terça-feira, julho 30, 2013

“PROVAS” DA EXISTÊNCIA DE DEUS
(continuação)

Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”



Francis Crick, pioneiro, juntamente com Watson de toda a revolução molecular, renunciou ao lugar que detinha no Churchill Collge, em Cambridge, devido à decisão da escola de construir uma capela (por ordem de um benfeitor).

Na minha entrevista com Watson, em Clare, confrontei-o com o facto de, ao contrário do que acontece com ele e com Crick, algumas pessoas não verem qualquer conflito entre ciência e religião, porque afirmam que a ciência pergunta como as coisas funcionam enquanto a religião perguntam para que servem.

Ao que Watson retorquiu:

 - “Bem eu não acho que sirvamos para o que quer que seja. Somos apenas produtos da evolução”.

Soam a desesperados os esforços dos apologistas no sentido de encontrar cientistas modernos genuinamente notáveis que sejam religiosos, produzindo o som de quem raspa o fundo do barril.

A única página da Internet que consegui encontrar que dizia ter uma lista dos “cristãos cientistas vencedores de prémio Nobel” menciona seis de um total de várias centenas de prémios Nobel da Ciência. Destes seis, quatro nem sequer tinham ganho o prémio; e pelo menos um, de que tenha conhecimento, é um não crente que vai à igreja por motivos meramente sociais.

Um estudo da autoria de Larson e Witham saído na conceituada revista Nature, em 1998, mostrava que, de entre os cientistas americanos considerados pelos seus pares suficientemente eminentes para serem eleitos para a National Academy of Science apenas sete por cento acreditava num deus pessoal.

Este predomínio esmagador de ateus é quase o oposto do perfil da população norte-americana em geral, da qual mais de noventa por cento acredita num ser sobrenatural.

Exactamente como eu esperava, os cientistas americanos mostram ser menos religiosos do que o público americano em geral, e os cientistas mais destacados são os menos religiosos de todos.

O que é extraordinário é o contraste entre a religiosidade do público americano na sua generalidade e o ateísmo da elite intelectual.

Dos muitos e interessantes resultados de estudos feitos, consta a descoberta de que a religiosidade tem, na verdade, uma correlação negativa com o nível de instrução (as pessoas com formação superior são menos susceptíveis de serem religiosos).

A religiosidade tem igualmente uma correlação negativa com o interesse pela ciência e, de maneira muito forte, com inclinações políticas de tipo mais progressista.

Nada disto surpreende, tal como não espanta o facto de haver uma correlação positiva entre a religiosidade de um indivíduo e a dos pais.

Os sociólogos que estudam as crianças britânicas apuraram que apenas uma em cada doze crianças se afasta das crenças dos pais.
(continua)

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