(continuação)
Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”
O argumento dos cientistas religiosos
conceituados.
“A imensa maioria dos homens
intelectualmente eminentes descrê da religião cristã, mas escondem o facto em
público por receio de perderem os proventos”
Bertrand Russel
“Newton era religioso. Quem
és tu para te achares superior a Newton, Galileu, Kepler, etc, etc, etc,? Se
Deus era suficientemente bom para homens destes quem pensas que tu és?”
Ainda que não acrescente
muito a um argumento já de si tão esfarrapado, alguns apologistas chegam a
acrescentar à lista o nome de Darwin, sobre quem rumores persistentes, mas
claramente falsos, de uma conversão no leito de morte vão e vêm continuamente
como um mau cheiro que custa a passar.
Com efeito, Newton dizia-se
religioso. Tal como quase toda a gente – significativamente, penso eu – até ao
Século XIX, altura em que passou a haver menos pressões sociais e jurídicas do
que em Séculos anteriores para professar uma religião e mais suporte científico
para a abandonar.
Mesmo antes de Darwin nem
todos eram crentes e após ele, alguns cientistas distintos, continuaram a
acreditar.
Não temos motivo para duvidar
da sinceridade de Faradey, enquanto cristão, mesmo depois de ter tido
conhecimento da obra de Darwin. Era membro de uma seita, os sandemanianos, hoje
praticamente extinta, que tinha uma interpretação literal da Bíblia, seguindo o
ritual de lavar os pés dos membros recentemente iniciados.
Também o foi esse outro
grande pilar da Física britânica do Século XIX, William Thomson, que tentou
demonstrar que a Evolução era uma hipótese a pôr de parte devido à escassez de
tempo.
As datações erradas desse
grande especialista em termodinâmica partiam do pressuposto que o Sol era uma
espécie de fogo que queimava combustível que se iria esgotar em dezenas de
milhões de anos em vez de milhares de milhões. Actualmente está calculado que
sejam 5. 000 milhões.
No século XX torna-se mais
difícil encontrar grandes cientistas que professem a religião embora não sejam
propriamente raros.
Desconfio que a maioria dos
mais recentes são religiosos apenas no sentido einsteiniano, que afirmou:
- « Eu não tento imaginar um Deus pessoal;
basta mostrar reverência pela estrutura do mundo em que ele permita aos nossos
insuficientes sentidos apreciá-lo».
Contudo, há alguns espécimes
genuínos de bons cientistas que são realmente religiosos no sentido pleno e
tradicional da palavra.
Após discussões amigáveis
com todos eles, tanto em público como em privado, a sua crença continua a
fazer-me confusão.
(continua)
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