sexta-feira, julho 26, 2013

Balduíno era perito na luta...
JUBIABÁ

Episódio nº 68


 - Sei lá… pere aí que eu digo… - pensou. Não sei não…

 - De António Balduíno…

 - Chi! Aquilo não é gente… É o sujo em figura de gente… não tem mulher que ele não pranche… Tome cuidado, dos Reis…

 - Não sei porquê.

 - E Osório?

Osório era o soldado. Maria dos Reis ficou triste e em vez de dobrar o canto que dizia Sim entregou o cartão intacto. Para António Balduíno foi como se ela tivesse dobrado o canto que dizia sim.


Agora ia conversar com ela na porta da casa no fim de Brotas nos dias em que o soldado não aparecia. E o soldado só aparecia nas quintas-feiras, sábados e domingos. O resto da semana era de António Balduíno que já sentira com as mãos o calor e a dureza daquele corpo virgem.

Numa terça-feira houve festa do Cabula e Maria dos Reis foi com umas amigas. Encontraram António Balduíno no largo. O negro estava muito elegante de sapatos vermelhos e camisa vermelha. Fumava um charuto barato.

Ficaram conversando. Numa barraca António Balduíno comprou um número para ver a sorte de Maria dos Reis. Foram abrir o papel enroladinho e era o número 41. O dono da barraca, um espanhol gordo, foi ver ao que correspondia. Gritou:

 - 41 – uma caixa de pó de arroz.

Em cima vinha um papelinho com uns versos. Era a sorte:


«Vai haver muito choro,
Muita desgraça, muita briga,
Tudo por causa do namoro
Só por causa de intriga»

António Balduíno riu. Mas Maria dos Reis ficou triste.

 - E se Osório aparecesse, hein?

Nem que fosse de propósito. Osório vinha fardado em direcção ao grupo. Foi logo dizendo:

 - Eu já tava desconfiado… Mas não queria dar crédito de verdade. Nunca pensei que você fizesse isso…

A sua voz tinha aquele tom choroso de canto de igreja. Osório falou enquanto Maria dos Reis escondia o rosto nas mãos. As amigas riam inquietas, dizendo, «seu Osório não faça isso»

 - Dê seu jeito… - Balduíno encolheu os ombros.

O soldado abriu a mão na cara de António Balduíno mas o negro já estava por baixo, as pernas batendo nas do soldado que caiu. Se levantou com o sabre na mão. António Balduíno abriu a navalha:

 - Venha se é homem!

 - Não tenho medo de macho…

Maria dos Reis gritava:

 - Baldo, por amor de Deus…

As amigas diziam:

 - Seu Osório… Seu Osório…

 - Eu não respeito farda – e António Balduíno foi arrancando sabre do soldado que já levava uma navalhada no rosto.

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