sexta-feira, março 29, 2013


A Páscoa

Nasci neste Portugal de pessoas católicas e outras simplesmente ditas católicas e é indiferente ser hoje crente ou não porque estou marcado por todo o meu passado cultural que começou no dia em que nasci, já lá vão muitos anos.

As comemorações religiosas da morte e ressurreição de Jesus, o inspirador da religião católica a partir da mensagem que  difundiu entre o povo no seu breve período de vida e que chegou até nós através dos Evangelhos, escritos em datas posteriores à sua morte, uns oficiais, quer dizer reconhecidos como bons pela autoridade da Igreja de Roma, no meio de outros por ela considerados falsos, não autênticos, não fiéis à “verdade” não histórica mas religiosa.

Esta “passagem” da vida de Jesus: morte e ressurreição constitui a “chave” da religião católica que transformou a mensagem de Jesus aos homens deste mundo, seus contemporâneos, numa profissão de fé com a força de uma religião porque implica este mundo e o outro.

O seu autor não podia ser um simples mortal "apenas" portador de uma mensagem de justiça, amor e de igualdade entre os homens e pela qual foi morto… ele tinha que ressuscitar, subir aos céus e sentar-se à direita de Deus Pai Todo Poderoso… Assim, sim, ganhou transcendência!

Com o poder que lhe advém de estar onde está tem agora a capacidade de ser adorado… Como homem que foi apenas seria respeitado, admirado, mais uma figura histórica possivelmente até esquecida.

Terá sido um golpe de génio dos seus seguidores não completamente original porque, naqueles povos, já outros teriam sido imortalizados para que a sua herança reganhasse força, seguidores e adeptos.

As recreações da morte de Jesus, como forma de a comemorar, são sinistras, mórbidas, trágicas, quer se passem nas ruas do mundo católico como nas telas do cinema.

O sacrifício, sofrimento e a crueldade sempre foram espectáculo para o homem que foge da sua própria dor mas goza com a dor do seu próximo… mesmo que seja o seu vizinho.

Foi assim com a morte dos cristão nos circos romanos, continuou a ser assim com as Praças cheias de gente para verem queimar pessoas nos tempos da Inquisição.

A exaltação da dor que purifica faz parte de um esquema que se aproveita dos “podres” da natureza humana para afirmar a força da fé, da dependência e obediência a um deus que tem de amedrontar para se impor mesmo quando a sua mensagem em vida foi de paz, amor e não violência.

Como membro da sociedade em que vivo e, ao contrário do Natal, que apela à vida, ao amor e à família, não gosto da Páscoa, com excepção das amêndoas.

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