Não sou inglês e muito menos monárqui co. Mas, por nascimento, poderia ter sido
britânico. Por convicção nunca poderia ser monárqui co.
Privilégios de classe por nascimento, do estilo “sangue azul, sempre chocaram
comigo. Claro que me dirão: e então os filhos dos ricos não são privilegiados
de nascença?
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É verdade, mas ricos sempre os houve… e quantos não nascem ricos e acabaram
pobres? A riqueza não é qualidade inerente, qualquer um pode ser rico, é uma
contingência da vida… mas ser nobre… príncipe, aí, fia mais fino… é o
supra-sumo do privilégio: nasce-se, morre-se e transmite-se geração após
geração.
Teve a sua história, era garantia de
poder e riqueza na Europa que com os excessos de casamentos consanguíneos deu naqui lo que deu…
Hoje, “o sangue real”, especialmente o
britânico, faz as delícias das revistas cor-de-rosa, da imprensa e da televisão
porque a plebe sempre viveu fascinada por esta gente desde os tempos em que se
passeavam de coche ostentando os seus dourados perante os olhares arregalados
da população maltrapilha.
Mas eu que sou português, republicano e
não tenho nada a ver com eles, pensava eu… já não posso mais com aquela mamã,
aquele bebé e tudo quanto à volta dele se passa e que me é vendido a toda a
hora.
Há dias que ligo a televisão, abro os
jornais e deparo com um jovem casal inglês que esperava um filho que já nasceu
e provocou um tal reboliço que até o nome da criança foi objecto de ensaio das
mulheres, aqui do nosso bairro da
Picheleira, para ver se soava bem...
Entretanto, temos uma ministra, portuguesa, que vai
ser novamente mãe e só o sabemos porque o seu estado é indisfarçável quando
aparece em actos públicos.
Aquele povo conqui stou
um império, pôs o mundo a falar a sua língua, inventou e divulgou tudo, ou
quase tudo, quanto é desporto e agora vende-nos as suas tradições com princesas
e príncipes, no nascimento e na morte, como se fôssemos todos ingleses.
Não posso deixar de admirar aquela
gente!
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