quinta-feira, julho 25, 2013

Mais “Provas” para a 

existência de Deus
(continuação)

Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”


 Eu sei que são idiotas, hilariantes mas na Internet “estão mais de 300 provas da existência de Deus”. Deste lote escolhemos algumas:

36 – Argumento da devastação incompleta: Um avião caiu, do que resultou a morte de 143 passageiros e da tripulação. Mas uma criança sobreviveu só com queimaduras de terceiro grau.

Logo, Deus existe.

37 – Argumento dos mundos possíveis: Se tudo se tivesse passado de modo diferente, tudo seria diferente. Isso seria mau.

Logo, Deus existe.

38 – Argumento da pura vontade: Eu acredito mesmo em Deus! Eu acredito mesmo em Deus! Acredito mesmo, mesmo, mesmo. Eu acredito mesmo em Deus!

Logo, Deus existe.

39 – Argumento da não-crença: A maioria da população mundial não acredita no Cristianismo. Era isto que Satanás queria.

Logo, Deus existe.

40 – Argumento da experiência pós-morte: A pessoa X morreu ateia. Agora sabe que estava errada.

 Logo, Deus existe.

41 – Argumento da chantagem emocional: Deus ama-te. Como podes ser tão cruel ao ponto de não acreditares nele?

Logo, Deus existe.


O Argumento da Beleza

Como justificar:

a) O Quarteto de Cordas Nº 15, em lá menor, de Beethoven? ...

b)  E Shakespeare? …

c)  E Miguel Ângelo? …
....
....

É claro que os quartetos da última fase de Beethoven são sublimes, tal como são sublimes os sonetos de Shakespeare mas sê-lo-iam sempre com Deus ou sem Deus.

Consta que um grande maestro terá dito:

 «Se temos Mozart para ouvir para que precisamos de Deus?»

Fui uma vez convidado da semana de um programa de rádio britânico chamado Desert Island Dises e foi-me dito para escolher oito discos que levaríamos connosco se fossemos parar a uma ilha deserta.

Entre as minhas escolhas contava-se Mache dich mein Herzerein, da Paixão segundo São Mateus, de Bach. O entrevistador disse não compreender como era possível eu escolher música religiosa não sendo religioso.

É o mesmo que perguntar como se pode gostar do Monte dos Vendavais quando se sabe perfeitamente que Cathy e Heathcliff nunca existiram de facto.

Quando se atribui à religião a Capela Sistina ou a Anunciação de Rafael deve argumentar-se que até os grandes artistas têm de ganhar a vida, aceitando encomendas onde as houver.

Não tenho razões para duvidar de que Rafael e Miguel Ângelo eram cristãos – era quase a única opção, na época – mas tal facto é pouco mais que acessório. A imensa riqueza acumulada pela Igreja fazia dela o principal patrono das artes.

Se a História tivesse seguido um rumo diferente e a Miguel Ângelo tivesse sido pedido que pintasse o tecto de um gigantesco Museu da Ciência, será que não tinha criado algo no mínimo tão inspirador como a Capela Sistina?

Que pena nunca chegarmos a poder ouvir a Sinfonia Mesozóica, de Beethoven ou a ópera o Universo em Expansão, de Mozart ou a Oratória da Evolução de Hayden – mas isso não nos impede de apreciar a sua Criação.

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