Episódio Nº 67
Olhava para o soldado com os olhos
tristes porque sabia que o soldado gostava dela e que por ela mataria um.
Lembrava-se da carta que ele enviara para a sua madrinha, Dª Branca Costa,
pedindo a afilhada em casamento.
Ela a guardava em casa, bem no fundo do
baú. Dizia a carta:
Exma Srª Dª Branca
Saudações Cordiais
Hoje e como nunca sinto-me
transportado para um sincero e confortável paraíso ahonde para mim sorena
intenções íntimas e favorável pellas quais obriga-me adeclarar-me sinceramente
a sua Exlla. Que amo com um amor puro e santo a tua estimada Maria.
Amor que jamais se apagará, e
sim pela evolução dos tempos e confuntamente com a vossa attenciosíssima
bondade fará duplicar eternamente entre nós um amor nos á de conduzir aos
paramos da verdadeira felicidade. E com estas íntimas intenções aproveito esta
mas radiante oportunidade para pedir a V. Esclla. Em casamento á tua gentil e
encantadora Maria.
Que será a minha maior
aventura possuir esta brilhantíssima prenda do vosso confortável coração. Pela
quar esforcei-me para muito breve dar a V. Eclla. E aos demais da vossa nobre
família esta Brilhantíssima sartificação.
Serto de que V. Excll. não
furtar-se-á ao meu pedido aguardo uma resposta favorável. Retero-me aprezentando
a V. Exlla. os meus protestos de ellevada estima e considerações.
Sub. O.S.
Osório, soldado do 19
A madrinha não queria que
ela casasse com um soldado, mas ela fez pé firme e ficou noiva, se bem tivesse
de deixar a casa da madrinha.
O casório já estava marcado
para Agosto, logo depois que ele pegasse as divisas de cabo que o capitão já
lhe havia prometido, quando Maria do Reis conheceu, na macumba de Jubiabá, o
negro António Balduíno que era malandro e fazia sambas. Ele não mandara cartas,
não falara em casamento.
Lhe dera quando passavam
para a sala de jantar na festa de Ribeirinho um cartão assim:
Dobrando este canto
Será o sim Dobrando
este canto será o não
POR
SI MINHA ALMA SOFRE
E feliz seria se a
Srta aceitasse os meus protestos de amor
Devolvendo o cartão
intacto dará uma esperança
Escondeu o cartão no seio.
Fugiu para o quarto da mulher de seu Ribeirinho, onde estavam os chapéus dos
homens e o violão de António Balduíno. Cândida fora com ela e viu o cartão:
- De quem é, mulher?
- Adivinhe…
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