segunda-feira, julho 29, 2013

“Provas” da existência de Deus
(continuação)

Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”


O argumento dos cientistas religiosos conceituados.


“A imensa maioria dos homens intelectualmente eminentes descrê da religião cristã, mas escondem o facto em público por receio de perderem os proventos”
                                                                        Bertrand Russel

 “Newton era religioso. Quem és tu para te achares superior a Newton, Galileu, Kepler, etc, etc, etc,? Se Deus era suficientemente bom para homens destes quem pensas que tu és?”

Ainda que não acrescente muito a um argumento já de si tão esfarrapado, alguns apologistas chegam a acrescentar à lista o nome de Darwin, sobre quem rumores persistentes, mas claramente falsos, de uma conversão no leito de morte vão e vêm continuamente como um mau cheiro que custa a passar.

Com efeito, Newton dizia-se religioso. Tal como quase toda a gente – significativamente, penso eu – até ao Século XIX, altura em que passou a haver menos pressões sociais e jurídicas do que em Séculos anteriores para professar uma religião e mais suporte científico para a abandonar.

Mesmo antes de Darwin nem todos eram crentes e após ele, alguns cientistas distintos, continuaram a acreditar.

Não temos motivo para duvidar da sinceridade de Faradey, enquanto cristão, mesmo depois de ter tido conhecimento da obra de Darwin. Era membro de uma seita, os sandemanianos, hoje praticamente extinta, que tinha uma interpretação literal da Bíblia, seguindo o ritual de lavar os pés dos membros recentemente iniciados.

Também o foi esse outro grande pilar da Física britânica do Século XIX, William Thomson, que tentou demonstrar que a Evolução era uma hipótese a pôr de parte devido à escassez de tempo.

As datações erradas desse grande especialista em termodinâmica partiam do pressuposto que o Sol era uma espécie de fogo que queimava combustível que se iria esgotar em dezenas de milhões de anos em vez de milhares de milhões. Actualmente está calculado que sejam 5. 000 milhões.

No século XX torna-se mais difícil encontrar grandes cientistas que professem a religião embora não sejam propriamente raros.

Desconfio que a maioria dos mais recentes são religiosos apenas no sentido einsteiniano, que afirmou:

 - « Eu não tento imaginar um Deus pessoal; basta mostrar reverência pela estrutura do mundo em que ele permita aos nossos insuficientes sentidos apreciá-lo».

Contudo, há alguns espécimes genuínos de bons cientistas que são realmente religiosos no sentido pleno e tradicional da palavra.

Após discussões amigáveis com todos eles, tanto em público como em privado, a sua crença continua a fazer-me confusão.
Não tanto por acreditarem numa certa espécie de legislador cósmico, mas mais por acreditarem nos pormenores da religião cristã: a ressurreição, o perdão dos pecados e tudo o resto.

(continua)

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