O PAÍS DO CARNAVAL
Admirador da obra de Jorge Amado,
rendido aos seus romances, alguns transcritos aqui
no Memórias Futuras como os “das suas outras quatro mulheres”: Gabriela, Tereza
Batista, Dona Flor e a Tieta, assaltou-me a curiosidade de saber que livro teria escrito este escritor na juventude dos seus 18 anos de idade.
Pois bem, aqui
ficou o País do Carnaval, provavelmente o que abordou o tema mais profundo, menos história e mais questões intrigantes do que fazer com vida, onde procurar a Felicidade...
Paulo Rigger, o personagem principal,
acaba frustrado, desiludido com o seu país e com a sua vida e regressa à Europa
onde tinha estudado, para esquecer aquela má experiência na sua terra natal.
Tem um romance de amor fugaz a que põe termo por
preconceitos de virgindade da rapariga ele, que se julgava um jovem moderno, educado em Paris, superior a essas tradições machistas da sociedade antiga. Uma desilusão e uma raiva contra si próprio...
Revolta-se contra a sociedade da sua
terra natal, e muitos motivos teria com certeza para isso, mas é ele que falha
ao virar as costas ao amor perante a confissão de uma jovem corajosa que o
amava mas que pôs a honestidade na primeira linha da relação.
Há a tentação de procurar ver no jovem
Jorge Amado, de 18 anos, o personagem Paulo Rigger. Todos nós, que tivemos
essa idade e alguns que estudaram, lembram-se dos “desafios” que então colocávamos
à vida e à sociedade e que com os anos se foram esbatendo e desvanecendo.
Afinal, a vida de cada um de nós, é um
“pequeno acidente” na história da humanidade a que pertencemos. “Comandados” por
heranças genéticas e culturais, sujeitos à ditadura dos nossos hormonas,
impelidos pela necessidade de sobreviver em competição, deixa-se de pensar na
Felicidade para passar a coisas mais comezinhas do dia a dia que nos vão
absorvendo, às vezes, consumindo-nos em preocupações constantes…
Da vida, fica-nos uma experiência fugidia e, entre outras coisas, as
histórias enriquecedoras de Jorge Amado, forjadas nesse caldinho rico de culturas de um povo
constituído por europeus, índios, negros e mestiços que foi o seu, lá em São Salvador da Bahia,
na parte Sul do Nordeste brasileiro.
JUBIABÁ
Jubiabá é a história que se segue, o
primeiro grande romance de Jorge Amado, escrito em 1935 e que o lançou para a
categoria de um dos maiores romancista do mundo. O livro esgotou no Brasil
sucessivas edições e logo foram negociados os direitos para a sua publicação em
francês, russo, inglês, alemão, sueco, dinamarquês e espanhol. Foi um
verdadeiro “best-seller”.
Pela palavra dos seus críticos, o livro
é um grito de humanidade e justiça que emociona os leitores através da
narrativa que nos transporta ao íntimo de um povo laborioso e pobre.
Mais de setenta e cinco anos passaram
sobre esse Brasil que já não é o mesmo do Jubiabá mas esta distância dá-nos a
garantia que estávamos então mais próximos das origens de uma sociedade em
gestação carregada de tradições de uns e de outros e que ali se encontraram com os que já lá estavam.
Não conheço a história e vou ter, por
isso, o prazer de a ler convosco, episódio em episódio. Nenhum
romance pode abdicar da curiosidade e do suspense do seu enredo e dos livros
que aqui já transcrevemos do Jorge
Amado ficámos bem cientes da sua mestria em conduzir os personagens da história
para além da riqueza e autenticidade dos diálogos só possíveis a um grande
escritor que fosse mesmo baiano.
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