma vida assegurou o funcionamento de Bancos, apresentadas à sociedade como exemplos a seguir são, de um dia para outro, presas, consideradas arguidas, suspeitas de fraudes e manigâncias, desviando milhões e defraudando milhares de pessoas, só poderia conduzir a uma rotunda perda de confiança generalizada.

Os homens das esquerdas, que sempre foram adeptos da intervenção do Estado na sociedade, parecem ser “os que tinham razão” e aproveitam agora para reivindicarem o regresso ao Marxismo esquecidos de outros recentes fracassos, enquanto os defensores do sistema capitalista, de economia de mercado, recusam o regresso ao tempo das “dialéticas” como coisas do antigamente, não acreditando “nas manhãs que cantam”.

Mais regulação, dizem estes e, principalmente, regulação mais eficaz. A bem ou a mal, há que moralizar o capitalismo: à solta, faz disparate, é como o homem, a ocasião faz o ladrão!

Felizmente, todos temos a memória curta, para o bem e para o mal, e alimentar um estado de espírito pessimista durante mais de cinco anos parece-me tempo demasiado para pensamentos negativos.

Uma coisa parece indispensável:

- Impor respeito e seriedade no mundo financeiro. Aqui residirá a chave da crise, a solução para os problemas do futuro.

Mas não se pense que vai ser fácil, essa gente continua lá, agora um pouco despercebidos e não vão responder pela actuação que tiveram em toda esta crise, nem moral nem criminalmente, com excepção de um ou outro.

Em Davos, os banqueiros de investimento, “os maus da fita”, primaram pela ausência, naturalmente estão envergonhados e comprometidos mas, segundo nos disse António Bernardo, Vice – Presidente da Roland Berger, que esteve presente, estavam lá mais políticos e representantes de sectores industriais do que na reunião do ano passado.

E lá foram ditas coisas importantes e que despertam a esperança:

- Os líderes da China e da Índia prometeram passar de um modelo de desenvolvimento baseado nas exportações para outro que tenha mais a ver com o crescimento do investimento e consumo interno;

- O líder chinês afirmou que o seu país iria, em 2009, crescer a uma taxa de 8%;

- Existe uma esperança colectiva no papel que Obama irá desempenhar para ajudar o mundo a sair da crise;

- O processo de globalização é assumido como imparável mas foi reconhecida a falta de mecanismos que o coordenem;

- Foi aplaudido um mundo multipolar com os BRICs a ocuparem um papel mais importante na cena global e definitivamente os G8 a passarem a G20;

- Houve grandes banqueiros que “deram a cara” e assumiram os erros das diferentes instituições, apresentando ideias sobre novos modelos de negócios financeiros coincidindo todos na necessidade de maior transparência e de uma regulação mais eficaz.

Eu acho que se sabe mais sobre as mediadas certas a tomar a nível mundial do que, na generalidade, as pessoas pensam, simplesmente, duvida-se da força e capacidade para, de forma coordenada, implantar essas medidas rapidamente sem se poder garantir o tempo preciso para que elas provoquem os efeitos desejados.

Mas não tenhamos dúvidas, os caminhos que vinham a ser trilhados iriam conduzir fatalmente a este desfecho mas, de acordo com o ditado, “depois da tempestade virá a bonança”, ou “há males que vêm por bem”.

Iremos, com certeza, ter no futuro um mundo melhor, pena que, mais uma vez, seja o justo a pagar pelo pecador.  Será?


PS

Este texto foi publicado, aqui, no Memórias Futuras, em Fevereiro de 2009 e, como se vê, estávamos a ser optimistas. Sobreveio uma crise financeira,  política, de indecisões da  zona euro que ameaçaram a unidade da comunidade europeia e do próprio euro, dívidas soberanas a levantarem dúvidas nos mercados, desiquilíbrios orçamentais, e agora recessão económica com  inevitáveis níveis de desemprego como não se conheciam. Três anos depois vamos continuar a dizer que iremos ter, um futuro melhor mas daqui a quanto tempo e à custa de quantos sacrifícios?

Site Meter