quinta-feira, junho 20, 2013

O desembarque dos israelitas de um 130 Hercules
A Libertação dos
reféns não israelita
(continuação)

Curiosamente, na mesma quarta-feira (30/06), foram os próprios terroristas que desperdiçaram sua maior vantagem. Sem atinar para as implicações de seu ato, separaram os reféns não-israelitas e, aparentemente, num gesto de consideração para com os outros países, permitiram que 47 reféns – excepto cidadãos israelitas –, retomassem sua viagem para a França. O capitão Bacos e sua tripulação recusam-se a acompanhar o grupo, afirmando que não abandonariam os demais passageiros. Uma freira francesa também insiste em ficar, mas é impedida pelos terroristas e pelos soldados ugandeses.
A libertação de alguns reféns e a evidência cada vez maior de que o principal alvo dos terroristas era pressionar Israel, aumentam a tensão no país e a pressão dos familiares para que o país atendesse às exigências dos sequestradores. Nos círculos militares e altos escalões do governo, reuniões e mais reuniões são realizadas, além do levantamento de informações feito pela Inteligência em busca de dados que pudessem ser úteis a uma eventual acção de resgate.
 Novos nomes integram as reuniões entre as FDI e os ministros, entre os quais, o general brigadeiro Dan-Shomron, 48 anos, chefe dos pára-quedistas e oficial de infantaria; o general Benni Peled; e Ehud Barak, vice-diretor do Serviço de Inteligência das FDI.
A confirmação dada pelos reféns soltos, meticulosamente entrevistados pelos serviços secretos da França e de Israel, de que o governo de Idi Amin estava apoiando os terroristas foi fundamental para as medidas que seriam tomadas por Israel a partir de 1 de Julho, quinta-feira, quando, 90 minutos antes de expirar o prazo dado pelos sequestradores, o gabinete se reúne e aprova o início de negociações com os terroristas. Estes, por sua vez, afirmam não estar interessados em negociações e sim no atendimento de suas reivindicações, estendendo o prazo até às 14h do dia 4 de Julho.

As Opções de Israel

 Nesse 1 de Julho, o Serviço de Inteligência descobre que o aeroporto de Entebbe havia sido construído por uma empresa israelita – Solel Boneh, o que possibilita o acesso às plantas originais do local. Cada vez mais, após intensos encontros com oficiais do exército, Peres convence-se de que a opção militar é possível e que é apenas uma questão de tempo para que todas as peças do quebra-cabeça se encaixem. A princípio, os israelitas trabalham com três opções:
1ª) Um lançamentos de pára-quedistas no Lago Vitória e um silencioso desembarque em Entebbe usando barcos de borracha;
2ª) Um cruzamento em grande escala do Lago Vitória, partindo da margem queniana - usando barcos que poderiam ser alugados, emprestados ou simplesmente roubados;
3ª) Um pouso direto em Entebbe, seguido de um assalto rápido e uma remoção imediata dos reféns por ar por forças especiais da unidade Sayeret Matkal.
As duas primeiras opções foram rapidamente descartadas, uma vez que, após libertar os reféns, os israelitas iriam depender da ajuda de Idi Amin ou da intervenção da ONU para sair de Uganda - hipóteses que, devido àquela conjuntura, eram praticamente impossíveis de alcançar sem um significativo número de baixas. Sendo assim o assalto directo a Entebbe seria a opção adoptada.
O General-Brigadeiro Dan-Shomron é nomeado comandante da missão em terra e Yonatan (Yoni) Netanyahu, comandante da Unidade Sayeret Matkal, comandante da força-tarefa que a executará. Uma réplica do antigo terminal de Entebbe é construída para simulação da operação, com base nas plantas obtidas junto à Solel Boneh e em fotografias aéreas, e os comandos começam a treinar. Enquanto isso, o grupo de reféns libertados chega a Paris.
 Trazem duas informações essenciais para Israel: a primeira, de que haveria menos pessoas para resgatar; a segunda, de que apenas israelitas estavam sendo mantidos como reféns, além da tripulação, o que, para o governo, significava que os sequestradores possivelmente acabariam matando a todos, mesmo que suas exigências fossem atendidas.
Na sexta-feira, 2 de julho, os chefes dos comandos da missão, então denominada "Thunderball", apresentam os planos detalhadamente para Shomron. Duas horas depois, Yoni reúne-se com os oficiais para as ordens finais, antes de mais uma simulação na réplica do aeroporto, incluindo o pouso dos aviões nas pistas sem iluminação de Entebbe. O ensaio levou 55 minutos, do momento em que o avião aterrissou até a sua decolagem. A preocupação maior entre todos os envolvidos é obter o máximo do "elemento-supresa".
O ponto fundamental do plano era fazer aterrar em Entebbe, no meio da noite, quatro aviões Hércules C-130 de transporte, que descarregariam tropas da unidade Sayeret Matkal e veículos. Para evitar que os aviões fossem detectados, o primeiro Hércules seguiria imediatamente atrás de um avião de carga inglês cujo vôo regular era esperado no aeroporto de Entebbe.
(continua)

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