Balduíno era perito na luta... |
JUBIABÁ
Episódio nº 68
- Sei lá… pere aí que eu digo… - pensou. Não
sei não…
- De António Balduíno…
- Chi! Aqui lo
não é gente… É o sujo em figura de gente… não tem mulher que ele não pranche…
Tome cuidado, dos Reis…
- Não sei porquê.
- E Osório?
Osório era o soldado.
Maria dos Reis ficou triste e em vez de dobrar o canto que dizia Sim entregou o
cartão intacto. Para António Balduíno foi como se ela tivesse dobrado o canto
que dizia sim.
Agora ia conversar com ela
na porta da casa no fim de Brotas nos dias em que o soldado não aparecia. E o
soldado só aparecia nas qui ntas-feiras,
sábados e domingos. O resto da semana era de António Balduíno que já sentira
com as mãos o calor e a dureza daquele corpo virgem.
Numa terça-feira houve
festa do Cabula e Maria dos Reis foi com umas amigas. Encontraram António
Balduíno no largo. O negro estava muito elegante de sapatos vermelhos e camisa
vermelha. Fumava um charuto barato.
Ficaram conversando. Numa
barraca António Balduíno comprou um número para ver a sorte de Maria dos Reis.
Foram abrir o papel enroladinho e era o número 41. O dono da barraca, um
espanhol gordo, foi ver ao que correspondia. Gritou:
- 41 – uma caixa de pó de arroz.
Em cima vinha um papelinho
com uns versos. Era a sorte:
«Vai haver muito choro,
Muita desgraça, muita briga,
Tudo por causa do namoro
Só por causa de intriga»
António Balduíno riu. Mas
Maria dos Reis ficou triste.
- E se Osório aparecesse, hein?
Nem que fosse de
propósito. Osório vinha fardado em direcção ao grupo. Foi logo dizendo:
- Eu já tava desconfiado… Mas não queria dar
crédito de verdade. Nunca pensei que você fizesse isso…
A sua voz tinha aquele tom
choroso de canto de igreja. Osório falou enquanto Maria dos Reis escondia o
rosto nas mãos. As amigas riam inqui etas,
dizendo, «seu Osório não faça isso»
- Dê seu jeito… - Balduíno encolheu os ombros.
O soldado abriu a mão na
cara de António Balduíno mas o negro já estava por baixo, as pernas batendo nas
do soldado que caiu. Se levantou com o sabre na mão. António Balduíno abriu a
navalha:
- Venha se é homem!
- Não tenho medo de macho…
Maria dos Reis gritava:
- Baldo, por amor de Deus…
As amigas diziam:
- Seu Osório… Seu Osório…
- Eu não respeito farda – e António Balduíno
foi arrancando sabre do soldado que já levava uma navalhada no rosto.
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