Episódio Nº 69
Depois que desarmou o soldado largou a navalha e
esperou Osório na escuridão. Vinha gente, homens e guardas e mais soldados. Osório
se atirou em cima de Balduíno e recebeu
um daqueles socos pesados do negro.
Ficou estatelado no chão. Um gringo que apreciava a
luta puxou António Balduíno:
- Vá embora que
vêm muitos soldados. Bom soco… Depois eu quero encontrar você…
O negro levantou a navalha e abriu para os lados da
casa de Maria dos reis. Estava em tempo, pois de todos os cantos iam chegando
soldados que ao verem o companheiro ferido começaram a distribuir socos. E o
barulho generalizou-se.
Maria dos Reis escondeu António Balduíno no seu próprio
quarto, sem que a mãe, que dormia, visse. E quando pela madrugada o negro saíu,
o corpo de dos Reis ainda era macio e quente, mas não era mais virgem. Tinha
sido melhor que Oxalá, o maior dos santos.
Foi na “Lanterna dos Afogados” que, dias após, o negro
António Balduíno encontrou o gringo que o ajudara a fugir. Ia entrando com o
Gordo quando ouviu aquele psiu! Era o gringo.
- Estou lhe
procurando há muito tempo, desde aquele dia, Andei por todo canto sem o achar. Onde
se meteu?
Puxava cadeiras, oferecia cigarros. Sentaram-se. Balduíno
agradecia:
- Se não fosse
o senhor, naquele dia, eu levava uma surra danada dos soldados.
- Bom soco
aquele… bom soco…
O Gordo que não tinha estado presente perguntou:
- Qual soco?
- O que ele deu
no soldado… Per la Madona ,
que foi um belo soco…
Pediu cerveja.
- Você já lutou
boxe?
- Não. Eu sei é capoeira…
- Pois você se qui ser pode ser um campeão…
- Campeão?
- Per la
Madona , eu juro… aquele soco… Formidável.
Ficou olhando para as mãos enormes do negro. Apalpou
os ombros, os braços de António Balduíno:
- Um campeão…
um campeão…
Falava como quem tinha saudades de outros tempos.
- Basta querer…
António Balduíno queria
- Como?
- Pode até
lutar no Rio, depois e talvez na América do Norte…
Bebeu o copo de cerveja:
- Eu já fui
treinador, há muito tempo…
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